André Freire,
de Salvador.
Acabou ontem, aqui em Salvador
(BA), o V Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT).
Nas semanas que
antecederam o encontro petista, se intensificaram discussões sobre a
possibilidade de uma espécie de refundação do PT, um movimento que aproximaria
novamente essa organização de suas origens, próxima as lutas dos trabalhadores
e dos movimentos sociais.
O discurso sobre a
necessidade dessa refundação do PT foi estimulado pelo próprio ex-presidente
Lula, por correntes que se dizem mais à esquerda no partido, figuras públicas
como o ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, Paul Singer, entre
outras. Também setores da CUT, a direção do MST e organizações políticas como a
Consulta Popular e o Levante Popular da Juventude, alentaram essa idéia.
Gerando uma expectativa, inclusive, que esse Congresso poderia significar uma
reação contra a política de ajuste fiscal do Governo Dilma.
Mas, a própria presença
da Presidente Dilma na abertura do evento, discursando para uma platéia fechada
somente aos delegados e dirigentes petistas, defendendo de forma contundente o
ajuste fiscal e cobrando o apoio do PT as suas medidas mais duras, já mostravam
os limites da ilusão da refundação do PT.
Os resultados práticos
demonstram que apesar dos discursos que prometiam mudanças de rumo, o que de
fato se efetivou foi a manutenção da política atual, ou seja, a subordinação do
PT ao governo Dilma e, principalmente, a subordinação do governo Dilma e do PT
aos interesses do grande capital.
As resoluções são
categóricas: nenhuma crítica a atual política econômica, nem o esperado pedido
de demissão do Ministro Levy, a manutenção da aliança com o PMDB de
Michel Temer, Eduardo Cunha e Renan Calheiros não só para o governo federal mas
também para as eleições municipais de 2016, entre outras.
Chama a atenção,
inclusive, que o Congresso adiou a decisão sobre a aceitação do financiamento
das grandes empresas ao partido e suas campanhas eleitorais, passando a palavra
final sobre o assunto ao Diretório Nacional. Ou seja, todo mundo sabe que o PT
seguirá sendo um dos principais partidos financiados pelas grandes empresas, especialmente
as empreiteiras, os bancos e o agronegócio. O que fica ainda mais explícito,
inclusive, com a divulgação do financiamento de empreiteiras ao Instituto de
Lula.
É completamente errôneo
pensar que essa subordinação aos interesses das grandes empresas começou
agora, no segundo mandato de Dilma. Muitos setores buscam afirmar que o
problema começou com a nomeação de Joaquim Levy, Kátia Abreu, Kassab, etc. Que
existe somente agora um plano econômico neoliberal com o Ministro-banqueiro
Joaquim Levy, que seria oposto a um pseudo-plano econômico
neo-desenvolvimentista aplicado pelo ex-Ministro Mantega, nos anos anteriores,
entre outras ideologias que visam encobrir o real problema, a opção da direção
do PT em governar com e para as grandes empresas.
Afinal, desde o
primeiro mandato de Lula a política foi de governar em aliança com o grande
capital e os partidos tradicionais da burguesia. Ou alguém se esqueceu que logo
no início do seu primeiro governo, em 2003, Lula nomeou Henrique Meirelles, que
acabara de ser eleito como Deputado Federal pelo PSDB de Goiás (acabou abrindo
mão do mandato), para a Presidência do Banco Central.
A conclusão, por mais
dolorosa que seja, é que os trabalhadores e a juventude que ainda possuem uma
referência política no PT, os militantes dos movimentos sociais que ainda estão
nesse partido, devem romper imediatamente com essa organização, e procurar a
construção de uma alternativa realmente oposta ao projeto de conciliação de
classes que significaram os governos nacionais, estaduais e as prefeituras
petistas em todo o Brasil.
A morte do PT como um
projeto de transformação social não pode significar a morte da esquerda
socialista brasileira. É hora novamente de levantar a bandeira do
socialismo, da defesa firme da classe trabalhadora, da juventude e da maioria
do nosso povo.
Evitar a construção de
alternativas que repitam erros muito semelhantes aos que degeneram o PT, como a
prioridade na atuação meramente institucional, as alianças com os partidos da
burguesia, o financiamento de campanhas pelas grandes empresas, organizações
políticas controladas por parlamentares, entre outros desvios que infelizmente
são muito freqüentes na maioria das organizações de esquerda.
O PSTU se coloca como
uma alternativa para o fortalecimento de um projeto verdadeiramente socialista
e dos trabalhadores. Não um projeto já fechado e acabado, mas em permanente
construção coletiva. Nossa proposta é a construção de uma organização política
formada e controlada pela classe trabalhadora, que se empenhe no dia a dia na
luta pelo fim dessa sociedade injusta, marcada pela terrível exploração e
absurdas opressões.
Com a degeneração final do PT,
levantamos bem alto a nossa bandeira vermelha, a favor das lutas e do
socialismo.
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