Arnaldo Freitas,
Operário de Camaçari (BA).
Na fábrica, uns falam “vamos parar
geral”, outros dizem: “não vamos trabalhar”. Mas, a bem da verdade é que
ficamos esperando que um grupo ou categoria inicie para podermos nos posicionar
atrás desse grupo como “escudo” a nos proteger quando os patrões quiserem
demitir.
Perdemos o sentido de
coletividade, perdemos a noção do “poder” que temos. Enquanto isso o patronato
se aproveita. Principalmente nesses momentos de crise, causada pela classe
dominante. Ainda que tivéssemos noção do poder da massa, não temos coragem de
fazer.
Isso me dá vergonha. Gostaria de
parabenizar o Povo Palestino, pois ele sim tem coragem de enfrentar os
“poderosos” de todas as nações e não tem medo de morrer.
No dicionário não encontramos
nenhum significado para as palavras greve geral, apenas para greve. Agora para
fura-greve, como é o caso da maioria, tem.
O fato concreto é que a maioria
dos sindicatos perderam seu nome e valor. Hoje, posso dizer sem medo de errar,
que é difícil ver um sindicato mostrar força e união com os trabalhadores que
diz representar, como vimos, por exemplo, na recente greve dos caminhoneiros.
Eles pararam o país.
Agora vem a pergunta: por quê?
Precisamos de sindicatos onde os trabalhadores se sintam o próprio sindicato.
Não pode ser que apenas um ou um pequeno grupo decidam por todos. Todos tem que
participar, todos tem que opinar, todos tem que decidir e todos tem coragem de
fazer.
Porém, em outros sindicatos a
coisa é vergonhosa. Por exemplo, o Sindicato dos Metalúrgicos em Camaçari.
Podem até começar bem, porém acabam se corrompendo. Fato que nas últimas greves
anunciadas, todos já sabiam que ia ocorrer. Como: foram vistos com o patronato
em mesas de “rincões gaúcho”, sob churrascos e rodadas de cerveja, para decidir
o que o patrão quer. Todos já sabem. Depois, vêm com a velha conversa
“gravada”: “... o sindicato foi firme, não aceitou o que o patronato ofereceu e
fechamos em...”. Sem comentários.
Infelizmente, nascemos em um país
de dominados, não de dominantes. Às vezes eu gostaria de ter nascido em outro
país. Se pudéssemos escolher, gostaria de ter nascido em um país da Europa, que
nos deram lições de Revolução. Por que não dizer também da Rússia, que teve sua
revolução feita pela classe operária.
Enquanto isso, vamos tentando nos
encontrar no meio de canções, para quem sabe um dia nos despertar o sentimento
de revolução, que parece estar sob “prisão perpétua” dentro de nós.
”Ideologia, eu quero uma pra
viver”.
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