Wellington Gardin,
de Salvador.
Aproxima-se mais uma
greve dos rodoviários em Salvador. A categoria aprovou, na última quinta-feira,
o estado de greve como resposta à intransigência dos patrões. Além de não
atender qualquer reivindicação da categoria, o SETPS ainda ameaçou retirar
direitos. Os empresários enrolam até mesmo para aceitar a proposta de mediação
formulada pelo Ministério Público do Trabalho, que reduz a pauta da categoria de
26 para 04 itens. O SETPS dará sua posição na próxima quarta-feira. Para os
rodoviários, o mínimo que os patrões podem fazer é aceitar a proposta do MPT e reabrir
as negociações dos demais pontos de pauta. Caso contrário, é greve!
Rodoviários:
precarização e adoecimento
Diante da possibilidade
da paralisação dos ônibus, a grande imprensa já se prepara para fazer a cobertura
de sempre. Tentam jogar a população contra os grevistas e ignoram as justas
reivindicações dos rodoviários. Esse tipo de jornalismo, marcado pelos
interesses dos grandes empresários, como os do transporte, tem como objetivo
imediato enfraquecer a greve e defender os patrões e a Prefeitura. Por outro
lado, escondem da população a situação precária vivida por esses trabalhadores.
Segundo o INSS, de
todos os trabalhadores que se afastam por doença ocupacional, 20% são
rodoviários. Danos na coluna, problemas gastrointestinais, hipertensão e,
principalmente, a depressão, estão estre as doenças que mais atingem a
categoria. É preciso dar um basta a essa precarização do trabalho.
Esse alto índice de
adoecimento não ocorre por acaso. Os rodoviários estão submetidos a uma jornada
de trabalho extensa e estressante, marcada pelo trânsito caótico de Salvador. O
“legado da Copa” não tem nada a ver com a promessa feita pelos governantes. O
que ficou para o transporte público da cidade são os ônibus lotados, uma das
tarifas mais caras do país (maior do nordeste) e os engarrafamentos que atingem
a população e os rodoviários. O medo da violência é outro problema sentido pela
categoria. Somente nos quatro primeiros meses deste ano, 600 assaltos ocorreram
nos ônibus coletivos de Salvador e Região Metropolitana.
Tudo isso ocorre em uma
conjuntura de crise econômica, onde o salário já arrochado dos rodoviários é
fortemente atingido pela inflação, pelo aumento das tarifas de água e luz, e
pela ameaça de desemprego. Outra ameaça preocupa a categoria, a terceirização
através do PL 4330. O ajuste fiscal do Governo que está em curso, somado a
todos esses fatores, contribuirá para uma piora ainda maior dos níveis de
adoecimento dos rodoviários.
A farsa do “novo” sistema
de transporte de Salvador
O alardeado novo
sistema de transporte de Salvador está longe de resolver os problemas de
mobilidade urbana da cidade. A população já denuncia que ônibus velhos estão
sendo “maquiados” e apresentados como novos pela Prefeitura. Há muita
reclamação de extinção de linhas, de continuidade dos atrasos e da superlotação
nos ônibus. Com a implantação das catracas na frente, os idosos se amontoam na
entrada dos ônibus, inclusive em pé. Isso quando fiscais não ficam nos pontos
controlando e limitando o acesso ao direito da gratuidade. A obrigatoriedade da
emissão do Salvador Card pelos idosos é mais uma demonstração de
insensibilidade dos empresários. Os rodoviários também estão sofrendo com
mudanças arbitrárias nas escalas de trabalho e no transporte “apanha e leva”
(entre a casa e o trabalho, e vice-versa).
Todos esses transtornos
acontecem porque a Prefeitura continua atendendo aos interesses da máfia dos
transportes. Na rodada de licitação ocorrida em outubro do ano passado, ACM
Neto entregou as linhas de ônibus às mesmas empresas que já controlavam o
transporte público na cidade. A legalização do cartel das empresas de ônibus
valerá para os próximos 25 anos. No contrato, há inclusive uma cláusula que
garante o reajuste anual da tarifa.
Como se não bastasse, a
Estação da Lapa foi abandonada e depois privatizada junto com as demais
estações de transbordo da capital. O único consórcio que participou da
licitação inclui a construtora Axxo, de propriedade do marido de Paula
Magalhães, prima do prefeito ACM Neto.
Todo apoio à luta dos
rodoviários e por um sistema de transporte público de verdade!
Os rodoviários lutam
por: reajuste no salário e no vale alimentação; redução da jornada para 6
horas; cota de 30% para a contratação de mulheres em cada empresa; passe livre
para todos os rodoviários, inclusive os aposentados; plano de saúde e
odontológico custeados pelas empresas; readmissão dos trabalhadores demitidos
por participar de manifestações; adicional de insalubridade e periculosidade; contratação
de cobradores para os micro-ônibus e outras reivindicações.
Toda a solidariedade é
importante nesse momento de pressão sobre os patrões e, principalmente, durante
a greve da categoria. Entendemos, por outro lado, que essa luta dos rodoviários
precisa fazer parte de uma luta maior que derrote a política privatista de ACM
Neto e que avance para a municipalização do transporte público em Salvador.
Chega de enrolação. Pelo
atendimento das reivindicações já!
Construir a greve pela base!
Não ao PL 4330!
Não às MP’s 664 e 665! Contra o
ajuste fiscal do Governo Dilma!
Passe livre para estudantes e
desempregados!
Fora a máfia do SETPS! Suspensão
da licitação que legalizou o cartel das empresas!
Municipalização do Transporte
público de Salvador Já!
0 comentários:
Postar um comentário