ACM Neto: o que as pesquisas não dizem, a realidade nos conta

No “reino” do prefeito “Netinho” Salvador é vendida como a cidade do turismo, como diz o ditado popular, pra “inglês vêr”

Governador Rui Costa (PT): caviar para a classe média e os turistas, lata de sardinha para os trabalhadores

O governador do PT declara que é preciso criar linhas especiais para atender um setor da classe média que não se sente atraída pelo transporte coletivo de Salvador.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

20 de novembro é dia de luta! Nossa consciência é negra e socialista!

20 de novembro é dia de luta! Nossa consciência é negra e socialista!
Jean Montezuma, de Salvador (BA)


20 de novembro de 2013, 125 anos após a abolição da escravatura, os negros e negras foram às ruas em todo o Brasil mostrar que a luta contra o racismo e pela verdadeira liberdade ainda continua. Nesse 20 de novembro, saudamos a memória de nossos mártires, Zumbi, Dandara, Maria Filipa, e tantos outros homens e mulheres que iniciaram a resistência desde o dia em que o primeiro negro africano chegou aqui para ser escravizado.
Hoje as ruas do centro de Salvador tornaram-se o palco da XXXIV marcha Zumbi dos Palmares. Cerca de 2 mil pessoas estiveram presentes e, durante todo o ato, seja nas falas ou nas letras do Reggae e do Hip Hop, as bandeiras de luta do povo negro eram lembradas. O tema da violência e do extermínio da juventude negra esteve presente em todas as falas. Um Recente estudo realizado pelo IPEA comprovou que o racismo faz com que nós negros tenhamos uma expectativa reduzida em relação aos brancos. Somos nós também as maiores vítimas de mortes violentas: “O negro é duplamente discriminado no Brasil, por sua situação socioeconômica e por sua cor de pele. Tais discriminações combinadas podem explicar a maior prevalência de homicídios de negros vis-à-vis o resto da população”.

Por isso, a luta contra o genocídio do povo negro e pobre tem movido o movimento negro levando-o a se chocar com governos como o de Wagner/PT, que aqui na Bahia pratica uma política de segurança pública marcada pela criminalização da pobreza. Não à toa, a PM baiana é a que mais mata no Brasil, e não à toa na Bahia a taxa de homicídios entre os negros é 47,3 para cada grupo de 100 mil, sétima pior do Brasil.
O PSTU participou da marcha levando a mensagem da necessidade de uma luta combinada contra a opressão racista e a exploração capitalista. Durante o ato nossa militância vendeu cerca de 50 jornais Opinião Socialista “Raça e Classe”, uma edição especial de nosso jornal inteiramente dedicada a discutir um programa de raça e classe para o povo negro e para a classe trabalhadora brasileira. Somente uma luta sob a bandeira de raça e classe será capaz de pôr a baixo as barreiras impostas a nós negros pelo racismo. O destino dos negros e negras está ligado ao da classe trabalhadora e somente como parte dela, como protagonistas de uma luta anti-racista, classista e socialista que os negros alcançarão a sua verdadeira liberdade


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Saúde da mulher: Só o Outubro Rosa não basta.


Aruska Almeida.

Outubro está se despedindo e com ele se encerra uma importante campanha travada em diversos países pela saúde da mulher: O outubro rosa. Este movimento surgido nos Estados Unidos na última década do século XX, reunia diversas ações isoladas nos seus estados contra o câncer de mama. Estas ações pretendiam gerar uma conscientização maior da população feminina acerca da prevenção e riscos da doença, estimulando os métodos para o diagnóstico precoce da doença, o que aumenta consideravelmente as chances de cura.
Os métodos de sensibilização envolviam enfeitar os locais públicos das cidades com laços rosas, promover desfiles e uma série de atividades que chamassem a atenção das pessoas para o tema. A iluminação rosa de monumentos e locais que chamam atenção nas cidades é considerada a marca de que a campanha é global e pode ser entendida em todos os lugares do mundo.
No Brasil, também são realizadas ações pela campanha, que envolvem desde as medidas tradicionais até mutirões de mamografia. Apesar de importante iniciativa, esta ação de maneira isolada não resolve o problema da saúde da mulher, que está longe de ser algo para tratar em um único mês do ano.

Após 10 anos de PT, a saúde da mulher melhorou?

A saúde pública está completamente sucateada e isso já não é novidade. Uma das muitas pautas históricas que as lutas de junho reviveram foi a da saúde pública, gratuita e de qualidade. Algumas medidas como o programa Mais Médicos são propagandeadas pelo governo como grandes resoluções para um problema que só se arrasta gestão após gestão. O PT vem fazendo história ao seguir fielmente o programa e as políticas outrora aplicadas pelos Tucanos e pelo DEM. A saúde pública e as mulheres que dependem dela são as maiores prejudicadas.
O cenário não é nada bonito, o contraste entre a realidade de um lado e as propagandas do governo de outro é gritante, a saúde da mulher não logrou melhora qualitativa virando uma questão ainda mais delicada. Ao precisar de atendimento diferenciado e específico, as dificuldades no acesso aos serviços adequados e resolutivos fazem com que muitas mulheres padeçam de doenças que poderiam ser evitadas e curadas, se tratadas a tempo. Muitas sequer conhecem os riscos aos quais estão submetidas, excluídas de quaisquer campanha de prevenção ou tratamento de certas doenças. Para elas, só restam as intermináveis filas que as levarão para os corredores de hospitais cada vez mais cheios e menos preparados.
O SUS não está preparado para atender todas as demandas que as mulheres apresentam. Apesar de haver discussões sobre o tema da mulher por parte dos profissionais, pouco se avança em termos de melhoria geral do atendimento, visto que falta infraestrutura e investimentos na saúde pública.
Quando se é mulher e lésbica, a situação torna-se mais trágica. Não existe nenhuma orientação específica aos profissionais acerca do atendimento diferenciado para estas mulheres nem condições para o mesmo. Isso ocorre principalmente pela invisibilidade da sexualidade feminina, ainda muito forte. As mulheres lésbicas sofrem as consequências da opressão em todos os âmbitos de sua vida e nos locais de saúde, a situação não muda. São constrangidas e submetidas a situações que as deixam desconfortáveis, pois não existe uma preocupação de formar profissionais que compreendam a homossexualidade e as incorporem no tratamento que dispensam a estas mulheres.
A situação das mulheres negras também é bastante cruel. As mulheres brancas e as mulheres negras apresentam diferenças consideráveis em termos de saúde, tanto no acesso quanto no próprio atendimento. Submetidas à ideologia nefasta do machismo e racismo ao longo de toda sua história, veem sua sexualidade e saúde sempre como algo que não lhes pertence. Antes de nascer, já recebem o título de “parideiras” e o direito ao seu corpo, roubado. São elas as mais expostas às doenças sexualmente transmissíveis e as que mais encontram dificuldades para acessar os serviços mais básicos de saúde. As mulheres negras são as mais vulneráveis aos estupros, ao diabetes mellitus, hipertensão e anemia falciforme; o maior público nas unidades do SUS são de mulheres, sobretudo negras; são elas que conformam a maior parte da população que sofre com os problemas estruturais do SUS,
Ao invés de aumentar os investimentos na saúde, que promoveriam mudanças reais na realidade das mulheres brasileiras, o governo prefere apoiar-se em programas como o Rede Cegonha e o Estatuto do nascituro (apelidado pelo movimento feminista de Bolsa Estupro), verdadeiros ataques aos direitos conquistados pela luta histórica do movimento feminista, e que criminaliza as mulheres tornando o aborto um crime hediondo e retirando o direito ao aborto legal em caso de estupro e risco de morte, ao mesmo tempo em que dá ao estuprador direitos sobre a criança que nasceria decorrente do estupro, reafirmando a ideia de que somos seres meramente reprodutoras, escolhendo isso ou não.
Seria cômico se não fosse trágico que essa realidade seja mantida pelo governo de um partido que em seu passado levantava bandeiras como a da legalização do aborto e teve sua militância envolvida com as mulheres trabalhadoras. A realidade é que a saúde da mulher não melhorou no governo de uma mulher. Ao passo em que Dilma vem entregando as riquezas do país de mão beijada ao Imperialismo e aplicando a cartilha neoliberal que aprendeu com FHC e Lula, a presidenta mostra de que lado está. As mulheres trabalhadoras continuam a padecer sem acesso algum a um sistema de saúde digno. O mínimo é negado todos os dias a nós trabalhadoras por um governo que, ao invés de explorar as riquezas naturais do país como o pré-sal e revertê-las para saúde e educação, as entrega de mão beijada para o capital estrangeiro, como o caso do leilão do campo de Libra.

É preciso lutar por um programa para as mulheres trabalhadoras

Iniciativas como o outubro rosa são importantes pois reacendem debates fundamentais na sociedade, como um alerta aos riscos a que estamos submetidas e a necessidade da prevenção. Contudo, se perdem enquanto ações isoladas, pois devem fazer parte de um processo maior de conscientização, a de que é necessário uma reformulação total do programa de saúde brasileiro e mundial, que esteja a serviço da necessidade dos trabalhadores e por eles controlado.
O quadro da saúde da mulher hoje assusta e nos coloca um questionamento: como no governo de uma mulher a situação das trabalhadoras só piora? A resposta pode ser encontrada em todos os discursos que a presidenta vem dando nos meios de comunicação e nas políticas que tem aplicado: ela governa para os ricos, para os empresários da saúde que lucram de maneira absurda em cima da calamidade social.
É preciso tomar para nós trabalhadoras a tarefa de enfrentar este governo que não é nosso e que em nada nos beneficia. Que tem criminalizado e enfrentado de maneira truculenta as lutadoras e lutadores de junho que vão às ruas para construir um futuro melhor, mais digno e mais saudável para os trabalhadores e a juventude.
É preciso lutar por outubros rosas que durem todo o ano. Por uma saúde digna, pública e de qualidade para as mulheres e homens trabalhadores. Por um mundo em que nosso corpo seja respeitado e onde a escolha sobre ele seja nossa. É preciso lutar por um mundo verdadeiramente saudável, um mundo socialista.



terça-feira, 15 de outubro de 2013

15 de outubro, dia do professor: Nada há comemorar, muita luta por fazer.



Jean Montezuma, Salvador/BA.

Há 10 dias uma imagem circulou pelas redes sociais e chamou atenção. Um policial segurava um cassetete quebrado e dizia na legenda: “ Foi mal fessor!”. A repulsa e indignação de milhares foi imediata. A atitude desse PM carioca, além de demonstrar o sórdido estado de uma instituição falida e degenerada serve também, como uma infeliz metáfora do tratamento cotidiano concedido pelo Estado brasileiro a educação.

Seja no momento de greve como é o caso da heroica greve dos professores cariocas ou a greve de 118 dias da educação baiana em 2012, seja no cotidiano das escolas sucateadas onde falta material didático, falta merenda, faltam professores... enfim, onde a falta de investimento é gritante; o “modus operandi” dos governos municipais, estaduais, e também o federal é o da violência contra a educação pública.


O canto da Sereia.

Há cada 2 anos, durante as eleições, os scrippts dos candidatos em campanha são os mesmos. Todos anunciam uma fórmula que mudará “pra valer” a vida de todos. Em todas essas receitas milagrosas a educação aparece como um ingrediente importante e os candidatos em campanha dizem: “ o caminho do Brasil passa pela educação!”. Nos prometem: “ Mais escolas! Mais creches! Mais Universidades!” e nos caberia apenas ter a dedicação para, aproveitando dessas oportunidades, “melhorar” nossas vidas e, como gosta de dizer a presidente Dilma, ajudar a “mudar o Brasil”.

Em troca de tudo isso os políticos nos pedem muito pouco, “apenas” o nosso voto na urna. A verdade é que inúmeras gerações de cariocas, baianos, brasileiros e brasileiras foram vítimas desse verdadeiro canto da sereia. A ideologia de que a educação sozinha mudará o Brasil é tão falsa quanto os lobos em pele de cordeiro que a vende. O Brasil é um país extremamente desigual. No DNA dessa desigualdade, na cadeia de seus cromossomos, podemos identificar não apenas os políticos e seus governos mas também a hipócrita democracia dos ricos, o próprio Estado e o sistema capitalista.

Educação no Rio, na Bahia e no Brasil: Um paciente em estado terminal.

Quando professores decidem coletivamente ir a greve o fazem não por uma decisão arbitrária mas sim por ver na greve a última saída para defesa da sua profissão e da educação como um todo. Dentre todas as profissões que exigem ensino superior a de educador é de longe a mais desvalorizada. Enquanto cortam recursos da educação os governos impõem que o professor assuma o papel missionário de “salvador” da educação. Nas palavras da professora e vereadora em Natal Amanda Gurgel “ estou nos colocando dentro da sala de aula com um giz na mão pra 'salvar' o Brasil!”

O Brasil, dono da 6 maior economia do mundo, convive com indicadores sociais típicos dos mais empobrecidos países do planeta. Segundo dados do IBGE o analfabetismo voltou a crescer no ano passado e atinge 13,2 milhões de brasileiros( 8,7% da população). Se contarmos o analfabetismo funcional os números sobem para 33 milhões, ou seja, 18% da população brasileira não consegue nem ao menos interpretar/compreender aquilo que lê!

No ensino médio a taxa de evasão no país chega a 50% e quanto a privatização, instalada em todos os níveis educacionais, no caso do ensino superior nos deparamos com o cenário onde 75% das vagas ofertadas estão na rede privada. Chama atenção o exemplo de São Paulo, o mais rico estado da federação, onde do total de vagas ofertadas no ensino superior apenas 13% são em instituições públicas.
10 anos de governo do PT no Brasil: Um triste espetáculo de sonhos despedaçados.

Que governos como os de Paes e Cabral no Rio, Alckimim em São Paulo, Rosalba no Rio Grande do Norte ou, o de ACM Neto em Salvador são inimigos da educação pública todos nós já sabemos. Os partidos da direita brasileira tradicional (PMDB-DEM-PSDB-PSB) representam os interesses daqueles que mantém seus privilégios ás custas do sacrifício da maioria da população. A burguesia brasileira em parceria com o imperialismo não mede esforços para fazer todo tipo de negócio que lhes rendam lucros, incluindo aí o desmonte da educação pública.

Porém, infelizmente o que se viu nos últimos 10 anos de governos petistas foi a manutenção dessa mesma lógica. Lula e agora Dilma, Wagner na Bahia, Haddad em São Paulo e Tarso no Rio Grande do Sul despedaçaram os sonhos de milhões de trabalhadores. A educação sob esses governos permanece como um paciente terminal abandonado nos corredores do SUS sem receber nenhum tipo de tratamento digno. Em 10 anos o investimento em educação saiu de 3% do PIB na era FHC para 5,1% . Um aumento de 2% em 10 anos! Os 10% do PIB prometidos em 2002 foram novamente prometidos apenas para 2023!

Quem luta por educação também diz não ao leilão.

Desgraçadamente no Brasil, descaso, sucateamento e privatização não são “privilégios” da educação e se reproduzem também na saúde, no transportes e demais áreas sociais. Com a descoberta do Pré-sal os trabalhadores e os movimentos sociais foram tomados por uma esperança de que com esses recursos do petróleo os investimentos, tão necessários, finalmente viriam.

Na campanha de 2010 Dilma alimentou essa esperança. A então candidata fez duras críticas as privatizações tucanas da era FHC, exaltou o papel da Petrobras, prometeu que usaria os recursos do Pré-sal pra acabar com a fome e promover uma profunda transformação na saúde e na educação.

Passados 3 anos da campanha Dilma esta prestes a promover um dos maiores ataques a soberania nacional de toda nossa história. O leilão dos poços de petróleo da bacia de Libra marcado para o próximo dia 21 será a maior operação de entrega de recursos brasileiros para as mãos da iniciativa privada nacional e estrangeira. No dia 21 de outubro ao leiloar os poços da bacia de Libra, maior reserva de petróleo pronto para exploração do mundo, Dilma e o PT estarão leiloando também a educação, a saúde, e o futuro das próximas gerações de brasileiros.

O 15 de outubro desse ano terá atos em diversas cidades brasileiras em defesa da educação, em apoio a greve dos professores cariocas e também contra o leilão de Libra. Nesse 15 de outubro educadores, professoras e professores, que pouco ou nada tem há comemorar irão as ruas junto com outros trabalhadores e estudantes dizer não ao leilão de Libra. Vamos mais uma vez tomar conta das ruas e avenidas brasileiras pra defender a educação, a saúde, pra lutar agora por um futuro cada vez mais ameaçado.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Governo Wagner. A mão que afaga os ricos é a mesma que reprime os trabalhadores.


Declaração da direção estadual do PSTU.

 
Terça-feira, 10 de setembro, ainda estávamos nas primeiras horas da manhã quando o MST-BA realizava mais um ato em defesa da reforma agrária e contra a violência no campo. Como parte da manifestação, foi deliberada a ocupação da Secretaria de Segurança pública que tem sido omissa na investigação dos casos de homicídios de ativistas como Fábio Santos Silva, dirigente do MST morto com 15 tiros próximo a cidade de Iguaí no interior do estado. A mesma secretaria que legitima a prisão de manifestantes em atos como o do último 07 de setembro (ao todo 50 prisões) fecha os olhos para os assassinatos de ativistas que lutam pela reforma agrária em todo o interior da Bahia.

Foi aí que um fato inusitado e absurdo ocorreu. O Subsecretário Ary Pereira sacou uma arma e disparou três tiros contra os manifestantes no que foi segundo o próprio “uma ação defensiva com o objetivo de evitar violência e preservar a integridade dos servidores”. De tão absurdo o fato virou noticia e tornou-se manchete dos principais veículos de comunicação do Brasil. Para complementar o circo dos horrores o Secretário de Segurança Pública Maurício Barbosa e o próprio governador Jaques Wagner/PT foram a público defender a atitude do subsecretário. Em entrevista à uma rádio baiana Wagner disse “As pessoas não podem confundir a democracia com baderna” e completou “Daqui a pouco um integrante do movimento ia estar sentado, só me faltava essa, na cadeira do secretário”.

A mão que afaga os ricos...


Na mesma entrevista em que defendeu o seu funcionário Wagner se fez de desentendido ao dizer que “não houve motivo nenhum para que as pessoas tivessem tentado fazer um ato daquela natureza.” Tal declaração é um retrato do enorme abismo que há entre o PT e as reivindicações dos movimentos sociais e dos anseios do conjunto da classe trabalhadora. Eleito sucessivamente em 2006 e 2010 graças aos votos de milhões de trabalhadores Wagner optou por governar para um punhado de latifundiários, oligarcas e empresários. Para esta minoria privilegiada os 7 anos de PT na Bahia tem proporcionando altos lucros e largos sorrisos estampados em suas caras de pau.

O entusiasticamente celebrado crescimento econômico do estado esta longe de proporcionar uma melhora nos indicadores sociais. A política econômica de Wagner é pautada por um desenvolvimento nos marcos de uma entrega das riquezas do estado ao setor privado. Wagner loteou a Bahia ao empresariado e o reflexo disso pode-se perceber na privatização das estradas e no avanço do controle das multinacionais em setores como a mineração, a agropecuária e o setor petroquímico e automotivo.

O outro lado da moeda são os indicadores sociais. A Bahia é líder nacional de rankings nada honrosos como analfabetismo, déficit de moradias, violência e desemprego. É como se existissem duas Bahias; uma é a dos ricos e das propagandas do governo, a outra é a Bahia real, cada vez mais desigual e com a grande maioria da população vendo suas condições de vida descendo ladeira abaixo.

...é a mesma que reprime os trabalhadores


Os anos de chumbo do Carlismo ainda proporcionam um frio na espinha de quem viveu sob o regime do Coronel ACM. Porém infelizmente, de 2007 pra cá a Bahia ganhou um novo “cabeça branca” dessa vez chamado Jaques Wagner que incorporou ao seu governo o mesmo repertório carlista no trato com os movimentos sociais.

Ainda em 2007, nos primeiros meses de governo, mandou prender dirigentes da APLB( sindicato dos professores da educação básica), daí por diante seguiu com as portas do gabinete da governadoria fechadas para o diálogo com os trabalhadores, mesma orientação adotada pela Assembleia legislativa que não fez outra coisa senão referendar os inúmeros ataques de Wagner ao funcionalismo. No ano passado diante das greves da PM e dos professores da rede estadual Wagner foi implacável. Recusou diálogo , rejeitou as propostas dos movimentos e impôs por meio da força o final de ambas as greves.

No caso da PM contou com o apoio de Dilma que mandou para a Bahia destacamentos do exército e da força nacional de segurança; já em relação a greve da educação o governador petista impôs 5 meses de salários cortados, contratou professores substitutos, demitiu lideranças, e uma série de outras iniciativas todas voltadas para derrotar o movimento.

O desempenho do governo petista no “enfrentamento” aos movimentos sociais faria o nada saudoso ACM sentir inveja. O PT que nos anos 80 forjou-se nas lutas dos trabalhadores que derrubaram a então moribunda Ditadura já não existe mais. Talvez exista apenas na lembrança dos milhares de ativistas honestos que participaram de sua fundaram e viveram os seus primeiros anos. Na prática a dura realidade nos mostra que o PT de hoje governa para os ricos e com os ricos, aliou-se aos figurões da direita tradicional como Sarney, Renan e até Maluf, e aqui na Bahia se juntou aos ilustres “ex-carlistas” Otto Alencar e César Borges. Por isso agora dá aos movimentos sociais o mesmo tratamento dado outrora por governos como o de FHC e ACM.

É por isso que Wagner apoiou a atitude do Subsecretário Ary Pereira. Wagner e o PT agem conforme a mesma lógica de seus aliados burgueses, a lógica que diz que vale tudo para preservar a ordem. Vale prender manifestante, vale marchar com a cavalaria da PM sobre manifestação em defesa do passe livre, vale entrar com viaturas nos bairros populares e assassinar jovens negros, vale cortar salários, criminalizar greves, perseguir lideranças grevistas, e vale até mesmo, porquê não?, disparar na direção de integrantes do MST que foram até a Secretaria de segurança pública reivindicar investigação e punição aos responsáveis pela violência no campo.

A postura de Wagner diante desse caso em nada nos surpreende. Mais do que isso, trata-se de mais um triste exemplo de um governo que transformou os sonhos de mudança de milhões de trabalhadores em pesadelo. A militância petista que ainda hoje reproduz a ideia do governo em disputa se calou mais uma vez. As centrais também nada disseram, CUT e CTB, as duas maiores centrais do estado fizeram fervorosa campanha para Wagner e a cada luta que eclode esforçam-se para evitar que se choquem com o governo. Diante de mais essa traição, de mais esse atestado inequívoco de um governo que voltou as costas para os trabalhadores devem essas Centrais decidir se estão com os trabalhadores ou seguirão com Wagner.

Nos solidarizamos com os ativistas do MST e os inúmeros outros lutadores do campo e da cidade que se enfrentam com a criminalização. Exigimos de Wagner a imediata exoneração de Ary Pereira e também do secretário Maurício Barbosa gestor de uma política de segurança pública que tem produzido um verdadeiro genocídio ao povo negro e pobre da Bahia. Exigimos também celeridade na investigação e prisão dos responsáveis pelos assassinatos de ativistas do campo como Fábio Silva.

Abaixo a criminalização dos movimentos sociais!
Exoneração imediata de Ary Pereira e Maurício Barbosa!
Investigação e prisão dos responsáveis pelos assassinatos dos lutadores do campo!
Expropriação dos latifúndios sem indenização aos latifundiários!
Por uma reforma agrária controlada pelos trabalhadores!


Direção Estadual do PSTU.
Salvador, 12 de setembro de 2012.


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Na Bahia e no Brasil o flagelo da violência tem raça e classe.


Basta de extermínio ao povo negro! Wagner e Dilma, não queremos novos Amarildos.


Jean Montezuma.

Secretaria de negras e negros BA.


Nas últimas 2 semanas duas marchas organizadas por entidades e organizações ligadas ao movimento negro tomaram as ruas do centro de Salvador. Nas faixas, cartazes e reivindicações, a mesma exigência: O fim do genocídio ao povo negro e pobre. A escalada da violência em todo o estado salta aos olhos e na região metropolitana da capital um estudo feito em 2011 apontou que a cada 3 minutos e 20 segundos uma pessoa é assassinada. A verdade é que a Região metropolitana de Salvador é uma das mais violentas do país com uma taxa de 75,3 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes. Os dados referentes apenas a Salvador apontam uma taxa de 54 homicídios para cada 100 mil habitantes. Em Simões Filho os números em 2012 chegaram a assustadores 146 homicídios para cada 100 mil, dados que concederam a cidade da região metropolitana de Salvador o ingrato título de mais violenta do país.

As vítimas tem raça e classe.

Recentemente no Rio de Janeiro o caso do desaparecimento do pedreiro Amarildo com envolvimento direto de policiais militares gerou grande comoção e ganhou espaço na mídia. Na região metropolitana de Salvador, assim como em todas as grandes cidades brasileiras, existem inúmeros Amarildos; muitos são os desaparecidos, inúmeros são os assassinados. Crimes praticados diretamente pela policia ou pelos famigerados grupos de extermínio que atuam impunemente, muitos deles organizados por policiais civis e militares. A justificava dada é sempre a mesma que já estamos cansados de ouvir: “suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas”.

O ano era 2010, Joel é um menino negro de apenas 10 anos de idade morador do bairro de Amaralina em Salvador. O jovem se preparava para dormir quando foi atingido no rosto por uma bala que saiu da arma de um policial que junto com outros 8 policiais atiravam deliberadamente contra as casas da rua do bairro pobre onde o garoto morava. Hoje três anos depois os responsáveis por esse crime permanecem impunes. É difícil encontrar uma pessoa, mesmo entre os que pertencem aos setores médios da sociedade, que não conheça um caso de violência na sua família ou com amigos. Todos os dias os jornais noticiam crimes bárbaros; são assaltos, estupros, chacinas, crimes que chocam a opinião pública. Porém, quando dizemos que no Brasil o flagelo da violência tem raça e classe refere-se a constatação concreta de que há uma política de segurança pública voltada para a criminalização da pobreza incrementa por um racismo institucionalizado.

A ideologia que norteia os aparatos responsáveis pela segurança pública ainda hoje carrega a herança preconceituosa dos séculos de escravidão, preserva a repugnante mentalidade de que os negros são os agentes da violência e não a toa em muitos cidades, apenas para citar um exemplo simples porém relevante, a base dos retratos falados continuam sendo as características fenotípicas atribuídas aos negros. É como se diz na periferia de Salvador: “ Pra polícia,branco correndo na rua tá com pressa. Preto correndo na rua é ladrão”

Apartheid disfarçado todo dia.

Segundo dados do mapa nacional da violência os negros equivalem a 79% das vítimas de homicídio. São jovens entre 18 e 25 anos, moradores da periferia e a grande maioria sem passagem na policia. Outro exemplo concreto do vínculo umbilical da questão raça/classe no que diz respeito a violência é o ranking dos bairros considerados mais violentos pela policia na grande Salvador. Bairros como Paripe, Periperi, Beiru/Tancredo Neves, Arenoso, Pernambués e Liberdade, possuem em comum o fato de sua população ser formada por trabalhadores, pessoas de baixa renda, e na sua ampla maioria negros e negras.

Resguardados pela justificativa do combate ao crime organizado a policia quando entra nesses bairros vai preparada para guerra. Não somos defensores do tráfico, é bom que se diga que as custas da morte de milhares de jovens negros e pobres o mercado paralelo das drogas e do contrabando de armas movimenta milhões de dólares todos anos, dinheiro que vai para o bolso dos grandes traficantes e financiadores que não moram nas favelas. Porém, entre as facções criminosas e a ação da policia militar nos posicionamos ao lado dos trabalhadores.

São os trabalhadores e as trabalhadoras as maiores vítimas. São eles que tem suas casas invadidas, suas vidas devastadas, seus filhos mortos pelo tráfico, pelas drogas e muitas, muitas vezes pela policia. Se observamos esses mesmos bairros tomados como exemplos veremos que não por mera coincidência são os mesmos onde o poder público esta mais ausente. A determinação que sobra na hora de invadir com as viaturas desaparece na hora de construir escolas, postos de saúde da família, creches, ruas pavimentadas, centros comunitários de cultura e lazer e tantas outras ações imprescindíveis para garantia de condições dignas de vida.

Uma das facetas perversas do capitalismo fica visível quando examinamos que os chamados “bolsões da violência” são justamente as regiões das grandes cidades onde o IDH aponta para uma situação de vulnerabilidade social. A única forma concreta de combater o crescimento da violência é atingindo as suas raízes, a saber, as desigualdades sociais engendradas pelo capitalismo.

Na contramão dessa necessidade, o plano nacional de segurança desenvolvido nos anos Lula e que segue sendo aplicado tem quase 90% de seu orçamento dedicado a compra de armamento, munição, viaturas, helicópteros e construção de presídios. Pergunto aos entusiastas do governo, cadê a tão falada preocupação social? Enquanto Dilma em Brasília e Wagner na Bahia governam com a mesma política de segurança pública que outrora governaram FHC e Antônio Carlos Magalhães, os jovens negros continuam morrendo, como diz a música do grupo o Rappa, num “tribunal de rua, onde o cano do fuzil reflete o lado ruim do Brasil”.


Uma vez mais sobre o mito da democracia racial no Brasil.

Não são poucos os ideólogos que sustentam a ideia de que no Brasil vivemos uma democracia racial. Parte da esquerda, incluindo aí os mais honestos estudiosos, que anteriormente questionavam essa tese mudaram de opinião após os 10 anos de governo do PT. Afirmam que após as políticas implementadas por Lula e Dilma se abriu um processo de superação do racismo no Brasil. Esse processo seria fruto de um maior compromisso dos governos petistas com a questão racial e se basearia na ampliação de oportunidades ao povo negro.

É a população negra a mais assistida com programas sociais como o bolsa família e o minha casa minha vida. No âmbito da educação tem a política de cotas e o PROUNI. Porém, os eufóricos defensores do governo no âmbito da questão racial ficam sem palavras quando são questionados sobre a diferença entre a fortuna que o governo entrega todos os anos aos banqueiros, em forma de juros da dívida pública, e o orçamento do bolsa família. Também dão voltas e não conseguem explicar de forma satisfatória porque aos invés de financiar as Universidades públicas e garantir uma radicalização da aplicação das cotas, o governo opta por conceder isenção aos barões do ensino que abrem as portas para que a juventude negra ocupe as vagas ociosas das suas Uniesquinas. Por trás de sua faixada progressiva o PROUNI esconde uma política de privatização do ensino superior na medida em que estimula e financia o setor privado ao mesmo tempo em que as Universidades públicas convivem com orçamentos cada vez mais anêmicos.

O setor do movimento negro que entrou de malas e bagagens nos governos federal e estadual não consegue explicar o vexame que foi a aprovação do Estatuto da igualdade racial. Após amargar anos e anos no Congresso o Estatuto apresentado pelo movimento foi fatiado, remendado e teve dele retirado inúmeros pontos fundamentais para os negros e negras.

No Brasil da “democracia racial” ou, como preferem os governistas, o Brasil que está “superando” o racismo, o Estatuto da igualdade racial aprovado e celebrado não garante a posse de terras aos quilombolas, não garante as cotas nos serviços públicos, exclui da sua redação a existência dos mais de três séculos de escravidão no país, diga-se de passagem um crime de falsificação histórica dos mais abomináveis das história brasileira.

Basta de extermínio! Não queremos novos Amarildos!

No último dia 22 de agosto estivemos presentes nas inúmeras marchas da periferia que levaram a bandeira da luta contra o genocídio do povo negro para as ruas de várias capitais brasileiras. Em Salvador a grande marcha se concentrou em frente ao quartel da policia militar e depois ganhou as ruas até a praça da Piedade, tradicional palco de manifestações da cidade, local onde os heróis negros da revolução dos Búzios foram enforcados pelo governo colonial no século XVIII.

No caso particular da Bahia é fundamental exigir do governo Wagner a imediata investigação e julgamento dos casos de extermínio que assolam nosso estado. Casos como o do menino Joel  não podem permanecer impunes. A policia baiana é número um em homicídios no Brasil com a conivência do governo do PT e por isso, é preciso uma nova política de segurança pública que deixe para trás os absurdos gastos com armas e privilegie o investimento em áreas sociais. É necessário por um fim a ação dos grupos de extermínio com a prisão dos envolvidos e condenação mediante juri popular. Também é preciso encarar o debate sobre a desmilitarização da policia em prol de uma nova policia mais democrática, onde haja liberdade de organização sindical para os policiais e controle por parte da população.


Lutamos sob a bandeira de raça e classe.

Malcon X, um dos maiores mártires da luta negra no século XX, disse uma vez: “Não há capitalismo sem racismo”. Essa frase simples traz grandes consequências e uma profunda diferenciação até mesmo no campo daqueles que lutam contra o racismo. No auge da luta negra por direitos civis nos Estados Unidos Malcon concebia como indissociáveis a luta contra o racismo como ideologia e o capitalismo como sistema. Um amplo setor do movimento negro baiano e brasileiro perdeu de vista essa questão abandonando a perspectiva classista e colocando em seu lugar uma nova perspectiva, o empoderamento.

Nutrimos um verdadeiro ódio, de raça e classe, pelos racistas que não suportam ver negros ocupando cargos de chefia ou alcançando perante a sociedade um destaque distinto daquele que nos é atribuído nas páginas policiais dos jornais. Porém, de forma fraterna fazemos aos setores do movimento negro que adotaram a perspectiva conciliatória do empoderamento como estratégia o seguinte questionamento: Pensando em bairros como o da Liberdade em Salvador, é possível empoderar a todos? O capitalismo realmente é capaz de dar igualdade de condições sociais para todos os negros? E o que acontece com aqueles infelizes que não se “empoderarem”?

E mais, quanto aos “empoderados”, é possível nós negros utilizarmos as engrenagens do regime democrático burguês e do estado capitalista contra o próprio Capital? E quanto ao governo Obama? o mais categórico exemplo de empoderamento resultou em transformações progressivas para os negros? Tenha certeza que em relação a essa última pergunta os Haitianos que tiveram sua autonomia roubada pelos Estados Unidos com o apoio do exército brasileiro seriam os mais indicados para responder e com certeza a resposta seria um sonoro não!

Não é possível combater o racismo a revelia da luta contra o capitalismo pois a destruição deste é fundamental para a superação do outro. Por isso lutamos sob a bandeira de raça e classe. O embate cotidiano contra todas as manifestações do racismo é fundamental e deve estar associado a estratégia classista e socialista de derrubada do sistema capitalista junto com os seus governos e regimes que não fazem outra coisa senão perpetuar as desigualdades e as contradições que flagelam nosso povo.


terça-feira, 27 de agosto de 2013

30 de agosto, A Bahia deve parar!



30 de agosto, A Bahia deve parar!


Declaração da direção estadual do PSTU

No dia 11 de julho, o Brasil vivenciou um dia nacional de greves e paralisações com uma magnitude que não se via desde os anos 80. A partir do chamado feito pelas maiores Centrais Sindicais do país, sindicatos, movimentos sociais da cidade e do campo, além da juventude, fizeram grandes passeatas, pararam fábricas, trancaram estradas, enfim, mostraram para o governo um pouco da força que tem a classe trabalhadora quando se coloca em movimento.

Só é possível entender a magnitude e o significado do dia 11 enxergando-o como parte de uma nova realidade política que se iniciou em nosso país a partir das jornadas de junho protagonizadas pela juventude. Enquanto a mídia e os mais apressados cientistas políticos arvoraram-se em dizer que o gigante já havia voltado a dormir, a nova onda de ocupações de Câmaras municipais e Assembléias legislativas que marcam esse mês de agosto demonstram com firmeza que ainda tem muita água pra passar debaixo da ponte e os governos seguem contra a parede.

Esse momento de virada na realidade política brasileira coincidiu com o momento de maior instabilidade na economia do país. A estabilidade da economia brasileira tão propagandeada por Dilma já sofre com maior intensidade os efeitos da crise econômica internacional. Desde o início do ano, o ritmo de investimentos no país vem diminuindo e essa diminuição, que já atingiu a produção industrial, é o motivo pelo qual sucessivamente o Ministro Mantega tem sido forçado a reduzir as expectativas de crescimento do PIB para 2013. Agora mais recentemente, a alta do dólar se incorpora como mais um elemento que deixa claro que os ventos que sopram da Europa e do norte da África já chegam ao Brasil com mais força do que dizia há meses atrás os representantes do governo. Os maiores prejudicados, mais uma vez, são os trabalhadores. Basta ir ao supermercado para ver como os preços dos alimentos subiram e o aumento da gasolina provocará uma reação em cadeia que trará mais carestia de vida para a parcela da população que recebe entre 1 e 2 salários mínimos.

Por isso, não foi por mera coincidência que das jornadas de junho e do 11 de julho saíram reivindicações marcadas pela exigência de maiores investimentos nas áreas sociais, investimentos que devem servir pra dar melhores condições de vida para os jovens e a classe trabalhadora. Transporte, saúde e educação de qualidade são tudo o que a esmagadora maioria da população brasileira precisa e não tem porque os governos entregam a riqueza do país aos bolsos dos empreiteiros, banqueiros e especuladores. Sem contar todo o dinheiro que se perde com a corrupção e as grandes “negociatas” tão comuns na realidade brasileira como o mensalão e das quais o escândalo das licitações do metrô de São Paulo é o exemplo mais recente.

No próximo dia 30 de agosto ocorrerão em todo o Brasil greves, paralisações, passeatas, bloqueios de estradas. Será mais um dia voltado para unificação das lutas e para mostrar aos governos que a luta continua e esta longe de acabar.

Por que a Bahia deve parar?

A realidade baiana é um retrato fiel do que ocorre à escala nacional. O governador Wagner/PT orgulha-se e faz muita propaganda dos resultados econômicos da Bahia. Porém a política econômica do governador petista é pautada por um desenvolvimento nos marcos de uma entrega das riquezas do estado ao setor privado. Na Bahia nunca se privatizou tantas estradas e nunca se teve tantos pedágios como agora no governo petista. O setor da mineração esta praticamente todo entregue para a exploração das multinacionais e na agricultura enquanto os pequenos produtores rurais se arruinaram com a seca, avança o controle de grupos estrangeiros que lucram com o grande latifúndio da soja e do algodão. A região metropolitana de Salvador tem uma das maiores taxas de desemprego do país (19,1% em junho) e a violência que tem como maiores vítimas a população negra, em especial a juventude, tem vivido uma escalada de crescimento e um dos seus símbolos é o macabro título que tem a polícia baiana, a que mais mata no Brasil.

Wagner se elegeu em 2006 e 2010 valendo-se do desejo dos baianos de deixarem para trás os anos de chumbo do Carlismo. Em 7 anos, o retrato da realidade baiana nos mostra que ele fez a opção de seguir governando para os ricos e até mesmo traços marcantes da administração do nada saudoso ACM foram preservados pelo governo petista. Um desses traços é o arrocho ao funcionalismo público, vide que em 7 anos sucessivas greves foram realizadas pelos servidores exigindo melhores salários e condições de trabalho e também para se confrontar com ataques como o que Wagner fez ao PLANSERV (Plano de saúde do funcionalismo público estadual) em 2011. Outro traço Carlista adotado foi a crueldade com que tratou as greves, em especial a da educação em 2012 que durou 115 dias e foi criminalizada pelo governador. Segurança pública com Wagner também é no melhor estilo dos governos da direita e da era Antônio Carlos Magalhães. A polícia militar da Bahia é a que mais mata no Brasil, apoiada por Wagner que vincula quase a totalidade da verba para segurança no estado à compra de viaturas, armamento e construção de novas unidades prisionais.

A experiência ruim feita pelos trabalhadores com Wagner gerou tamanha desilusão que em 2012 o PT saiu derrotado na disputa eleitoral em 4 das 5 maiores cidades do estado. Em Salvador, ACM Neto derrotou o candidato petista, uma derrota semeada pelas sucessivas traições que o PT impôs aos trabalhadores. De volta ao comando da capital, os Democratas não farão outra coisa senão acelerar o processo de privatização da cidade que já vinha sendo aplicado pelo ex-prefeito João Henrique com a conivência do PT.

O caos do trânsito segue reinando em Salvador e sua combinação com o péssimo serviço de transporte público tem causado muito sofrimento e fazendo os trabalhadores soteropolitanos adoecerem. Numa demonstração clara de compromisso com os interesses privados que lucram com o setor de transporte em Salvador, ACM Neto já anunciou sua intenção de privatizar o mais rápido possível a estação da Lapa, maior da cidade, e o secretário de transportes José Carlos Aleluia no auge das manifestações de junho não teve o menor pudor ao declarar que o passe livre em Salvador “está fora de cogitação, é uma proposta sem base na realidade”. Enquanto as maiores cidades do país tiveram suas tarifas reduzidas, em Salvador a prefeitura já anunciou que não pretende reduzir o preço pago pela passagem.

É hora de unificar as lutas para derrotar Neto e Wagner!

Neto e Wagner governam para os ricos. Empresários, empreiteiros e latifundiários são os seus parceiros e estes de modo algum precisam de serviços públicos como saúde, transporte e educação. É justamente ao contrário; para que os interesses dessa classe de privilegiados sejam atendidos se faz necessária a retirada de investimentos e por consequência o sucateamento dos serviços públicos.
No dia 30 de agosto a juventude e os trabalhadores, os sindicatos, os movimentos sociais da cidade e do campo, a esquerda classista e socialista, devem se unificar junto às Centrais sindicais e fazer uma verdadeira greve geral na Bahia.

Nesse sentido, dialogamos com o PCdoB que justamente pelo peso que tem no seio da classe trabalhadora baiana pode cumprir um papel decisivo no dia 30. Durante a greve da educação em 2012, ficou evidente as contradições do partido que, ao mesmo tempo que tinha sua militância inserida na categoria e  na direção da APLB/Sindicato, tinha também cargos e apoiava o governador Wagner, maior inimigo e responsável pelos duros ataques que levaram os professores à greve. Em vários outros momentos de luta essas contradições se fizeram presentes e agora mais uma vez. Às vésperas desse grande dia de luta dos trabalhadores é necessário que o PCdoB reflita a posição que irá adotar. Exigimos desse partido, que está na direção da CTB da Bahia e tem seus militantes integrando a direção dos maiores sindicatos do estado, que convoque os trabalhadores a parar; bancários, metalúrgicos, professores, operários da construção civil, o dia 30 de agosto pode e deve ser um dia de greve geral na Bahia! Para tanto, assim como fizemos na greve da educação em 2012, mais uma vez perguntamos ao PCdoB, entre o apoio ao governo Wagner e a luta dos trabalhadores o que vai pesar mais?

A militância do PSTU está engajada por fazer do dia 30 um dia histórico para os lutadores e lutadoras de nosso estado. O dia 11 foi uma demonstração do que é possível ser feito. Em todo o estado houve atos e paralisações e na região metropolitana de Salvador os efeitos da mobilização mudaram a rotina da cidade. É possível, mais do que isso, é preciso parar! É hora de unificar as reivindicações e fazer valer a força daqueles que não fogem da luta. Frente ao governo burguês de ACM Neto e da traição de Wagner a única saída para os jovens e trabalhadores é depositar toda sua confiança na sua própria força, na sua capacidade de lutar e de mudar as coisas.
A virada na realidade política brasileira inaugurada nas jornadas de junho e que teve um novo capitulo no dia 11 de julho deve se aprofundar. A experiência recente desses 2 últimos meses resgatou com toda a força a máxima que diz que para mudar a realidade é preciso lutar, e é possível vencer.

-Chega de dinheiro para as grandes empresas! Por um plano econômico a serviço dos trabalhadores e da juventude!
- Recursos púbicos para os serviços públicos e valorização dos servidores!
-Passe livre para todos os estudantes e desempregados!
-Pela criação da empresa municipal de transportes! Pelo fim do SETPS!
-Aumentos salariais já! Redução e congelamento dos preços dos alimentos e tarifas!
-Wagner, cadê os nossos Amarildos? Pelo fim do genocídio ao povo pobre e negro!
-Desmilitarização da PM! Pelo fim da repressão e infiltração policial dos movimentos!
-Contra a opressão às mulheres, negros e homossexuais! Fora Feliciano! Trabalho igual, salário igual!
-Pela criminalização da homofobia!
-Nem direita nem PT, trabalhadores no poder!

Salvador, 26 de agosto de 2013.
Diretório Estadual do PSTU.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Declaração da Esquerda Socialista: PSOL e PSTU

 02 de Julho é dia de luta

Lutar contra os governos de ACM Neto, Wagner e Dilma!
Jovens e trabalhadores em luta, a saída é pela Esquerda!

                     
Mais uma vez diante de nós se avizinha o 2 de Julho. O dia em que se comemora a independência da Bahia e a batalha que foi dada pela libertação do nosso país da opressão e dominação colonial de Portugal. É também o 2 de Julho, o dia em que os movimentos sociais, os sindicatos, os partidos da esquerda e os trabalhadores em geral tomam as ruas do centro de Salvador para lutar, ainda hoje, por uma segunda e verdadeira independência pois de modo algum pode ser livre o estado e o país cujo o povo ainda sofre com injustiças sociais tamanhas. A burguesia e a elite brasileira, herdeira dos antigos senhores de engenho e submissa ao imperialismo é responsável pelo roubo das riquezas do Brasil e a exploração do nosso povo. Esses setores encontram-se nesse momento acuados, assustados com a inesperada explosão de manifestações e a multidão de jovens indignados que tomou as ruas do Brasil nesse mês de junho.
                       
A jornada de mobilizações no mês de junho de 2013 já entrou para história.  Não foi a seleção e a Copa das Confederações ou o carnaval, mas a juventude brasileira que deu um verdadeiro espetáculo e despertou a atenção do mundo. O espetáculo das ruas tomadas por milhões sacudiu o país, transformando indignação em ação, desafiando a dura repressão dos policiais militares e questionando os governos e as velhas instituições corruptas do sistema politico brasileiro, como o congresso nacional. Após 10 anos de governo, o PT, outrora portador dos sonhos de mudança dos jovens e trabalhadores, segue apostando em uma política econômica neoliberal que tem contribuído para tornar o Brasil um dos países mais desiguais do mundo. A fábula dos grandes eventos, a Copa e as Olimpíadas, que gerariam benefícios para a população transformou-se em pesadelo diante da absurda contradição entre os estádios majestosos e as escolas, hospitais e serviços públicos cada vez mais sucateados. A copa da FIFA, das empreiteiras e das multinacionais, é também, por outro lado, a copa das remoções, das obras superfaturadas, das privatizações, da corrupção. Essa copa de fato não é do povo.
                       
Por todo o Brasil somos parte dessa enorme multidão que tem ocupado as ruas, praças e avenidas. Compreendemos que o sentimento apartidário e os gritos de “sem partidos” expressam algo muito progressivo de rechaço a tudo o que está ai, a roubalheira geral dos políticos, a corrupção generalizada, o oportunismo eleitoreiro da politica brasileira e por fim a desilusão e decepção de milhões de brasileiros com a traição do PT, que se transformou em um partido da “ordem”. Felizmente a esquerda brasileira não se resume ao destino seguido pelo PT. Nas campanhas salariais, nas greves, nos canteiros de obra, nas Universidades, no interior dos movimentos populares e de luta contra as opressões, na luta por moradia e terra, existe uma militância de esquerda que não se vendeu por cargos, que não abriu mão da defesa dos trabalhadores. Por isso resistimos às ações dos provocadores e infiltrados que tem se inserido nas mobilizações para atacar a esquerda socialista, inclusive tentando fracionar os movimentos sociais.
                      
Para enfrentar esses governos que nada fazem pela melhoria da vida do nosso povo que nós do PSTU e do PSOL fazemos um chamado para um 2 de Julho de luta. Nossos partidos estarão presentes e convocamos todos os lutadores para juntos mostrarmos o tamanho de nossa indignação e da nossa disposição de lutar. Para que os governantes não mais duvidem da força dos jovens e trabalhadores baianos em luta.


- Por um 02 de julho de luta contra os ataques de Neto, Wagner e Dilma!
-05 de junho: Venha para plenária sindical da esquerda classista e socialista. (Auditório do Sintel)
 - 11 de julho: Dia nacional de luta com paralisações, greves e atos nas ruas!
-Todo apoio às manifestações! Contra a criminalização e a repressão policial!
-Menos dinheiro para Copa, mais dinheiro para saúde, transporte e educação!
-Aumento dos salários para compensar a inflação!
-Municipalização do transporte coletivo de Salvador! Pelo fim do SETPS!
-Congelamento do preço dos alimentos e das tarifas públicas!



Salvador, 30 de junho de 2013.