Elisa Gonçalves, Camaçari/Ba.
Em meio a uma
crise econômica, estamos vivenciando vários ataques à classe trabalhadora.
Estamos sofrendo com as políticas de reajuste fiscal e com grandes
possibilidades de sermos atacados com a aprovação das Medidas Provisórias
(MP’s) 664 e 665 do governo e do Projeto de Lei (PL) 4330 que amplia a terceirização.
Aumentos nas
taxas das contas básicas, tais como água e luz, ultrapassam as condições de
mantermos nossos salários até o fim do mês. Esses aumentos também atingem
nossas alimentações diárias. Fazer feira para todo mês vem sendo mais difícil.
Feira em supermercado, mais difícil ainda, pois os preços são mais altos. Nossa
alternativa é irmos às feiras populares.
A cidade de
Camaçari é contemplada por uma grande feira popular, conhecida como Centro
Comercial de Camaçari. Este centro está sendo o novo alvo dos ataques da
privatização. A Prefeitura Municipal de Ademar (PT) pretende privatizar a feira,
cobrando preços altos aos feirantes que pretendem ficar em seus locais de
trabalho. A proposta vem no sentido de modernizar a feira e quem vai pagar por
sua “modernização” é quem trabalha no local há anos. É inegável que a feira
precisa melhorar sua estrutura, mas a melhoria não deve ser feita com um
formato de exclusão.
Aos
trabalhadores que pertencem os estabelecimentos vão ser cobradas 2 taxas: uma
de aluguel e outra de manutenção do espaço coletivo. As taxas serão calculadas
por m² do estabelecimento. Aos feirantes que não estiverem dispostos a
colaborar mensalmente com a modernização, vai ser disponibilizado um espaço
próximo ao distrito de Parafuso para que eles possam continuar seus trabalhos
como feirantes. Ou seja, para ter um local central e uma boa localização de
suas “barracas” os feirantes vão pagar um preço muito alto.
Essas mudanças
além de atingirem a relação dos feirantes com seu trabalho, atingem a relação
com seu modo de vida e com sua cultura. A existência de feiras livres é
essencial para a manutenção da cultura dos feirantes e da população local, na
qual há uma relação não apenas de compra e venda, mas sim uma relação da origem
dos produtos vendidos e de suas utilidades no que diz respeito aos
conhecimentos tradicionais dos feirantes que, geralmente, é passado de geração
em geração.
Nesse sentido,
nós como moradores e moradoras, trabalhadores e trabalhadores de Camaçari não
podemos permitir que essa privatização nomeada de modernização aconteça. Nesse
projeto quem perde somos nós e quem ganha é a prefeitura que, mesmo tendo um
nível de arrecadação muito alto, quer que nós trabalhadores paguemos pela falta
de verbas que a prefeitura alega estar passando. Obras de infraestrutura na
cidade precisam ser feitas. A obra da feira é uma delas. Que a prefeitura pague
pela modernização! Já pagamos com o nosso suor!
Todo apoio aos
feirantes de Camaçari!
Abaixo a privatização do Centro Comercial!
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