domingo, 14 de junho de 2015

E a refundação do PT?


André Freire,
de Salvador.

 

            Acabou ontem, aqui em Salvador (BA), o V Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT).      

            Nas semanas que antecederam o encontro petista, se intensificaram discussões sobre a possibilidade de uma espécie de refundação do PT, um movimento que aproximaria novamente essa organização de suas origens, próxima as lutas dos trabalhadores e dos movimentos sociais.

            O discurso sobre a necessidade dessa refundação do PT foi estimulado pelo próprio ex-presidente Lula, por correntes que se dizem mais à esquerda no partido, figuras públicas como o ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, Paul Singer, entre outras. Também setores da CUT, a direção do MST e organizações políticas como a Consulta Popular e o Levante Popular da Juventude, alentaram essa idéia. Gerando uma expectativa, inclusive, que esse Congresso poderia significar uma reação contra a política de ajuste fiscal do Governo Dilma.

           
Mas, a própria presença da Presidente Dilma na abertura do evento, discursando para uma platéia fechada somente aos delegados e dirigentes petistas, defendendo de forma contundente o ajuste fiscal e cobrando o apoio do PT as suas medidas mais duras, já mostravam os limites da ilusão da refundação do PT.

            Os resultados práticos demonstram que apesar dos discursos que prometiam mudanças de rumo, o que de fato se efetivou foi a manutenção da política atual, ou seja, a subordinação do PT ao governo Dilma e, principalmente, a subordinação do governo Dilma e do PT aos interesses do grande capital.

            As resoluções são categóricas: nenhuma crítica a atual política econômica, nem o esperado pedido de demissão do  Ministro Levy, a manutenção da aliança com o PMDB de Michel Temer, Eduardo Cunha e Renan Calheiros não só para o governo federal mas também para as eleições municipais de 2016, entre outras.

            Chama a atenção, inclusive, que o Congresso adiou a decisão sobre a aceitação do financiamento das grandes empresas ao partido e suas campanhas eleitorais, passando a palavra final sobre o assunto ao Diretório Nacional. Ou seja, todo mundo sabe que o PT seguirá sendo um dos principais partidos financiados pelas grandes empresas, especialmente as empreiteiras, os bancos e o agronegócio. O que fica ainda mais explícito, inclusive, com a divulgação do financiamento de empreiteiras ao Instituto de Lula.

            É completamente errôneo  pensar que essa subordinação aos interesses das grandes empresas começou agora, no segundo mandato de Dilma. Muitos setores buscam afirmar que o problema começou com a nomeação de Joaquim Levy, Kátia Abreu, Kassab, etc. Que existe somente agora um plano econômico neoliberal com o Ministro-banqueiro Joaquim Levy, que seria oposto a um pseudo-plano econômico neo-desenvolvimentista aplicado pelo ex-Ministro Mantega, nos anos anteriores, entre outras ideologias que visam encobrir o real problema, a opção da direção do PT em governar com e para as grandes empresas.

            Afinal, desde o primeiro mandato de Lula a política foi de governar em aliança com o grande capital e os partidos tradicionais da burguesia. Ou alguém se esqueceu que logo no início do seu primeiro governo, em 2003, Lula nomeou Henrique Meirelles, que acabara de ser eleito como Deputado Federal pelo PSDB de Goiás (acabou abrindo mão do mandato), para a Presidência do Banco Central.

            A conclusão, por mais dolorosa que seja, é que os trabalhadores e a juventude que ainda possuem uma referência política no PT, os militantes dos movimentos sociais que ainda estão nesse partido, devem romper imediatamente com essa organização, e procurar a construção de uma alternativa realmente oposta ao projeto de conciliação de classes que significaram os governos nacionais, estaduais e as prefeituras petistas em todo o Brasil.

            A morte do PT como um projeto de transformação social não pode significar a morte da esquerda socialista brasileira.  É hora novamente de levantar a bandeira do socialismo, da defesa firme da classe trabalhadora, da juventude e da maioria do nosso povo. 

            Evitar a construção de alternativas que repitam erros muito semelhantes aos que degeneram o PT, como a prioridade na atuação meramente institucional, as alianças com os partidos da burguesia, o financiamento de campanhas pelas grandes empresas, organizações políticas controladas por parlamentares, entre outros desvios que infelizmente são muito freqüentes na maioria das organizações de esquerda.

           
O PSTU se coloca como uma alternativa para o fortalecimento de um projeto verdadeiramente socialista e dos trabalhadores. Não um projeto já fechado e acabado, mas em permanente construção coletiva. Nossa proposta é a construção de uma organização política formada e controlada pela classe trabalhadora, que se empenhe no dia a dia na luta pelo fim dessa sociedade injusta, marcada pela terrível exploração e absurdas opressões.

            Com a degeneração final do PT, levantamos bem alto a nossa bandeira vermelha, a favor das lutas e do socialismo.

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