terça-feira, 27 de agosto de 2013

30 de agosto, A Bahia deve parar!



30 de agosto, A Bahia deve parar!


Declaração da direção estadual do PSTU

No dia 11 de julho, o Brasil vivenciou um dia nacional de greves e paralisações com uma magnitude que não se via desde os anos 80. A partir do chamado feito pelas maiores Centrais Sindicais do país, sindicatos, movimentos sociais da cidade e do campo, além da juventude, fizeram grandes passeatas, pararam fábricas, trancaram estradas, enfim, mostraram para o governo um pouco da força que tem a classe trabalhadora quando se coloca em movimento.

Só é possível entender a magnitude e o significado do dia 11 enxergando-o como parte de uma nova realidade política que se iniciou em nosso país a partir das jornadas de junho protagonizadas pela juventude. Enquanto a mídia e os mais apressados cientistas políticos arvoraram-se em dizer que o gigante já havia voltado a dormir, a nova onda de ocupações de Câmaras municipais e Assembléias legislativas que marcam esse mês de agosto demonstram com firmeza que ainda tem muita água pra passar debaixo da ponte e os governos seguem contra a parede.

Esse momento de virada na realidade política brasileira coincidiu com o momento de maior instabilidade na economia do país. A estabilidade da economia brasileira tão propagandeada por Dilma já sofre com maior intensidade os efeitos da crise econômica internacional. Desde o início do ano, o ritmo de investimentos no país vem diminuindo e essa diminuição, que já atingiu a produção industrial, é o motivo pelo qual sucessivamente o Ministro Mantega tem sido forçado a reduzir as expectativas de crescimento do PIB para 2013. Agora mais recentemente, a alta do dólar se incorpora como mais um elemento que deixa claro que os ventos que sopram da Europa e do norte da África já chegam ao Brasil com mais força do que dizia há meses atrás os representantes do governo. Os maiores prejudicados, mais uma vez, são os trabalhadores. Basta ir ao supermercado para ver como os preços dos alimentos subiram e o aumento da gasolina provocará uma reação em cadeia que trará mais carestia de vida para a parcela da população que recebe entre 1 e 2 salários mínimos.

Por isso, não foi por mera coincidência que das jornadas de junho e do 11 de julho saíram reivindicações marcadas pela exigência de maiores investimentos nas áreas sociais, investimentos que devem servir pra dar melhores condições de vida para os jovens e a classe trabalhadora. Transporte, saúde e educação de qualidade são tudo o que a esmagadora maioria da população brasileira precisa e não tem porque os governos entregam a riqueza do país aos bolsos dos empreiteiros, banqueiros e especuladores. Sem contar todo o dinheiro que se perde com a corrupção e as grandes “negociatas” tão comuns na realidade brasileira como o mensalão e das quais o escândalo das licitações do metrô de São Paulo é o exemplo mais recente.

No próximo dia 30 de agosto ocorrerão em todo o Brasil greves, paralisações, passeatas, bloqueios de estradas. Será mais um dia voltado para unificação das lutas e para mostrar aos governos que a luta continua e esta longe de acabar.

Por que a Bahia deve parar?

A realidade baiana é um retrato fiel do que ocorre à escala nacional. O governador Wagner/PT orgulha-se e faz muita propaganda dos resultados econômicos da Bahia. Porém a política econômica do governador petista é pautada por um desenvolvimento nos marcos de uma entrega das riquezas do estado ao setor privado. Na Bahia nunca se privatizou tantas estradas e nunca se teve tantos pedágios como agora no governo petista. O setor da mineração esta praticamente todo entregue para a exploração das multinacionais e na agricultura enquanto os pequenos produtores rurais se arruinaram com a seca, avança o controle de grupos estrangeiros que lucram com o grande latifúndio da soja e do algodão. A região metropolitana de Salvador tem uma das maiores taxas de desemprego do país (19,1% em junho) e a violência que tem como maiores vítimas a população negra, em especial a juventude, tem vivido uma escalada de crescimento e um dos seus símbolos é o macabro título que tem a polícia baiana, a que mais mata no Brasil.

Wagner se elegeu em 2006 e 2010 valendo-se do desejo dos baianos de deixarem para trás os anos de chumbo do Carlismo. Em 7 anos, o retrato da realidade baiana nos mostra que ele fez a opção de seguir governando para os ricos e até mesmo traços marcantes da administração do nada saudoso ACM foram preservados pelo governo petista. Um desses traços é o arrocho ao funcionalismo público, vide que em 7 anos sucessivas greves foram realizadas pelos servidores exigindo melhores salários e condições de trabalho e também para se confrontar com ataques como o que Wagner fez ao PLANSERV (Plano de saúde do funcionalismo público estadual) em 2011. Outro traço Carlista adotado foi a crueldade com que tratou as greves, em especial a da educação em 2012 que durou 115 dias e foi criminalizada pelo governador. Segurança pública com Wagner também é no melhor estilo dos governos da direita e da era Antônio Carlos Magalhães. A polícia militar da Bahia é a que mais mata no Brasil, apoiada por Wagner que vincula quase a totalidade da verba para segurança no estado à compra de viaturas, armamento e construção de novas unidades prisionais.

A experiência ruim feita pelos trabalhadores com Wagner gerou tamanha desilusão que em 2012 o PT saiu derrotado na disputa eleitoral em 4 das 5 maiores cidades do estado. Em Salvador, ACM Neto derrotou o candidato petista, uma derrota semeada pelas sucessivas traições que o PT impôs aos trabalhadores. De volta ao comando da capital, os Democratas não farão outra coisa senão acelerar o processo de privatização da cidade que já vinha sendo aplicado pelo ex-prefeito João Henrique com a conivência do PT.

O caos do trânsito segue reinando em Salvador e sua combinação com o péssimo serviço de transporte público tem causado muito sofrimento e fazendo os trabalhadores soteropolitanos adoecerem. Numa demonstração clara de compromisso com os interesses privados que lucram com o setor de transporte em Salvador, ACM Neto já anunciou sua intenção de privatizar o mais rápido possível a estação da Lapa, maior da cidade, e o secretário de transportes José Carlos Aleluia no auge das manifestações de junho não teve o menor pudor ao declarar que o passe livre em Salvador “está fora de cogitação, é uma proposta sem base na realidade”. Enquanto as maiores cidades do país tiveram suas tarifas reduzidas, em Salvador a prefeitura já anunciou que não pretende reduzir o preço pago pela passagem.

É hora de unificar as lutas para derrotar Neto e Wagner!

Neto e Wagner governam para os ricos. Empresários, empreiteiros e latifundiários são os seus parceiros e estes de modo algum precisam de serviços públicos como saúde, transporte e educação. É justamente ao contrário; para que os interesses dessa classe de privilegiados sejam atendidos se faz necessária a retirada de investimentos e por consequência o sucateamento dos serviços públicos.
No dia 30 de agosto a juventude e os trabalhadores, os sindicatos, os movimentos sociais da cidade e do campo, a esquerda classista e socialista, devem se unificar junto às Centrais sindicais e fazer uma verdadeira greve geral na Bahia.

Nesse sentido, dialogamos com o PCdoB que justamente pelo peso que tem no seio da classe trabalhadora baiana pode cumprir um papel decisivo no dia 30. Durante a greve da educação em 2012, ficou evidente as contradições do partido que, ao mesmo tempo que tinha sua militância inserida na categoria e  na direção da APLB/Sindicato, tinha também cargos e apoiava o governador Wagner, maior inimigo e responsável pelos duros ataques que levaram os professores à greve. Em vários outros momentos de luta essas contradições se fizeram presentes e agora mais uma vez. Às vésperas desse grande dia de luta dos trabalhadores é necessário que o PCdoB reflita a posição que irá adotar. Exigimos desse partido, que está na direção da CTB da Bahia e tem seus militantes integrando a direção dos maiores sindicatos do estado, que convoque os trabalhadores a parar; bancários, metalúrgicos, professores, operários da construção civil, o dia 30 de agosto pode e deve ser um dia de greve geral na Bahia! Para tanto, assim como fizemos na greve da educação em 2012, mais uma vez perguntamos ao PCdoB, entre o apoio ao governo Wagner e a luta dos trabalhadores o que vai pesar mais?

A militância do PSTU está engajada por fazer do dia 30 um dia histórico para os lutadores e lutadoras de nosso estado. O dia 11 foi uma demonstração do que é possível ser feito. Em todo o estado houve atos e paralisações e na região metropolitana de Salvador os efeitos da mobilização mudaram a rotina da cidade. É possível, mais do que isso, é preciso parar! É hora de unificar as reivindicações e fazer valer a força daqueles que não fogem da luta. Frente ao governo burguês de ACM Neto e da traição de Wagner a única saída para os jovens e trabalhadores é depositar toda sua confiança na sua própria força, na sua capacidade de lutar e de mudar as coisas.
A virada na realidade política brasileira inaugurada nas jornadas de junho e que teve um novo capitulo no dia 11 de julho deve se aprofundar. A experiência recente desses 2 últimos meses resgatou com toda a força a máxima que diz que para mudar a realidade é preciso lutar, e é possível vencer.

-Chega de dinheiro para as grandes empresas! Por um plano econômico a serviço dos trabalhadores e da juventude!
- Recursos púbicos para os serviços públicos e valorização dos servidores!
-Passe livre para todos os estudantes e desempregados!
-Pela criação da empresa municipal de transportes! Pelo fim do SETPS!
-Aumentos salariais já! Redução e congelamento dos preços dos alimentos e tarifas!
-Wagner, cadê os nossos Amarildos? Pelo fim do genocídio ao povo pobre e negro!
-Desmilitarização da PM! Pelo fim da repressão e infiltração policial dos movimentos!
-Contra a opressão às mulheres, negros e homossexuais! Fora Feliciano! Trabalho igual, salário igual!
-Pela criminalização da homofobia!
-Nem direita nem PT, trabalhadores no poder!

Salvador, 26 de agosto de 2013.
Diretório Estadual do PSTU.

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