segunda-feira, 25 de maio de 2015

PETROBRAS - A verdade sobre o que acontece na maior Empresa brasileira.



Dalton Francisco dos Santos,
Petroleiro e Militante do PSTU.

Barreiras (BA),

A política estratégica dos governos neoliberais é a de aumentar o lucro dos banqueiros e beneficiar as grandes empresas da iniciativa privada. E a Petrobras foi escolhida para ser o boi-de-piranhas. A primeira etapa da estratégia é endividar a Petrobras, quebrando-a por completo. A segunda é depená-la.

Descoberto o pré sal em 2007, o governo federal exige o cumprimento de metas da Petrobras para garantir a auto-suficiência do país. Para isso, o programa de investimento da Petrobras passa a somar US$ 236,7 bilhões. O que representa uma média de US$ 47,3 bilhões por ano. Isso significa obrigar a Petrobras a pegar o total de 236,7 bilhões de dólares emprestados dos bancos internacionais.

Da mesma maneira que os juros fazem crescer a dívida pública do Brasil, acontece com a dívida da Petrobras.  Os juros pagos pela Petrobras é de 5 bilhões de dólares por ano. Em 2008, a dívida da Petrobras não chegava a 50 bilhões de reais. Hoje, a dívida da Petrobras é de 280 bilhões de reais. Até o final do ano será de 344 bilhões de reais, segundo o banco Credit Suisse. Só de juros, a Petrobras tem que pagar 63 bilhões de reais aos banqueiros, até 2016. E o processo de endividamento da Petrobras mal começou. Logo, o rendimento da venda dos ativos da Petrobras é insuficiente para pagar os bilhões de dólares tomados emprestados dos banqueiros internacionais.

As empreiteiras, comandadas por grandes empresários da iniciativa privada, também foram instrumentos importantes, usados na estratégia de quebra da Petrobras. Pois, a terceirização, controlada pelas empreiteiras, abre caminhos aplainados pela corrupção, suborno e propina nos intramuros da Petrobras. Contravenção que nem mesmo a mais eficiente e honrada fiscalização é capaz de eliminá-la. Negócio lucrativo para os exploradores de mão-de-obra e saqueadores de riquezas, envolvidos e comprometidos com a trama dos empresários da iniciativa privada.

A previsão do aumento da capacidade de refino da Petrobras teria sido de 1 milhão e 365 mil barris de petróleo por dia. Abreu e Lima (230 mil bpd), Comperj – Comperj I (165 mil bpd) e Comperj II (300 mil bpd) e Premium – Premium I (300 mil bpd) e Premium II (600 mil bpd).

Para as obras de construção de refinarias da Petrobras no Brasil foram disponibilizados US$ 64,8 bilhões, subtraídos dos US$ 236,7 bilhões. Quantia que daria para construir, no mínimo, sete refinarias do padrão Abreu e Lima. Superfaturaram as obras de Abreu e Lima, garantindo elevada lucratividade ilícita para as empreiteiras. O custo real de construção de uma refinaria com capacidade de refino de 230 mil bpd, mundialmente constatado, é US$ 8 bilhões. O superfaturamento de Abreu e Lima foi de 131,25%. Superfaturaram também em 394% as obras de construção do Comperj I cujo custo real deveria ser de US$ 4,4 bilhões.

O reflexo desse assalto, realizado pela iniciativa privada, foi o imediato cancelamento da construção das refinarias Premium I, no Maranhão, e Premium II, no Ceará. Então, não é à-toa que o Brasil vai continuar dependente das importações de derivados de petróleo, enquanto cresce seu consumo interno. O resultado é a destruição do potencial para eficiência energética no futuro do Brasil.

Petrobras quebrada, a segunda etapa da estratégia dos banqueiros e empresários da iniciativa privada é a de depenar a Petrobras. Sobra para a Petrobras aquilo que não dá lucro, e não interessa aos empresários da iniciativa privada, a exploração de petróleo. Fica para a Petrobras a responsabilidade da perfuração de poços exploratórios cujo custo individual é de mais de US$ 130 milhões. Isso é o significado de “fazer menos e melhor”. É assim que os banqueiros e empresários da iniciativa privada irão se apropriar da maior das riquezas pública, produzida pelos trabalhadores.

PT e CUT foram crias das mobilizações e lutas dos trabalhadores contra a ditadura militar. Hoje, outra conjuntura da realidade impede PT e CUT de poderem intervir com eficácia na luta dos trabalhadores.

A política estratégica de governos neoliberais é aumentar o lucro dos banqueiros e beneficiar as grandes empresas da iniciativa privada. Os três governos petistas não contrariaram essa lógica capitalista cujo único objetivo é a exploração dos trabalhadores, o saque e o lucro.

Infelizmente, a imensa maioria dos sindicatos dos petroleiros continua sob o controle político da CUT e do PT. Adaptados ao capitalismo, PT e CUT viraram as costas para os trabalhadores. Consequentemente, centenas de milhares de trabalhadores terceirizados sofrem duras penas nos intramuros da Petrobras. O cotidiano destes trabalhadores é a submissão ao assédio moral, precarização social e trabalhista e calotes.

Essa reviravolta ideológica do PT e da CUT só tem a ver com o projeto de privatização da Petrobras. Não são poucos os indícios apontando que o PT há muito tempo está comprometido com tal projeto.

Quebrado o monopólio estatal do petróleo pelo governo tucano (FHC), o processo de terceirização na Petrobras passa a ser gradativo e constante. De lá pra cá já foram dois governos tucanos e três governos petistas.

A estratégia de intensificação da contratação terceirizada, usada pela política de RH da Petrobras, foi estabelecida pelo governo petista. Durante os três governos petistas, a CUT teve pleno acordo com a política deste governo de aliança com o grande capital. A CUT cumpriu com eficiência seu papel desmobilizador das lutas dos trabalhadores. O que significa apoio amplo e irrestrito aos ataques do governo petista sobre os trabalhadores, de modo geral.

Foi a partir do inicio do governo petista que o número de terceirizados triplica em relação aos trabalhadores efetivos da Petrobras. É quando cresce o favorecimento do governo petista às empreiteiras envolvidas hoje na operação lava jato da Petrobras. A relação já é de mais de cinco indiretos para cada trabalhador direto da Petrobras.

Mantida numa progressão rápida e direta a terceirização, os neoliberais acham que a privatização da Petrobras já é uma tendência absolutamente real.

As precisões da Petrobras são atendidas precariamente com um total de 86.108 trabalhadores diretos. A Petrobras tem completado sua carência de mão-de-obra com trabalhadores terceirizados que têm suas carteiras de trabalho assinadas pelas empreiteiras. Somente substituindo 8.298 diretos por trabalhadores terceirizados, o previsto é uma redução de custo de R$ 13 bilhões até 2018 na Petrobras. Não somente do que tira dos trabalhadores, mas igualmente a corrupção, suborno e propina são essenciais à sobrevivência da terceirização.

É nesta pocilga onde refocilam os porcos neoliberais que os trabalhadores terceirizados são tratados como se peças descartáveis fossem. Um verdadeiro governo dos trabalhadores adotaria um caminho totalmente diferente. Em primeiro lugar, retomaria o monopólio estatal da exploração do petróleo e do Pré-sal; acabaria com o processo de privatização Da Petrobras, especialmente via os leilões das reservas, garantindo uma empresa 100% estatal e sob o controle dos trabalhadores, acabando com a terceirização e impedindo a verdadeira farra das empreiteiras.

Só com medidas como estas, poderemos voltar a dizer em alto e bom som: O Petróleo é nosso!

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