ACM Neto: o que as pesquisas não dizem, a realidade nos conta

No “reino” do prefeito “Netinho” Salvador é vendida como a cidade do turismo, como diz o ditado popular, pra “inglês vêr”

Governador Rui Costa (PT): caviar para a classe média e os turistas, lata de sardinha para os trabalhadores

O governador do PT declara que é preciso criar linhas especiais para atender um setor da classe média que não se sente atraída pelo transporte coletivo de Salvador.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Boletim Estadual do PSTU: É preciso barrar as mudanças de Wagner no PLANSERV


Para melhor visualização do Boletim, clique na imagem.


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Seminário de Lançamento da campanha "10% do PIB para Educação Já"


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Morte de operários em Salvador foi provocada pela negligência das construtoras

Nove operários morreram em trágico acidente no último dia 9, devido à negligência de construtora e as más condições de segurança no trabalho


Monique Carneiro



Cena da tragédia
• A cidade de Salvador amanheceu em luto nesse dia 9 de agosto, terça-feira. Por volta das 7h30, mais um acidente fatal envolvendo nove operários da construção civil provocou a revolta e a indignação de seus familiares, amigos e colegas de trabalho. O acidente, o mais grave na história da construção civil na Bahia, ocorreu quando estava sendo iniciado mais um dia de obras de um prédio empresarial na região do Iguatemi, uma das mais movimentadas da cidade.

Crônica de uma morte anunciada
A morte dos operários foi causada pela queda de um elevador, chamado de “balança” pelos trabalhadores, que despencou do 20º andar (cerca de 80 metros). Segundo auditores do Ministério do Trabalho, uma peça que sustentava a roldana dos cabos do elevador foi rompida e o freio automático de segurança não funcionou, causando o acidente fatal. Os auditores apontam ainda que a causa das falhas possa ter sido a falta de manutenção periódica no elevador. A obra foi suspensa por tempo indeterminada, até que as condições de segurança sejam garantidas aos operários da obra.

A empreiteira, que ironicamente se chama Construtora Segura, declarou que o elevador estava em conformidade com as normas técnicas de segurança do trabalho. Mas a realidade revelada pelos trabalhadores da obra é outra. Segundo informações dos operários, eles próprios já haviam se queixado sobre os problemas de segurança do elevador. Em entrevista fornecida ao G1 Bahia, um dos operários comentou sobre o momento do acidente: “Eu já estava lá em cima, junto com mais de dez pessoas. Vi os cabos desenrolando, o pessoal falava que ele tinha defeito” . Apesar das inúmeras queixas dos trabalhadores, o equipamento vinha sendo utilizado regularmente, também em obras anteriores, sem que nenhuma medida fosse tomada.

Epidemia de lesões e acidentes fatais corre o país
Ainda em maio, dois operários da construção civil morreram e um ficou ferido após a queda de vigas metálicas sobre eles, também aqui em Salvador. Em abril, um alpinista industrial morreu imediatamente em queda provocada pelo rompimento do cinto e dos cabos de segurança, enquanto trabalhava no alto de uma das torres de granulação de uréia da FAFEN (empresa de fertilizantes da Petrobrás), no Pólo Petroquímico de Camaçari. Segundo site do SINTRACOM (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção e da Madeira no Estado da Bahia), somente Salvador já soma 53 acidentes com 13 mortes este ano, apenas no setor da construção civil.

No país, até julho deste ano, de um total de 923 acidentes analisados pelo Sistema Federal de Inspeção no Trabalho, cerca de 30% ocorreram somente no setor da construção. Outro dado alarmante refere-se ao levantamento realizado pelo jornal O Globo, que contabilizou desde 2008 até março deste ano, 40 mortes em 21 grandes canteiros de obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) que, juntos, chegam a um investimento de R$ 105,6 bilhões.

Estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revelou que, desde 2003, o Brasil acumulou 1,3 milhões de acidentes de trabalho, dos quais 2503 resultaram na morte de trabalhadores de diversos ramos. Esses números colocam o Brasil no 4º lugar em número de mortes por acidente de trabalho no mundo, atrás dos três primeiros colocados: China, Estados Unidos e Rússia. Segundo o estudo, as causas básicas desses acidentes são o descumprimento das normas de segurança e as más condições nos ambientes e processos de trabalho.

Transformar a indignação em ação
Um dia após a tragédia, cerca de 2 mil trabalhadores da construção civil em Salvador paralisaram suas atividades por 24 horas e realizaram um protesto no local do acidente. A atividade, convocada por diversos sindicatos da categoria, denunciou a negligência dos empresários com relação à segurança do trabalho, em passeata até o cemitério Bosque da Paz, onde dois dos nove operários foram sepultados. Na ocasião do sepultamento, foi estimada uma participação de cerca de 3 mil trabalhadores. Outros 100 manifestantes paralisaram ao meio-dia a Estação da Lapa, o principal terminal rodoviário da cidade; além disso, manifestações também ocorreram na Avenida Paralela, na Avenida Juracy Magalhães e na Rótula do Abacaxi.

Os operários de Salvador, indignados, seguiram o exemplo dos trabalhadores da construção civil este ano, que não ficaram de braços cruzados e se puseram em luta contra o descaso, os abusos das empreiteiras e da omissão dos governos frente à precariedade de suas condições de vida e trabalho. Neste ano, cerca de 100 mil trabalhadores estiveram mobilizados contra as condições precárias e os acidentes e mortes nas obras do PAC – a exemplo dos trabalhadores da hidrelétrica do Rio Madeira em Jirau e Santo Antônio (RO), da refinaria de Pecém (CE), do pólo petroquímico de Suape (PE), unidade de tratamento de gás em Caraguatatuba (SP) e hidrelétrica de Mato Grosso do Sul.

A CSP-Conlutas, em solidariedade aos familiares e amigos das nove vítimas, publicou uma nota em que reafirmam “a ganância dos empresários e a conivência e inércia dos governantes” como pano de fundo da situação, exigindo a defesa das vidas dos operários e o fim das mortes nos canteiros de obras.

É necessário que os trabalhadores se unam para lutar, indo além da denúncia das más condições de trabalho e expondo também o contexto que colabora para esse quadro: o boom da construção civil e a crescente especulação do setor imobiliário; o duro regime de trabalho imposto pelas grandes empreiteiras; e a política de incentivo dos governos às construtoras e de abandono dos trabalhadores, que ficam privados de seus direitos e têm suas vidas usadas como combustível desse tal “crescimento econômico do país” que, na real, beneficia os ricos e poderosos.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Solidariedade aos familiares dos companheiros mortos em Salvador

A defesa de nossas vidas dependerá de nossa união e luta contra os empreiteiros e os governantes que buscam manter-se na riqueza e no poder sobre os cadáveres dos operários

Atnágoras Lopes

É com profunda dor e indignação que externamos, em primeiro lugar, nossos mais sinceros votos de pesar aos familiares e amigos de nossos nove companheiros que ontem nos deixaram, vítimas de um acidente de trabalho em um canteiro de obras em Salvador, no estado da Bahia.

Nesse difícil momento queremos nos dirigir também aos milhares de operários da construção em Salvador e prestar-lhes a nossa solidariedade de classe e também dizer-lhes de nossa crença de que será somente a partir da reação e luta de nossa categoria, como agora vocês estão fazendo, que poderemos reverter esse cenário de tamanha exploração e desprezo dos empresários e governantes pelas nossas vidas.

Temos milhões de motivos para nos entristecermos e nos indignarmos nesse momento de tamanha perda, mas temos também o desafio de encontrar forças para organizar nossa revolta e transformá-la em uma ação unitária de nossa categoria pra enfrentar e reverter esse cenário tão macabro, que se alimenta da ganância dos empresários, da conivência e da inércia dos governantes.

Não ficaremos assistindo às propagandas do “desenvolvimento” do país, como se isso estivesse beneficiando a vida de quem trabalha enquanto, na verdade, esse tal crescimento está se dando às custas de nossas péssimas condições de trabalho, de saúde, de salário e de segurança. Oficialmente, no ano passado, foram 379 mortes por acidente de trabalho em nosso país, isso sem contar algumas dezenas de milhares que certamente não foram registradas nos cálculos do governo.

É preciso que sejamos solidários uns com os outros, apoiar e dar força aos familiares de nossos camaradas. Assim, saudamos a unidade e atitude de nossos companheiros da Bahia que nesse momento se levantam em marcha e lutam contra essa situação.

Em meio à dor e indignação, nossa categoria tem encontrado forças para gritar!

Contra essa situação já ocorreram várias lutas só neste ano, manifestações e gritos de resistência de nossa categoria. Por exemplo, no último dia 28 de abril os trabalhadores da Construção Civil de Belém paralisaram suas atividades exigindo mais segurança nos canteiros; ação idêntica farão nossos companheiros de Fortaleza no próximo dia 18 em protesto contra as 16 mortes ocorridas só este ano naquela cidade. Foi exatamente contra as péssimas condições de trabalho que, no início desse ano, cerca de100 mil operários das obras do PAC se levantaram em greve e protestos em todas as regiões de nosso país.

Está evidente que a defesa de nossas vidas dependerá de nossa união e luta contra os empreiteiros e os governantes que buscam manter-se na riqueza e no poder sobre os cadáveres de nossa categoria. Afinal, como vivem hoje os filhos de nossos milhares de companheiros que tombaram?

Quantos empresários ou governantes foram punidos?

Por que o governo sabe que um contingente de 3 mil auditores fiscais é absolutamente insuficiente para fiscalizar todas as obras de nosso país e não faz nada?

Por que somos obrigados a andar nesses elevadores externos, por dezenas de andares, se a engenharia e a tecnologia permitem e possibilitam condições para que, desde a primeira laje, já se instale os elevadores definitivos que, como sabemos, não andam caindo e matando os milhões que moram nos prédios que nós construímos?

Além de nosso pesar, de nossa dor e de nossa indignação é hora de juntar as nossas forças, unificar nossa categoria e em nome dos que tombaram e em defesa das nossas vidas, exigir:

Chega de mortes nos canteiros!


Atnágoras Lopes é operário da construção civil de Belém (PA) e membro da Executiva Nacional da CSP-Conlutas e militante do PSTU

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Boletim do PSTU-BA sobre Educação