segunda-feira, 11 de maio de 2015

A possível greve dos rodoviários e o "novo" sistema de transporte de Salvador.

Wellington Gardin,
de Salvador.

Aproxima-se mais uma greve dos rodoviários em Salvador. A categoria aprovou, na última quinta-feira, o estado de greve como resposta à intransigência dos patrões. Além de não atender qualquer reivindicação da categoria, o SETPS ainda ameaçou retirar direitos. Os empresários enrolam até mesmo para aceitar a proposta de mediação formulada pelo Ministério Público do Trabalho, que reduz a pauta da categoria de 26 para 04 itens. O SETPS dará sua posição na próxima quarta-feira. Para os rodoviários, o mínimo que os patrões podem fazer é aceitar a proposta do MPT e reabrir as negociações dos demais pontos de pauta. Caso contrário, é greve!

Rodoviários: precarização e adoecimento
Diante da possibilidade da paralisação dos ônibus, a grande imprensa já se prepara para fazer a cobertura de sempre. Tentam jogar a população contra os grevistas e ignoram as justas reivindicações dos rodoviários. Esse tipo de jornalismo, marcado pelos interesses dos grandes empresários, como os do transporte, tem como objetivo imediato enfraquecer a greve e defender os patrões e a Prefeitura. Por outro lado, escondem da população a situação precária vivida por esses trabalhadores.
Segundo o INSS, de todos os trabalhadores que se afastam por doença ocupacional, 20% são rodoviários. Danos na coluna, problemas gastrointestinais, hipertensão e, principalmente, a depressão, estão estre as doenças que mais atingem a categoria. É preciso dar um basta a essa precarização do trabalho.

Esse alto índice de adoecimento não ocorre por acaso. Os rodoviários estão submetidos a uma jornada de trabalho extensa e estressante, marcada pelo trânsito caótico de Salvador. O “legado da Copa” não tem nada a ver com a promessa feita pelos governantes. O que ficou para o transporte público da cidade são os ônibus lotados, uma das tarifas mais caras do país (maior do nordeste) e os engarrafamentos que atingem a população e os rodoviários. O medo da violência é outro problema sentido pela categoria. Somente nos quatro primeiros meses deste ano, 600 assaltos ocorreram nos ônibus coletivos de Salvador e Região Metropolitana.

Tudo isso ocorre em uma conjuntura de crise econômica, onde o salário já arrochado dos rodoviários é fortemente atingido pela inflação, pelo aumento das tarifas de água e luz, e pela ameaça de desemprego. Outra ameaça preocupa a categoria, a terceirização através do PL 4330. O ajuste fiscal do Governo que está em curso, somado a todos esses fatores, contribuirá para uma piora ainda maior dos níveis de adoecimento dos rodoviários.

A farsa do “novo” sistema de transporte de Salvador

O alardeado novo sistema de transporte de Salvador está longe de resolver os problemas de mobilidade urbana da cidade. A população já denuncia que ônibus velhos estão sendo “maquiados” e apresentados como novos pela Prefeitura. Há muita reclamação de extinção de linhas, de continuidade dos atrasos e da superlotação nos ônibus. Com a implantação das catracas na frente, os idosos se amontoam na entrada dos ônibus, inclusive em pé. Isso quando fiscais não ficam nos pontos controlando e limitando o acesso ao direito da gratuidade. A obrigatoriedade da emissão do Salvador Card pelos idosos é mais uma demonstração de insensibilidade dos empresários. Os rodoviários também estão sofrendo com mudanças arbitrárias nas escalas de trabalho e no transporte “apanha e leva” (entre a casa e o trabalho, e vice-versa).

Todos esses transtornos acontecem porque a Prefeitura continua atendendo aos interesses da máfia dos transportes. Na rodada de licitação ocorrida em outubro do ano passado, ACM Neto entregou as linhas de ônibus às mesmas empresas que já controlavam o transporte público na cidade. A legalização do cartel das empresas de ônibus valerá para os próximos 25 anos. No contrato, há inclusive uma cláusula que garante o reajuste anual da tarifa.

Como se não bastasse, a Estação da Lapa foi abandonada e depois privatizada junto com as demais estações de transbordo da capital. O único consórcio que participou da licitação inclui a construtora Axxo, de propriedade do marido de Paula Magalhães, prima do prefeito ACM Neto.

Todo apoio à luta dos rodoviários e por um sistema de transporte público de verdade!
Os rodoviários lutam por: reajuste no salário e no vale alimentação; redução da jornada para 6 horas; cota de 30% para a contratação de mulheres em cada empresa; passe livre para todos os rodoviários, inclusive os aposentados; plano de saúde e odontológico custeados pelas empresas; readmissão dos trabalhadores demitidos por participar de manifestações; adicional de insalubridade e periculosidade; contratação de cobradores para os micro-ônibus e outras reivindicações.
Toda a solidariedade é importante nesse momento de pressão sobre os patrões e, principalmente, durante a greve da categoria. Entendemos, por outro lado, que essa luta dos rodoviários precisa fazer parte de uma luta maior que derrote a política privatista de ACM Neto e que avance para a municipalização do transporte público em Salvador.

Chega de enrolação. Pelo atendimento das reivindicações já!
Construir a greve pela base!
Não ao PL 4330!
Não às MP’s 664 e 665! Contra o ajuste fiscal do Governo Dilma!
Passe livre para estudantes e desempregados!
Fora a máfia do SETPS! Suspensão da licitação que legalizou o cartel das empresas!
Municipalização do Transporte público de Salvador Já!



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