ACM Neto: o que as pesquisas não dizem, a realidade nos conta

No “reino” do prefeito “Netinho” Salvador é vendida como a cidade do turismo, como diz o ditado popular, pra “inglês vêr”

Governador Rui Costa (PT): caviar para a classe média e os turistas, lata de sardinha para os trabalhadores

O governador do PT declara que é preciso criar linhas especiais para atender um setor da classe média que não se sente atraída pelo transporte coletivo de Salvador.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

A educação está em luta! Frente aos ataques do governo o único caminho é a rebeldia.


Juventude do PSTU-BA

Desde o dia 17 de maio, vivemos um momento histórico no país. São mais de 55 institutos federais em greve, tendo 30 destes declarado greve desde o primeiro dia. Professores, estudantes e servidores que tem se colocado em luta no Brasil inteiro, são hoje protagonistas de um dos maiores movimentos já vistos no país em defesa da educação pública. E a força do movimento só cresce. A cada dia que passa mais universidades e institutos paralisam suas atividades para lutarem por suas pautas. E a greve só tem comprovado que os problemas enfrentados hoje pelas universidades e institutos federais são reflexos da política do governo de precarização e sucateamento da educação pública.

Num governo onde quase metade do orçamento público vai para o pagamento de uma dívida  ilegítima que só serve pra engordar os bolsos dos banqueiros, além dos bilhões em investimentos na copa do mundo, a educação está longe de ser prioridade. Não é surpresa então ver estádios luxuosos e de última tecnologia sendo construídos enquanto as universidades caem aos pedaços. Enquanto as empreiteiras e os grandes empresários lucram como nunca, os trabalhadores da construção civil e os professores precisam ir pras ruas lutar por melhorias salariais e condições dignas de trabalho. A greve que hoje toma o país expressa essas contradições e só demonstra como seguimos vivendo num país injusto e desigual. E a resposta que os trabalhadores e a juventude precisam dar é uma só: luta!

Bahia, onde se encontram todas as lutas.

Na Bahia, desde o início do ano vivemos um verdadeiro vendaval de mobilizações. Desde a greve da PM em fevereiro, o estado tem sido palco de intensas lutas que se chocam diretamente com os ataques do governo e patrões à classe trabalhadora. A greve dos professores da rede estadual de ensino já resiste a quase 60 dias, com uma força e disposição de luta que só demonstram o sentimento da categoria de derrotar os planos de Wagner.

Nesse cenário, no dia 29 de maio, em uma assembleia legítima, os docentes da UFBA deflagraram greve. É um momento único para uma categoria que há mais de 10 anos está amordaçada por um sindicato que em toda sua gestão tem jogado contra a mobilização dos professores. Foi uma imensa vitória ter uma assembleia tão cheia frente a todo jogo criado pela diretoria da APUB para desmobilizar qualquer movimentação dos professores que responderam a altura dando peso à assembleia e decidindo aderir ao movimento grevista nacional, incorporando suas pautas e fortalecendo a luta em defesa da educação.

APUB, tão perto do governo e tão longe da luta.
Ao final da assembleia, a atual diretora da APUB, Silvia Lúcia Ferreira, afirmou à imprensa que a greve tinha sido deflagrada e que para cumprir com o estatuto, seria realizado um referendo popular via internet para “legitimar” a greve. Porém, ao longo dessas semanas, o que temos visto é uma verdadeira ofensiva da APUB no sentido de propagandear que a greve é ilegítima, fazendo chamados a professores a irem dar aula e se posicionarem contra a mobilização. A atual diretoria tem buscado ganhar o apoio acadêmico e da sociedade utilizando-se do argumento reacionário de que a greve atrapalha estudantes que querem se formar, as férias de professores e que a universidade vira um verdadeiro caos.

O que a APUB não diz é que a educação pública se transformou num caos há muito tempo. E não por culpa dos professores. O governo Dilma e o Ministério da Educação são os verdadeiros responsáveis pela situação em que a educação se encontra. Implementando políticas que agudizam os problemas das instituições federais, é o governo quem não deixa os professores trabalharem e os estudantes se formarem. 

O novo PNE, aos sistematizar todos os planos do governo, todos contestados pelos movimentos sociais, transformando-os em política de estado, só demonstra o total descaso com que Dilma trata a educação. Não são os professores em luta que prejudicam a universidade, pelo contrário. É só a luta dos professores, em unidade com os servidores e estudantes que será capaz de derrotar esses ataques. A APUB, que deveria ser uma aliada nisso, escolhe o lado do governo contra a categoria e a defesa da educação pública.

UFBA, berço do REUNI.

Em cada reunião do comando de greve dos professores, fica nítida a disposição de luta e vontade de movimentar todos os segmentos da universidade a aderirem ao movimento. Aulas públicas tem se realizado e junto com elas, assembleias de curso em que os estudantes têm votado pela greve. Toda a universidade tem se mostrado a favor do movimento grevista, e a adesão só cresce com o passar dos dias. Os problemas dos cursos vão ganhando voz e se misturam aos problemas gerais da universidade. E a pauta estudantil, já construída num processo anterior de mobilização do ME da UFBA, juntamente com a pauta dos docentes, culminam numa ampla luta em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade.

Na UFBA, os problemas enfrentados por docentes e estudantes andam de mãos dadas. A desvalorização da carreira docente afeta diretamente o ensino. As péssimas condições de trabalho e falta de estrutura impedem uma formação com qualidade. A falta de livros, laboratórios, RU’s, salas de aula, ventiladores, etc., podem ser traduzidas numa palavra: REUNI. Foi a UFBA carro-chefe da principal política do governo para a educação e é nela que hoje se encontram os diversos problemas fruto de 5 anos de expansão sem qualidade e sem verbas. Aliado a isso, o governo esse ano já cortou quase R$ 5 bilhões em verbas para educação. Não é surpresa então que as consequências dessas medidas sejam greves explodindo em todo país.

É preciso que o movimento grevista faça uma ampla reflexão sobre o que significou os 5 anos de REUNI para a educação pública. Esse debate torna-se ainda mais necessário ao passo em que o governo tenta aprovar o novo PNE, que visa transformar o REUNI em política de estado. É uma derrota para o movimento estudantil e docente que hoje se coloca em luta a aprovação de um plano que sistematiza duros ataques à educação pública, privilegia o deslocamento de verbas para o setor privado e prevê cada vez mais expansões sem qualidade e sem recursos. A greve nacional precisa levar a bandeira dos 10% do PIB para a educação pública já!, pois a expansão que queremos precisa vir acompanhada de aumento de verbas e com qualidade.

Greve Geral em toda Federal!

Centenas de vozes euforicamente não se cansavam de repetir “Greve geral em toda federal”. Foi assim que os estudantes da UFBA decidiram em Assembleia geral a entrada na greve. A UFBA segue o exemplo das mais de 30 universidades brasileiras que nos últimos 10 dias também decretaram greve estudantil.          

Os jovens no mundo inteiro têm sido protagonistas de importantes processos de luta. Aliada a classe trabalhadora a juventude tem  demonstrado toda sua força derrubando ditaduras, ocupando as ruas e resistindo aos ataques cada vez mais duros do imperialismo. É esse espírito que hoje contagia e inspira todos os estudantes que tem colocado seu tempo e força para construir essa greve nacionalmente. A adesão só cresce e com ela a força da mobilização, tornando a greve uma verdadeira luta em prol de uma universidade democrática e acessível aos setores excluídos e oprimidos da sociedade.

Nós do PSTU defendemos com unhas e dentes todas as mobilizações da juventude e da classe trabalhadora em defesa dos seus direitos. Acreditamos que a greve já é vitoriosa pela sua amplitude e força, e para avançar precisa unificar suas pautas e demonstrar na unidade todo potencial de luta desse movimento. É preciso que os estudantes componham o comando de greve nacional de estudantes, que só fortalece a greve ao nacionalizar a pauta e unir as forças contra o verdadeiro inimigo da educação: o governo.

Porém, é preciso ir além. Devemos lutar para construir uma sociedade em que a educação seja prioridade e esteja a serviço dos trabalhadores. Que a educação seja transformadora e verdadeiramente libertadora. Que os professores sejam valorizados e tenham condições dignas de trabalho e salários dignos. Que não existam muros nem portões que separem o povo do conhecimento. Nossa luta precisa ir de encontro à sociedade capitalista que vive da exploração do homem e produz seu sofrimento. Para isso, despenderemos todos os nossos esforços e juntos à classe trabalhadora, seremos invencíveis.


sábado, 2 de junho de 2012

João Henrique, vereadores e SETPS de mãos dadas contra os trabalhadores.

Aumento da tarifa em Salvador deixa claro pra quem governa o prefeito e seus vereadores.

                                                                                                                         Direção estadual do PSTU


Nesta última sexta , 01 de junho, a prefeitura de Salvador, através do secretário de transportes José Mattos, veio a público anunciar o aumento da tarifa de ônibus na cidade. A partir da meia noite da segunda-feira, 04 de junho, a passagem passará a custar R$2,80.

Não é novidade para ninguém que a prefeitura de João Henrique tem sido uma grande aliada dos donos das empresas de ônibus. O que impressionou dessa vez foi a velocidade com que a prefeitura agiu para atender as reivindicações dos empresários. A pouco mais de uma semana, os rodoviários entraram em greve após mais de 15 rodadas de negociação com os empresários. O prefeito e os vereadores se omitiram por completo, nenhuma exigência foi feita ao SETPS, nenhuma tentativa de intermediação foi tomada pela prefeitura para defender os interesses dos trabalhadores.

Por outro lado, diante das exigências dos empresários a postura mudou completamente. Em menos de uma semana a prefeitura coletou informações, fez um estudo e decretou que é “justo” para os empresários que se aumente a tarifa para R$2,80.

Prefeitura mais uma vez se solidariza com o SETEPS e dá as costas para trabalhadores.

A tarifa de ônibus de Salvador já é a mais cara do norte/nordeste e uma das mais caras entre as capitais do país. O alto preço pago pela passagem de modo algum se reflete na qualidade do serviço. Ano após ano, o SETPS e a prefeitura tentam convencer os trabalhadores com essa mesma ladainha de que  “é necessário o aumento para melhorar o serviço”. Nada disso! Os trabalhadores não acreditam mais nessa mentira!

As longas esperas nos pontos, os ônibus lotados e os congestionamentos infernais são todos ingredientes de uma receita macabra que impõem um sacrifício diário para os trabalhadores que necessitam do transporte coletivo em Salvador. O prefeito João Henrique não se comove nenhum pouco com essa situação, assim como também não se comoveu com as pautas reivindicadas pelos rodoviários durante a greve.  Com mais este aumento da tarifa, o SETPS pode ter a certeza de que pode contar com o prefeito e os vereadores para zelar pelos seus interesses. Infelizmente, os trabalhadores e trabalhadoras de Salvador não podem dizer o mesmo.

Numa infeliz declaração que demostra todo o descaso da prefeitura com a realidade da população, o secretário de transportes José Mattos afirmou que a prefeitura aprovou este aumento por que “ele atende as necessidades dos empresários sem trazer prejuízos para renda dos trabalhadores”. Numa cidade com uma taxa de desemprego de 17% e com a grande maioria da população ganhando entre 1 e 2 salários mínimos, os efeitos de mais este aumento representam um grave ataque às condições de vida da classe trabalhadora. O governador petista Jaques Wagner deveria usar das suas atribuições para exigir de João Henrique a revogação imediata deste aumento.  Não há nenhuma justificativa para o aumento da tarifa, o que existe é o interesse em preservar os lucros do SETPS.

É hora de parar Salvador contra qualquer aumento e dar um basta ao controle do SETPS!

O PSTU repudia qualquer aumento na tarifa e neste momento chamamos todos os partidos e organizações da esquerda, assim como sindicatos, o movimento estudantil e popular a se rebelarem contra mais este ataque. A prefeitura, os vereadores, os empresários e o governo do estado devem ser colocados contra a parede através de uma forte mobilização.

É chegada hora de fazer Salvador parar! Devemos reeditar a histórica revolta do buzu que em 2003 derrotou o aumento da tarifa forçando prefeitura e empresários a recuar. Só a luta dos trabalhadores pode derrotar este aumento e abrir caminho para discutirmos a reestatização do transporte coletivo de Salvador. Com o fim do controle do SETEPS, poderemos diminuir radicalmente o preço da tarifa, acabar com as filas, com a superlotação e atender de maneira digna os jovens e trabalhadores que dependem diariamente deste serviço.

PELA REVOGAÇÃO IMEDIATA DO AUMENTO!
 

CONTRA QUALQUER AUMENTO DA TARIFA!
 

CHEGA DE FILAS! CHEGA DE SUFOCO! PELA REESTATIZAÇÃO DO TRANSPORTE COLETIVO DE SALVADOR!

MORTE POR ABORTO NA BAHIA: ESSE DRAMA TEM CLASSE


Por Ana paula Medeiros e Monique Carneiro

Todos os anos, milhares de mulheres morrem devido a complicações por abortos malfeitos. A clandestinidade, resultante da criminalização, submete as mulheres a métodos inseguros para interromper a gravidez. Apesar da proibição legal, o aborto é amplamente praticado. Ao completar 40 anos, pelo menos uma em cada cinco brasileiras residentes em zona urbana e alfabetizadas já abortou. Em Salvador, a cada 4 internações por parto ocorre 1 internação para curetagem. O aborto é a principal causa de morte materna, responsável por 38 de cada 100 óbitos.

Pesquisa da Universidade de Brasília apontou que a maioria das mulheres que abortam é jovem, pouco escolarizada, havia engravidado do marido ou companheiro e possuía filhos. Apesar de praticado por mulheres de todas as classes sociais, o aborto tem consequências desiguais: as pobres têm mais riscos de morrer do que aquelas com condições para pagar um aborto em clínicas clandestinas que oferecem maior higiene e segurança. Estudo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro mostrou que mulheres nordestinas estão mais expostas aos abortos arriscados, e as negras têm três vezes mais chances de morrer por aborto do que mulheres brancas. Fica claro que a ilegalidade mostra sua face mais cruel para as mulheres da classe trabalhadora.

Países com as menores taxas de aborto são aqueles nos quais ele é legal e de fácil acesso, sendo realizado gratuitamente nos hospitais públicos. Na Holanda e na Alemanha, por exemplo, em cada grupo de mil mulheres, apenas seis abortam anualmente – o que foi fruto das lutas das mulheres, que exigiram a valorização da informação, da educação sexual, do planejamento reprodutivo e do oferecimento de contraceptivos.

Entre 1996 e 2009, 47 novos países aprovaram leis que caminham para a legalização do aborto. Entretanto, no Brasil, é cada vez mais gritante a influência de setores conservadores, levando ao retrocesso das conquistas e a perda de direitos das mulheres. O PT, partido da presidente Dilma, era a favor da legalização do aborto e retrocedeu nesse ponto para ganhar apoio da Igreja e dos religiosos nas eleições, abandonando uma de suas mais antigas e importantes bandeiras feministas.

Chega de religiosidade no trato com a vida das mulheres. “Dilma e PT, o aborto é questão de saúde pública e dignidade!” Devemos lutar pela ampliação dos direitos das mulheres e pela melhoraria da qualidade do atendimento às que abortam. O aborto deve ser garantido gratuitamente nos hospitais públicos, assim como o atendimento livre de discriminação ou preconceito, evitando assim sequelas graves e a morte desnecessária de milhares de mulheres. Elas devem ter direito de decidir sobre seu corpo de forma consciente e autônoma. Se decidir ter o filho, que tenha acesso às condições básicas para ser mãe. Se decidir abortar, que tenha acesso a um hospital público, com a assistência adequada. Hoje, esse direito básico é negado à mulher trabalhadora e pobre.

Que o aborto seja realizado pelos serviços públicos, com assistência adequada!

Educação sexual para prevenir. Contraceptivo para não engravidar. Aborto seguro e legal para não morrer: pelo direito à mulher de decidir sobre o seu corpo!

Descriminalização do aborto já!