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sexta-feira, 21 de março de 2014

Da Tahir a Maídan.


Jean Montezuma.


Tahir e Maídan, o que teria haver uma com a outra? Geograficamente tão distantes, palco por onde passam pessoas culturalmente tão distintas. Uma na África ás margens do Nilo e a outra na Europa do leste atravessada pelo rio Dnieper. Não teriam nada de comum essas praças senão o fato de serem, as duas, antes tão somente praças. Porém quis o destino fazer de ambas símbolos desses nossos dias.

Entre a Tahir dos egípcios
e a Maídan dos ucranianos algo de especial vem acontecendo ás praças e avenidas do mundo. Na Síria a revolução virou guerra civil. Uma guerra do povo contra o governo, uma guerra da liberdade contra uma sanguinária opressão. Os sírios tomaram as ruas, as praças, avenidas, cidades inteiras e quiça em breve tomarão o país quando acertarem suas contas com Assad.

Em vários cantos do mundo praças e avenidas ganharam grandes doses de um conteúdo subversivo. Na Espanha foi a indignada praça Puerta del Sol, em Portugal, Inglaterra, e Itália praças e avenidas também pulsaram contra os seus governos. Até nos Estados Unidos barricadas foram montadas em Oakland/California e na costa leste jovens e trabalhadores ocuparam Wall Street. Diziam eles: "Obama! Nós somos os outros 99%!".

Até o nosso querido Brasil, quem diria, entrou para o circuito. Os dias de junho de 2013 já entraram para nossa história porém, mais do que mera lembrança as jornadas de junho nos servem de lição. É possível lutar, sim, e também é possível vencer! Cada nova mobilização, cada greve heróica como a dos garis cariocas reforçam a certeza de que hoje, mesmo em março, ainda vivemos sob os dias de junho.



Após essa volta ao mundo retornamos uma vez mais a Ucrânia. O que começou na Maídan se espalhou pelo país, chegou até a Criméia e superou as fronteiras. A revolução ucraniana resiste. Resistiu e derrubou o presidente Yanukovich. Desconfia e não entregou suas armas ao governo fantoche provisório. Também alimenta um ódio pelo chauvinismo grão-russo de Putim e desconfia da hipocrisia democrática de Obama e da União Européia.

Entre a Tahir e a Maídan tanta coisa aconteceu, tanta coisa ainda vai acontecer. Entre a Tahir e a Maídan tantas semelhanças, tantas lições a nos ensinar. Em várias praças, avenidas, cantos e recantos desse mundo o povo luta, exige mudanças, identifica seus inimigos, enfrentam-nos e quando podem cortam suas cabeças.

Da Tahir a Maídan reescrevemos cotidianamente nossa história. Os autores dessas páginas são milhões de ilustres desconhecidos, os "subalternos" do mundo capitalista. Os gabinetes onde essa história é escrita não estão nos corredores das Universidades mas sim nas ruas, nas praças, avenidas, nas barricadas onde mundo afora nosso futuro está sendo decidido.