Declaração da direção
estadual do PSTU
No dia 11 de
julho, o Brasil vivenciou um dia nacional de greves e paralisações com uma
magnitude que não se via desde os anos 80. A partir do chamado feito pelas
maiores Centrais Sindicais do país, sindicatos, movimentos sociais da cidade e
do campo, além da juventude, fizeram grandes passeatas, pararam fábricas,
trancaram estradas, enfim, mostraram para o governo um pouco da força que tem a
classe trabalhadora quando se coloca em movimento.
Só é
possível entender a magnitude e o significado do dia 11 enxergando-o como parte
de uma nova realidade política que se iniciou em nosso país a partir das
jornadas de junho protagonizadas pela juventude. Enquanto a mídia e os mais
apressados cientistas políticos arvoraram-se em dizer que o gigante já havia
voltado a dormir, a nova onda de ocupações de Câmaras municipais e Assembléias
legislativas que marcam esse mês de agosto demonstram com firmeza que ainda tem
muita água pra passar debaixo da ponte e os governos seguem contra a parede.
Esse momento
de virada na realidade política brasileira coincidiu com o momento de maior
instabilidade na economia do país. A estabilidade da economia brasileira tão
propagandeada por Dilma já sofre com maior intensidade os efeitos da crise
econômica internacional. Desde o início do ano, o ritmo de investimentos no
país vem diminuindo e essa diminuição, que já atingiu a produção industrial, é
o motivo pelo qual sucessivamente o Ministro Mantega tem sido forçado a reduzir
as expectativas de crescimento do PIB para 2013. Agora mais recentemente, a
alta do dólar se incorpora como mais um elemento que deixa claro que os ventos
que sopram da Europa e do norte da África já chegam ao Brasil com mais força do
que dizia há meses atrás os representantes do governo. Os maiores prejudicados,
mais uma vez, são os trabalhadores. Basta ir ao supermercado para ver como os
preços dos alimentos subiram e o aumento da gasolina provocará uma reação em
cadeia que trará mais carestia de vida para a parcela da população que recebe
entre 1 e 2 salários mínimos.
Por isso,
não foi por mera coincidência que das jornadas de junho e do 11 de julho saíram
reivindicações marcadas pela exigência de maiores investimentos nas áreas
sociais, investimentos que devem servir pra dar melhores condições de vida para
os jovens e a classe trabalhadora. Transporte, saúde e educação de qualidade
são tudo o que a esmagadora maioria da população brasileira precisa e não tem
porque os governos entregam a riqueza do país aos bolsos dos empreiteiros,
banqueiros e especuladores. Sem contar todo o dinheiro que se perde com a
corrupção e as grandes “negociatas” tão comuns na realidade brasileira como o
mensalão e das quais o escândalo das licitações do metrô de São Paulo é o
exemplo mais recente.
No próximo
dia 30 de agosto ocorrerão em todo o Brasil greves, paralisações, passeatas,
bloqueios de estradas. Será mais um dia voltado para unificação das lutas e
para mostrar aos governos que a luta continua e esta longe de acabar.
Por que a
Bahia deve parar?
A realidade
baiana é um retrato fiel do que ocorre à escala nacional. O governador
Wagner/PT orgulha-se e faz muita propaganda dos resultados econômicos da Bahia.
Porém a política econômica do governador petista é pautada por um
desenvolvimento nos marcos de uma entrega das riquezas do estado ao setor
privado. Na Bahia nunca se privatizou tantas estradas e nunca se teve tantos
pedágios como agora no governo petista. O setor da mineração esta praticamente
todo entregue para a exploração das multinacionais e na agricultura enquanto os
pequenos produtores rurais se arruinaram com a seca, avança o controle de
grupos estrangeiros que lucram com o grande latifúndio da soja e do algodão. A
região metropolitana de Salvador tem uma das maiores taxas de desemprego do
país (19,1% em junho) e a violência que tem como maiores vítimas a população
negra, em especial a juventude, tem vivido uma escalada de crescimento e um dos
seus símbolos é o macabro título que tem a polícia baiana, a que mais mata no
Brasil.
Wagner se
elegeu em 2006 e 2010 valendo-se do desejo dos baianos de deixarem para trás os
anos de chumbo do Carlismo. Em 7 anos, o retrato da realidade baiana nos mostra
que ele fez a opção de seguir governando para os ricos e até mesmo traços
marcantes da administração do nada saudoso ACM foram preservados pelo governo
petista. Um desses traços é o arrocho ao funcionalismo público, vide que em 7
anos sucessivas greves foram realizadas pelos servidores exigindo melhores
salários e condições de trabalho e também para se confrontar com ataques como o
que Wagner fez ao PLANSERV (Plano de saúde do funcionalismo público estadual)
em 2011. Outro traço Carlista adotado foi a crueldade com que tratou as greves,
em especial a da educação em 2012 que durou 115 dias e foi criminalizada pelo
governador. Segurança pública com Wagner também é no melhor estilo dos governos
da direita e da era Antônio Carlos Magalhães. A polícia militar da Bahia é a
que mais mata no Brasil, apoiada por Wagner que vincula quase a totalidade da
verba para segurança no estado à compra de viaturas, armamento e construção de
novas unidades prisionais.
A
experiência ruim feita pelos trabalhadores com Wagner gerou tamanha desilusão
que em 2012 o PT saiu derrotado na disputa eleitoral em 4 das 5 maiores cidades
do estado. Em Salvador, ACM Neto derrotou o candidato petista, uma derrota
semeada pelas sucessivas traições que o PT impôs aos trabalhadores. De volta ao
comando da capital, os Democratas não farão outra coisa senão acelerar o
processo de privatização da cidade que já vinha sendo aplicado pelo ex-prefeito
João Henrique com a conivência do PT.
O caos do
trânsito segue reinando em Salvador e sua combinação com o péssimo serviço de
transporte público tem causado muito sofrimento e fazendo os trabalhadores
soteropolitanos adoecerem. Numa demonstração clara de compromisso com os
interesses privados que lucram com o setor de transporte em Salvador, ACM Neto
já anunciou sua intenção de privatizar o mais rápido possível a estação da
Lapa, maior da cidade, e o secretário de transportes José Carlos Aleluia no
auge das manifestações de junho não teve o menor pudor ao declarar que o passe
livre em Salvador “está fora de cogitação, é uma proposta sem base na
realidade”. Enquanto as maiores cidades do país tiveram suas tarifas reduzidas,
em Salvador a prefeitura já anunciou que não pretende reduzir o preço pago pela
passagem.
É hora de
unificar as lutas para derrotar Neto e Wagner!
Neto e
Wagner governam para os ricos. Empresários, empreiteiros e latifundiários são
os seus parceiros e estes de modo algum precisam de serviços públicos como
saúde, transporte e educação. É justamente ao contrário; para que os interesses
dessa classe de privilegiados sejam atendidos se faz necessária a retirada de
investimentos e por consequência o sucateamento dos serviços públicos.
No dia 30 de agosto a juventude e
os trabalhadores, os sindicatos, os movimentos sociais da cidade e do campo, a
esquerda classista e socialista, devem se unificar junto às Centrais sindicais
e fazer uma verdadeira greve geral na Bahia.
Nesse
sentido, dialogamos com o PCdoB que justamente pelo peso que tem no seio da
classe trabalhadora baiana pode cumprir um papel decisivo no dia 30. Durante a
greve da educação em 2012, ficou evidente as contradições do partido que, ao
mesmo tempo que tinha sua militância inserida na categoria e na direção da APLB/Sindicato, tinha também
cargos e apoiava o governador Wagner, maior inimigo e responsável pelos duros
ataques que levaram os professores à greve. Em vários outros momentos de luta
essas contradições se fizeram presentes e agora mais uma vez. Às vésperas desse
grande dia de luta dos trabalhadores é necessário que o PCdoB reflita a posição
que irá adotar. Exigimos desse partido, que está na direção da CTB da Bahia e
tem seus militantes integrando a direção dos maiores sindicatos do estado, que
convoque os trabalhadores a parar; bancários, metalúrgicos, professores,
operários da construção civil, o dia 30 de agosto pode e deve ser um dia de
greve geral na Bahia! Para tanto, assim como fizemos na greve da educação em
2012, mais uma vez perguntamos ao PCdoB, entre o apoio ao governo Wagner e a
luta dos trabalhadores o que vai pesar mais?
A militância
do PSTU está engajada por fazer do dia 30 um dia histórico para os lutadores e
lutadoras de nosso estado. O dia 11 foi uma demonstração do que é possível ser
feito. Em todo o estado houve atos e paralisações e na região metropolitana de
Salvador os efeitos da mobilização mudaram a rotina da cidade. É possível, mais
do que isso, é preciso parar! É hora de unificar as reivindicações e fazer
valer a força daqueles que não fogem da luta. Frente ao governo burguês de ACM
Neto e da traição de Wagner a única saída para os jovens e trabalhadores é depositar
toda sua confiança na sua própria força, na sua capacidade de lutar e de mudar
as coisas.
A virada na realidade política
brasileira inaugurada nas jornadas de junho e que teve um novo capitulo no dia
11 de julho deve se aprofundar. A experiência recente desses 2 últimos meses
resgatou com toda a força a máxima que diz que para mudar a realidade é preciso
lutar, e é possível vencer.
-Chega de
dinheiro para as grandes empresas! Por um plano econômico a serviço dos
trabalhadores e da juventude!
- Recursos
púbicos para os serviços públicos e valorização dos servidores!
-Passe livre para todos os estudantes e
desempregados!
-Pela criação da empresa municipal de
transportes! Pelo fim do SETPS!
-Aumentos salariais já! Redução e
congelamento dos preços dos alimentos e tarifas!
-Wagner, cadê os nossos Amarildos? Pelo fim
do genocídio ao povo pobre e negro!
-Desmilitarização da PM! Pelo fim da
repressão e infiltração policial dos movimentos!
-Contra a opressão às mulheres, negros e
homossexuais! Fora Feliciano! Trabalho igual, salário igual!
-Pela criminalização da homofobia!
-Nem direita nem PT, trabalhadores no poder!
Salvador, 26 de agosto de 2013.
Diretório Estadual do PSTU.
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