ACM Neto: o que as pesquisas não dizem, a realidade nos conta

No “reino” do prefeito “Netinho” Salvador é vendida como a cidade do turismo, como diz o ditado popular, pra “inglês vêr”

Governador Rui Costa (PT): caviar para a classe média e os turistas, lata de sardinha para os trabalhadores

O governador do PT declara que é preciso criar linhas especiais para atender um setor da classe média que não se sente atraída pelo transporte coletivo de Salvador.

sexta-feira, 31 de julho de 2015

FORD tem lucro recorde e quer arrochar ainda mais seus trabalhadores no Brasil

Por Carlos Nascimento, da CSP Conlutas Bahia

No dia 28 de julho, a grande imprensa noticiou que a Ford obteve, no segundo trimestre de 2015, um lucro mundial recorde.  Um dos maiores de sua história, representando um crescimento de 10%, comparado ao ano anterior. Até o meio desse ano, o lucro líquido mundial da empresa já chegou em 4,3 bilhões de dólares. E os seus executivos reafirmaram que a expectativa de lucro desse ano ficará entre 8,5 e 9,5 bilhões de dólares.

Em completa contradição com esses lucros altíssimos, a Ford vem praticando uma política de demissões, arrocho salarial e rebaixamento de direitos nas plantas no Brasil. Em Camaçari (BA), além de uma política de demissões seletivas, para contratar trabalhadores ganhando salários menores, propuseram um reajuste salarial absurdo, abaixo da inflação, de 8%, e o que e pior, divididos em duas vezes - 4% agora e o restante só em janeiro de 2016. Na planta da Bahia, a direção da Ford não pode se quer alegar uma produção baixa, pois a fabricação do Eco Sport e do KA segue forte.

O Sindicato da categoria, filiado à CTB, rejeitou a proposta e vem realizando mobilizações parciais na fábrica. A empresa vem descontando os salários dos trabalhadores que participam das paralisações parciais. Mais um ataque.

Na opinião da CSP Conlutas e do movimento CHÃO DE FÁBRICA, já passou da hora do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari organizar uma greve geral no complexo Ford, parando produção nos três turnos, e chamando as centrais sindicais e os movimentos sociais da região apoiarem a luta dos operários. Só assim os patrões irão ouvir e respeitar a vontade dos trabalhadores.

- Todo apoio às justas reivindicações dos operários da Ford;

- Greve já!

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Chacina do Cabula: absolvição dos executores é uma segunda sentença de morte


Na última sexta-feira, dia 24 de julho, a juíza Marinalva Almeida Moutinho decidiu sumariamente pela absolvição relâmpago dos policiais envolvidos na chacina da Vila Moisés, a ação policial que resultou na morte de 12 jovens no dia 06 de fevereiro de 2015. A decisão da juíza chama atenção pela rapidez, incomum para os padrões da justiça brasileira, ainda mais pelo fato da magistrada passar por cima de uma série de procedimentos legais como por exemplo, audiência de instrução com testemunhas que poderiam corroborar com o pedido de prisão dos policiais feito pelo Ministério público.
   O Ministério público baiano, baseado em laudos técnicos, caracterizou a ação dos 9 policiais da RONDESP como uma execução sumária e denunciou os PM's por homicídio triplamente qualificado. Este caso bárbaro ganhou enorme repercussão nacional e internacional chamando atenção para algo que nós do PSTU e os movimentos sociais, em especial o movimento negro, temos denunciado cotidianamente: a política de segurança pública baseada na criminalização da pobreza e na constituição da polícia como uma máquina de guerra a serviço do extermínio da juventude negra.
   Do dia 06 de fevereiro, data da chacina, até hoje 27 de julho, dia que a sentença da juíza Marinalva foi publicada no diário oficial de justiça, passaram-se 171 dias, 171 dias onde o que temos visto da parte da secretaria de segurança pública e do governo do Estado são tentativas absurdas de defender essa criminosa ação policial. Primeiro foi o governador Rui Costa que comparou os PM's a artilheiros na cara do gol, depois o secretário Maurício Barbosa que afirmou que seus policiais agiram dentro da legalidade e por último o laudo absurdo da polícia civil que adotou como parecer que os policiais agiram em legítima defesa. Nos últimos meses não faltaram intimidações contra familiares dos jovens assassinados e ativistas do movimento negro que não abaixaram a cabeça e decidiram gritar para que as mortes desses jovens não caísse no esquecimento.

Abaixo o tribunal de rua, basta de extermínio da juventude negra
Muito embora no código penal brasileiro não haja pena de morte, tal sentença é aplicada todos os dias pela polícia, militar e civil, na periferia das grandes cidades brasileiras. Na prática existe um verdadeiro tribunal de rua onde policiais agem arbitrariamente como promotores, juízes e carrascos. Não se tratam de ações isoladas, muito pelo contrário, os dados do mapa da violência dão conta de uma verdadeira pandemia de violência no Brasil. Somente em 2012 foram mais de 56 mil homicídios, 29 mil de jovens entre 12 e 29 de anos de idade. A polícia brasileira está entre as que mais mata no mundo, no mesmo ano de 2012 foram 1890 pessoas mortas em ações policiais, uma média de 5 pessoas por dia.
   Tais dados demonstram a falência desse modelo militarizado de segurança pública. Os mesmos governos que nada fazem para combater a desigualdade econômica e as injustiças sociais, causas estruturais da violência, promovem uma política de segurança falaciosa ancorada no fortalecimento do aparato repressor e no estímulo a odiosa ideologia do “bandido bom, é bandido morto”. É preciso dar um basta, não é à toa que pesquisa recente apontou que 70% dos brasileiros não confiam na polícia. É preciso encarar o debate sobre a desmilitarização das policiais, o fim dos “autos de resistência” e a extinção de batalhões como a RONDESP baiana, o Bope carioca ou o ROTA de São Paulo, todos esses especializados em ações de extermínio.

É preciso resistir contra essa segunda sentença de morte
"O conjunto de circunstância empresta forte colorido de legitimidade à conduta dos acusados, que agredidos moral e fisicamente, viram-se na contingência de defender-se, o que fizeram, aliás, de modo moderado, com o meio de que dispunham”. Com essas palavras a juíza Marinalva embasou a sua decisão que adquiriu o significado de uma nova sentença de morte para os 12 jovens da Vila Moisés.
   Não aceitaremos mais esse absurdo. Como pode a justiça baiana considerar “moderada” uma ação policial que resulta na perda de 12 vidas? Tamanha crueldade expressa nessas palavras só podem ser compreendidas se associadas ao racismo institucional que domina o Estado e também a justiça brasileira. É como se as vidas negras não tivessem valor, fossem menos importantes e, consequentemente, descartáveis ao ponto de o desaparecimento violento de 12 delas numa única ação policial ser considerada  uma ação “moderada”.
   Nos juntamos as vozes dos familiares e dos movimentos sociais que não aceitam essa segunda pena de morte e lutarão por uma nova decisão judicial. Até mesmo o Ministério público já anunciou que entrará com um recurso contra a sentença da juíza Marinalva. Não desistiremos de lutar pela punição de todos os envolvidos nessa atrocidade, assim como também exigimos investigação e punição de todos os envolvidos nos inúmeros outros casos de assassinatos de jovens negros em ações policiais.

- Não a segunda sentença de morte! Pela prisão de todos envolvidos na chacina do Cabula!
- Pela exoneração do secretário de segurança pública Mauricío Barbosa!
- Pelo fim dos autos de resistência!
- Basta de extermínio da juventude negra!
- Pelo fim da RONDESP e pela Desmilitarização da polícia!


Salvador, 27 de julho de 2015
Direção Estadual do PSTU




quinta-feira, 16 de julho de 2015

Grandes empresas seguem lucrando muito, mesmo com queda na economia

Economia brasileira caminha para a recessão, mas os lucros das grandes empresas e bancos seguem exorbitantes

|Por André Freire, de Salvador (BA)

Em algumas semanas, será anunciado o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2015. E é muito provável que economia brasileira entre oficialmente em recessão - nome que os economistas escolheram para analisar a economia, de um determinado país, que tem um desempenho negativo em seu crescimento, durante dois trimestres seguidos.

Depois da estagnação econômica durante o ano de 2014 (apenas 0,1% de crescimento), já houve uma pequena queda de 0,2%no PIB do primeiro trimestre desse ano. Agora, novamente todas as estimativas para o segundo trimestre apontam outra queda, inclusive podendo ser mais profunda. As avaliações do FMI e do próprio Banco Central brasileiro já indicam que o PIB brasileiro pode recuar em até 1,5%durante o ano de 2015.

Puxando a retração na economia nacional novamente aparece a indústria de transformação. Na avaliação do IBGE, nos primeiros 5 meses de 2015, dos 14 Estados pesquisados, em 11 foram identificados resultados negativos no setor industrial. E os piores desempenhos foram em: Amazonas (-17,3%); Rio Grande do Sul (-11,5%); Bahia (-10,9%); Ceará (-9,4%); Paraná (-8,8%); e São Paulo (-8,6%).

Umas das consequências mais sentidas na atual situação de queda em nossa economia é a volta do crescimento do desemprego, que já chegou ao índice de 8,1%, segundo o IBGE (cálculo que deixa de fora uma parte significativa dos desempregados).

Os grandes empresários logo se utilizam da situação de crise econômica para demitir em massa os trabalhadores. Mas, uma análise um pouco mais atenta sobre os lucros das grandes empresas e dos bancos instalados no Brasil, vai demonstrar que eles seguem lucrando muito, mesmo com a dinâmica de queda de economia brasileira.

Como não temos os dados disponíveis já desse ano, analisemos os resultados do ano passado.

A Consultoria Economática publicou um ranking das 20 empresas brasileiras, de capital aberto, que mais lucraram em 2014. E, nas três primeiras colocações, apareceram: o Itaú, com um lucro de 20,24 bilhões de reais, representando um crescimento de 28,96% em comparação ao ano anterior; em segundo lugar outro banco, o Bradesco, com um lucro de 15,08 bilhões de reais, crescimento de 25,62%; e em terceiro lugar a Ambev, com um lucro de 12,06 bilhões de reais, crescendo 26,54%.

No mesmo ranking, também chama a atenção o salto nos lucros da JBS - Friboi em apenas um ano. A empresa gigante do agronegócio lucrou 2,03 bilhões de reais em 2014, um crescimento de, nada mais nada menos, 119,65% se comparado aos seus resultados em 2013.

Lembrando que no ano passado o Brasil já vivia uma situação de estagnação econômica.

Mesmo nas Montadoras de Automóveis, que enfrenta de fato uma expressiva queda no emplacamento de carros durante 2015, os lucros seguem ainda muito altos. Essa situação se explica em muito pelo fato da margem de lucro dessas Montadoras transnacionais, aqui no Brasil, chegam a uma taxa de 10%, que representa o dobro da média mundial (5%) da taxa de lucro das Montadoras e um pouco mais de três vezes maior do que a taxa de lucro dessas empresas nos EUA (3%).

Como temos poucas informações sobre o balanço dos lucros dessas Montadoras, especificamente em suas Plantas instaladas no Brasil, se convencionou levar em consideração, para efeito de análise dos seus resultados, o montante das remessas de lucros para o exterior, que essas empresas enviam para suas matrizes.

Mesmo com uma queda expressiva em comparação à anos anteriores, as Montadoras de conjunto enviaram ainda uma quantia milionária para suas matrizes fora do país em 2014. Ano passado foram enviados 884 milhões de dólares. Mas, em 2013, por exemplo, esse valor já atingiu 3,29 bilhões de dólares.

As Montadoras são justamente um dos setores da indústria que mais recebem isenções fiscais e empréstimos a juros baixos do governo, especialmente do BNDES. E seus lucros são realmente exorbitantes. A Ford, por exemplo, que foi uma das Montadoras que mais receberam isenções fiscais, principalmente para instalar sua Planta em Camaçari (BA) na década de 90, e muitas dessas vantagens seguem até hoje, anunciou um lucro global de 6,3 bilhões de dólares em 2014, e está projetando um lucro ainda maior em 2015, entre 8,5 e 9,5 de bilhões de dólares. Para estes, a crise passa longe!

Portanto, os trabalhadores, em especial os operários da indústria, não devem acreditar no falso discurso dos patrões que buscam justificar na queda dos lucros as propostas absurdas de redução de direitos e congelamento dos salários. Na verdade, as grandes empresas acumularam um lucro enorme nos últimos anos em nosso País e ainda estão lucrando muito, mesmo com a atual situação de queda em nossa economia.

Os patrões nunca aceitam diminuir suas taxa de lucros, mesmo que seja em uma pequena parte. Para eles nunca chega a hora dos trabalhadores terem acesso, de fato, a um salário digno e a plenos direitos trabalhistas.

Da mesma forma, é uma completa traição que centrais sindicais, como a CUT e a Força Sindical, tenham acordado com o Governo Dilma e os patrões a aplicação do tal PPE – que atende pelo falso nome de Programa de Proteção ao Emprego. Por essa proposta, os trabalhadores teriam sua jornada de trabalho reduzida em 30% e seus salários reduzidos em 15%. E o dinheiro do FGTS, retirado dos salários dos próprios trabalhadores, seria repassado aos patrões com o objetivo de “financiar” essa pequena redução da jornada de trabalho.

Frente ao ataque aos trabalhadores com propostas rebaixadas como estas, nós seguimos propondo que as grandes empresas abram seus livros caixa, para que se comprovem de fato os tais prejuízos alegados. E defendemos a redução da jornada sem redução de salários e direitos, garantindo uma ampliação dos postos de trabalho.

São medias concretas como estas que de fato impedirão que sejam novamente os trabalhadores que paguem o preço de mais essa crise econômica.

Que os ricos paguem pela crise, que eles mesmos criaram!

sexta-feira, 10 de julho de 2015

PSTU participa do Fórum - Camaçari, direito à cidade


Carlos Nascimento.
Professor e membro da direção municipal do PSTU de Camaçari.

O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado ( PSTU) de Camaçari, participa do Debate de lançamento do “Fórum - Camaçari, Direito à Cidade”, no dia 18 de julho, sábado, 8h30, no auditório do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari. Compreendendo como importante espaço de mobilização para trabalhadores, juventude e toda população camaçariense, o Fórum apresenta-se como alternativa política para transformar os equivocados rumos aplicados em nossa cidade.
Como oposição de esquerda, o PSTU é contrário à condução política imposta pelas três administrações sucessivas do Partido dos Trabalhadores (PT) em Camaçari. Os petistas Luiz Carlos Caetano e Ademar Delgado, mantiveram  e ampliaram  o quadro da desigualdade social no município.

As empresas instaladas na cidade aumentam os lucros incessantemente, muitas vezes com redução ou isenção total de impostos municipais, enquanto os trabalhadores enfrentam dificuldades de sobrevivência graça aos baixos salários, jornada de trabalho excessiva e retrocesso nos direitos trabalhistas propostos pelo congresso nacional com aprovação da presidenta Dilma Roussef (PT), em nome do "ajuste fiscal".

Repudiamos também os partidos políticos de extrema direita, herdeiros políticos da Ditadura, que hoje colocam-se como "nova alternativa" de transformação.

O golpe eleitoral proposto principalmente pelo Democratas (Dem), que tem como uma de suas figuras principais no Congresso Nacional o senador Ronaldo Caiado, acusado por Demóstenes Torres de receber contribuições financeiras milionárias do contraventor do Jogo do Bicho, Carlinhos Cachoeira, tenta enganar o povo de Camaçari apresentando o vereador Elinaldo Araújo como um moralista salvador da pátria.

Neste sentido, convictos, afirmamos: não aceitamos nem as prefeituras do PT, nem a direita tradicional disfarçada em pele de cordeiro.  Participaremos do “Fórum - Camaçari, Direito à Cidade” para avançar na elaboração de um programa que reorganize a gestão da cidade voltada para o benefício dos trabalhadores e a maioria pobre e oprimida da população.

Além de frear o lucro exorbitante das grandes empresas propomos alternativas que defendam e contemplem os direitos das classes populares nas áreas da saúde, educação, mobilidade urbana, moradia adequada e acessível, segurança, assistência social, esporte e lazer.

É necessário fazer enfrentamento imediato - a um só tempo - tanto à exploração que sofrem os trabalhadores e trabalhadoras em nosso município, quanto a todo tipo de opressão econômica, política, machista, racista ou homofóbica.

Para defender nossos ideais, propomos a construção de um amplo movimento e unidade de ações de lutas e mobilizações em nossa cidade, independentes e contrárias tanto à atual administração petista, bem como aos partidos da clássica direita. Ambos projetos já estiveram (e ainda estão) à frente da prefeitura e nada fizeram para construir uma vida digna para os habitantes e contribuintes de Camaçari.

Saudamos o Fórum - Camaçari, Direito à Cidade, reconhecendo a importância da iniciativa fomentada por ex-dirigentes e militantes do PT que em gesto de coragem romperem com o governo atual e o próprio PT, para construírem uma nova alternativa de esquerda socialista em nossa cidade.
Certamente esse movimento configura-se como marco político para fortalecer uma verdadeira oposição de esquerda, socialista, a favor dos trabalhadores e da maioria do povo de Camaçari.

Vamos à luta!








Reforma Política, um tapetão na democracia.


Jean Montezuma.
de Salvador/BA


No linguajar do futebol o termo “TAPETÃO” serve para classificar as manobras feitas fora do gramado, mas precisamente nos tribunais, onde os jogadores saem e entram em cena os cartolas, juízes e advogados, e se fazem todo tipo de artimanhas jurídicas para mudar os resultados de partidas e até mesmo de campeonatos.

Esses verdadeiros golpes, em geral, servem para atender os interesses dos grandes clubes. Os mesmos grandes clubes que já possuem as maiores receitas de patrocínio e cotas de TV e não satisfeitos com o abismo econômico que os separam dos clubes de menor expressão, apelam aos tribunais quando o resultado de dentro de campo não lhes é conveniente. O tapetão no futebol é uma manobra para manter os privilégios dos clubes poderosos e as emissoras de TV que lucram com a exibição de seus jogos.

Me parece que essa analogia do tapetão serve para ilustrar a reforma política que vem sendo orquestrada no Congresso pelo “Cartola” Eduardo Cunha (PMDB). A lógica de Cunha e os demais “Cartolas” do Congresso é simples, mudar as regras para que tudo permaneça igual. Ou seja, a reforma política que vem aí tem o objetivo de ampliar as garantias para que os mesmos partidos que já dominam o cenário político nacional mantenham-se no poder, empurrando para uma espécie de segunda divisão, ou semi ilegalidade partidos ideológicos como o PSTU e o PCB.


Na verdade uma Contra Reforma,  contra a democracia e o povo.

No imaginário popular a expressão reforma tem um sentido positivo. Quando se fala em reforma pensamos imediatamente em algo que vem para melhorar. É como aquela reforma que fazemos em casa no final do ano com o dinheirinho extra do décimo terceiro, ou aquela reforma no carro que prolonga mais um pouco sua vida útil e traz consigo mais segurança para quem o dirige. Porém, em política, via de regra, quando o Estado através do poder executivo ou legislativo fala em reforma é melhor se preparar, porque vem aí algo de muito ruim pela frente.

Exemplos disso não faltam. A reforma trabalhista por exemplo, que deu um salto com a aprovação da PL 4330 da terceirização, vem sendo implementada aos poucos há anos com medidas que vão no sentido de restringir direitos trabalhistas e atacar a CLT. O mesmo ocorre com a reforma da previdência, governo e patrões querem acabar com a previdência social via privatização e ao mesmo tempo mudam as regras da aposentadoria para nos fazer trabalhar até a morte.

Com a reforma política não é diferente. Em junho de 2013 milhões tomaram as ruas exigindo mais verbas para educação e saúde públicas, mobilidade urbana, moradia e demais direitos sociais. Também não faltaram denuncias contra a corrupção e o privilégios dos políticos, além da crítica aos gastos com a Copa do mundo. Na época Dilma não respondeu consequentemente nenhuma dessas demandas e ofereceu como proposta a reforma política. A proposta da presidente caio no vazio, de um lado não atendeu as reivindicações das ruas, e do outro, não encontrou apoio sequer na sua base aliada, o próprio PMDB de Eduardo Cunha foi contra.

Lamentavelmente setores do movimento que cumprem o papel de defender as ideias e ações do governo no interior dos movimentos sociais seguiram agitando a reforma política. Esses setores de modo irresponsável contribuíram para o engano, ou seja, convenceram muitos jovens e trabalhadores de que seria possível uma reforma política que ampliasse a participação política do povo e que desse modo avançaríamos na defesa e ampliação dos direitos sociais. Ou seja, uma reforma política com o mesmo sentido positivo daquela reforma que fazemos em nossa casa. Grave erro! Um Congresso nacional dominado por picaretas, por gente envolvida até o pescoço em esquemas de corrupção, jamais poderá cumprir um papel progressivo. A reforma política que está vindo ao invés de ampliar, estreita a democracia, ao invés de combater, reforça o domínio dos grandes partidos, ao invés de acabar, legaliza o esquema de financiamento privado de campanha. Uma verdadeira contra reforma.

É preciso barrar esse golpe! Não ao "tapetão" !

É verdade que a reforma ainda não passou. Mesmo com a aprovação na câmara dos deputados, a proposta precisa ser aprovada em dois turnos no Senado e em seguida vai para mesa de Dilma, que pode sancionar ou não a medida. Mas desde já é preciso que os trabalhadores se coloquem na resistência contra mais esse ataque.

A legalização do financiamento privado de campanha vai tornar oficial uma prática criminosa que já acontece. As empreiteiras e as grandes empresas vão poder seguir livremente “investindo” nas campanhas eleitorais para formar suas bancadas de deputados e senadores que, eleitos, seguirão aprovando emendas e licitações que despejarão bilhões de recursos públicos nos cofres de seus “investidores de campanha”. Toda lama que envolve o absurdo esquema da operação lava-jato tá aí como demonstração do que os grandes partidos (PT-PMDB-PSDB-DEM e demais) e as empresas fazem com o dinheiro público por trás das cortinas.

Também a cláusula de barreira, que vem no intuito de garantir exclusividade do tempo de TV para os partidos que já possuem representação parlamentar, é um grave ataque que precisa ser combatido. Os grandes partidos atuam em causa própria, querem  o tempo de TV integralmente para eles, pra não correr nenhum risco de ter cadeiras do Congresso sendo ocupadas por parlamentares de partidos que não dançam conforme a música tocada por eles e pelas grandes empresas.

 Por isso querem calar os partidos ideológicos, partidos como o PSTU, que usa de suas campanhas eleitorais e de seu tempo de TV(que diga-se de passagem já é reduzidíssimo) para denunciar os privilégios dos políticos e defender a luta dos trabalhadores. Querem calar a nossa voz, nos empurrar para ilegalidade e ocupar com seus jingles de campanha e mentiras o tempo reduzido, porém precioso, que usávamos para falar em apoio as greves e as demais lutas. Não deixem que calem a nossa voz.



quarta-feira, 1 de julho de 2015

Todo apoio à greve unificada dos servidores de Alagoinhas



Antonio Sales,
de Alagoinhas (BA).

Os servidores municipais de Alagoinhas iniciaram a greve por tempo indeterminado no dia 11/06, esgotadas todas as possibilidades de negociação. O governo Paulo Cézar (PDT) simplesmente ignorou o acordo firmado para encerrar o movimento paredista do ano anterior – realizar os estudos para viabilizar a equiparação dos direitos e vantagens dos demais servidores com os da Autarquia prestadora de serviços de água e esgoto (SAAE) – e, por muita insistência das representações sindicais (SINPA e SINDACS), a proposta inicial de reajuste zero empacou na inaceitável proposta de reajuste inferior à inflação de 6.41%, enquanto a acumulada até a data-base (1º de maio) é de 8.5%. “Sindicatos que se respeitam não aceitam reajuste salarial inferior à inflação”, este é o coro entoado pelos trabalhadores nas assembleias e manifestações públicas.
A unidade entre o SINDACS (CUT) e o SINPA (CSP-CONLUTAS) demonstra que quando se quer lutar, é possível superar as diferenças e a burocracia sindical – dirigentes estaduais do SINDACS até então afastados da luta, surgem com o claro propósito de por fim a greve, mas, a determinação dos trabalhadores da sua base foi decisiva para frustrar o golpe, dado como certo pela Administração, a ponto de ter sido anunciado o retorno ao trabalho dos agentes de endemias e comunitários no programa da Prefeitura nas emissoras de rádio. Poderíamos fazer uma greve geral no Brasil no dia 26 de junho, se a CUT não tivesse ficado só no chamado.
A greve entrou na sua segunda semana com boa repercussão na mídia local e regional, inclusive TV, com a participação crescente de vários setores: fiscalizações de obras, rendas e vigilância sanitária, tributos, creches, maternidade, postos de saúde, auxiliares e agentes de infraestrutura, motoristas, mecânicos, analista de projetos, concessão de alvarás de funcionamento, agentes comunitários e de endemias, técnicos da SESSAU, dentre outros setores com paralisação parcial.
Os servidores municipais decidiram além de não pagar o preço da crise, repassá-lo ao Prefeito, manifestando-se em toda aparição pública dele e colocando outdoor com a sua foto e o carimbo de reprovado pelos servidores. O grupo político à frente da Prefeitura sentiu o preço do desgaste a ser pago, na inauguração da Feira do Caçoá. O constrangimento do Prefeito, Secretários, Vereadores e do Deputado Federal Paulo Azi (DEM) era visível diante da manifestação dos servidores em greve.
Os grevistas agora lutam em duas frentes: contra a intransigência do governo municipal e a liminar da Desembargadora, que a partir dos argumentos frágeis do governo, deliberou pela não deflagração da greve e caso ela já tivesse sido deflagrada, pelo imediato retorno ao trabalho, sob pena de multa diária de R$ 50.000,00 para o SINPA. 
Os servidores municipais na quinta-feira, 25/06, acompanharam a apresentação das contas do município e decidiram manter a greve. A assembleia dos trabalhadores foi realizada na própria Câmara, contando com a presença de sete vereadores que declaram apoio ao movimento paredista.  Na sexta-feira, 26 de junho, houve um ato público no paço municipal, e o governo marcou uma reunião de negociação para segunda-feira (29/06), na qual não houve muitos avanços.
A Administração municipal aceitou apenas rediscutir o percentual de reajuste para repor ao menos a perda inflacionária no mês de dezembro e pediu um prazo de sessenta dias para avaliar a extensão dos direitos concedidos aos trabalhadores do SAAE aos demais servidores municipais.
Em todo o momento da greve do funcionalismo municipal, os militantes do PSTU estiveram presentes, prestando solidariedade e contribuindo com a organização dos trabalhadores.