Secretaria de Mulheres PSTU
Salvador
Baixos salários, salários atrasados, maior
jornada de trabalho, realização dos trabalhos mais pesados e insalubres, maior
número de acidentes de trabalho, assédios moral e sexual, além de humilhações
diárias fazem parte da rotina de trabalho das/os trabalhadoras/os terceirizadas/os.
Essa realidade se torna ainda mais cruel quando
se trata de trabalhadoras/os negras/os, mulheres e LGBT’s, que já compõem uma significativa
parte dessas/es trabalhadoras/os terceirizadas/os, assumindo postos cada vez
mais precarizados.
O PL 4330, Projeto de Lei da Terceirização,
que foi aprovado na Câmara dos Deputados, mas ainda tramita no Senado e depende
do veto ou não da presidente Dilma, se aprovado, irá ampliar os serviços que
não podem ser terceirizados, são as chamadas atividades-fim. Atualmente,
juridicamente, o trabalho terceirizado é permitido somente para as
atividades-meio, como por exemplo, os serviços de limpeza, vigilância,
alimentação, telefonia, etc.
É verdade
que a ampliação da terceirização para as atividades-fim já está sendo
implantada no Brasil e na Bahia há muito tempo, um exemplo disso é o serviço
bancário, cujo trabalho de compensação, que é uma atividade-fim, já está
terceirizado há muito tempo. Outro exemplo importante é o do setor público, que
além das PPPs – Parcerias Público Privadas, também precarizam o trabalho
através da Terceirização.
Na Bahia, as/os
trabalhadoras/os terceirizadas/os do serviço público, seja federal, estadual ou
municipal sofrem com atrasos constantes de salários, esses atrasos chegam ao
absurdo de 3 a 4 meses, principalmente, nos serviços de vigilância e de
limpeza. Outra prática comum é o calote, ou seja, a empresa terceirizada decreta
falência, demite todas/os as/os trabalhadoras/os e depois contrata todas/os
novamente (agora usando um novo CNPJ), sem pagar o FGTS e a multa de 40% do
salário e mais, essas são demissões sem justa causa. Na educação as/os
trabalhadores/os contratadas/os para a Prestação de Serviço Temporário – PST,
em sua maioria, são mulheres e negras que chegam a ficar 4 ou 5 meses sem
receber salário, além do que, não há critérios objetivos para a contratação
dessas/es trabalhadoras/os.
No caso do setor privado, a terceirização também está
presente de forma marcante. Em Salvador, quem procura o primeiro emprego acaba
entrando em uma empresa de telemarketing, onde há mais vagas e não se exige
experiência profissional. Essa/e jovem trabalhadora/o logo encontra uma
realidade dura, pois essa é uma atividade extremamente estressante, com um ritmo
de trabalho enlouquecedor, produzindo altos índices de doenças ocupacionais,
além de pagar baixos salários. Quem aguenta fica o quanto dá, quem não aguenta
mais pede demissão, desta forma, a super-exploração e a alta rotatividade
garantem o lucro das empresas de telemarketing. Nessas empresas, qual é o
gênero e a raça dos que estão no telemarketing? São prioritariamente mulheres e
mulheres negras.
Quem realmente ganha com tudo isso é o empresário, pois suas empresas
lucram muito na medida em que a/o trabalhadora/o terceirizada/o recebe cerca de
30% menos que as/os trabalhadoras/os contratadas/os e, e no caso do Estado, cerca
de 50% menos do que as/os trabalhadoras/os concursadas/os. Desta forma, não tem
outra opção, sempre quem perde é a/o trabalhadora/o. Outro dado importante é
que as/os terceirizadas/os trabalham, em média, mais 3 horas semanais e são as
maiores vítimas de acidentes de trabalho.
Infelizmente
as/os trabalhadoras/os que realizam os serviços terceirizados têm, em sua ampla
maioria, cor, raça, gênero e orientação sexual muito bem definido. Não temos
dúvida de que esse tipo de trabalho favorece às empresas que, por sua vez, se aproveitam
desses setores considerados marginalizados para explorar ainda mais, oprimir
ainda mais, além de as/os inviabilizá-las/os o máximo possível. Neste sentido,
a Terceirização consegue potencializar a combinação entre exploração e opressão
em benefício da lucratividade das empresas. Assim, as empresas se utilizam do
machismo, do racismo e da homofobia para pagarem salários baixos e submetem
trabalhadoras/os em situações degradantes de trabalho.
Essa lógica que
associa exploração e opressão faz parte do mundo do trabalho brasileiro, isso
não é diferente no caso do nosso estado, mas se torna gritante quando pensamos
na cidade do Salvador, cuja população negra é da ordem de 85%. Em Salvador, a
maior parte do trabalho terceirizado é realizado pelas mulheres negras, que estão
nos setores mais precarizados do mercado de trabalho, com menores salários, com
alta rotatividade, com o maior número de acidentes de trabalho, que realizam os
trabalhos mais pesados e mais insalubres e inseguros.
Portanto,
diferente do discurso da presidente Dilma e de setores que defendem o PL 4330,
afirmando que ele vai regulamentar os direitos das/os trabalhadoras/os
terceirizadas/os, afirmamos que esse Projeto de Lei prevê a universalização do que tem de pior no
mercado de trabalho, com a perda de direitos para um conjunto ainda maior de
trabalhadoras/os, além do rebaixamento geral dos salários. Para nós o que o
PL 4330 propõe é a regulamentação da precarização do trabalho e não a
regulamentação de diretos.
Por tudo
isso nós, mulheres do PSTU, somos contra o PL 4330, pois entendemos que ele significa,
não só um ataque as/os trabalhadoras/os em geral, mas especialmente um ataque
ainda mais duro a população negra de Salvador, especialmente as mulheres negras
desta cidade. Chega de Dilma, do PT, do PMDB e do PSDB. Unir xs trabalhadorxs
mulheres, negras, negros e LGBTs contra os ataques do governo e da direita!
Construir a greve geral para derrotar o governo Dilma, a direita e os patrões!
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