terça-feira, 15 de outubro de 2013

15 de outubro, dia do professor: Nada há comemorar, muita luta por fazer.



Jean Montezuma, Salvador/BA.

Há 10 dias uma imagem circulou pelas redes sociais e chamou atenção. Um policial segurava um cassetete quebrado e dizia na legenda: “ Foi mal fessor!”. A repulsa e indignação de milhares foi imediata. A atitude desse PM carioca, além de demonstrar o sórdido estado de uma instituição falida e degenerada serve também, como uma infeliz metáfora do tratamento cotidiano concedido pelo Estado brasileiro a educação.

Seja no momento de greve como é o caso da heroica greve dos professores cariocas ou a greve de 118 dias da educação baiana em 2012, seja no cotidiano das escolas sucateadas onde falta material didático, falta merenda, faltam professores... enfim, onde a falta de investimento é gritante; o “modus operandi” dos governos municipais, estaduais, e também o federal é o da violência contra a educação pública.


O canto da Sereia.

Há cada 2 anos, durante as eleições, os scrippts dos candidatos em campanha são os mesmos. Todos anunciam uma fórmula que mudará “pra valer” a vida de todos. Em todas essas receitas milagrosas a educação aparece como um ingrediente importante e os candidatos em campanha dizem: “ o caminho do Brasil passa pela educação!”. Nos prometem: “ Mais escolas! Mais creches! Mais Universidades!” e nos caberia apenas ter a dedicação para, aproveitando dessas oportunidades, “melhorar” nossas vidas e, como gosta de dizer a presidente Dilma, ajudar a “mudar o Brasil”.

Em troca de tudo isso os políticos nos pedem muito pouco, “apenas” o nosso voto na urna. A verdade é que inúmeras gerações de cariocas, baianos, brasileiros e brasileiras foram vítimas desse verdadeiro canto da sereia. A ideologia de que a educação sozinha mudará o Brasil é tão falsa quanto os lobos em pele de cordeiro que a vende. O Brasil é um país extremamente desigual. No DNA dessa desigualdade, na cadeia de seus cromossomos, podemos identificar não apenas os políticos e seus governos mas também a hipócrita democracia dos ricos, o próprio Estado e o sistema capitalista.

Educação no Rio, na Bahia e no Brasil: Um paciente em estado terminal.

Quando professores decidem coletivamente ir a greve o fazem não por uma decisão arbitrária mas sim por ver na greve a última saída para defesa da sua profissão e da educação como um todo. Dentre todas as profissões que exigem ensino superior a de educador é de longe a mais desvalorizada. Enquanto cortam recursos da educação os governos impõem que o professor assuma o papel missionário de “salvador” da educação. Nas palavras da professora e vereadora em Natal Amanda Gurgel “ estou nos colocando dentro da sala de aula com um giz na mão pra 'salvar' o Brasil!”

O Brasil, dono da 6 maior economia do mundo, convive com indicadores sociais típicos dos mais empobrecidos países do planeta. Segundo dados do IBGE o analfabetismo voltou a crescer no ano passado e atinge 13,2 milhões de brasileiros( 8,7% da população). Se contarmos o analfabetismo funcional os números sobem para 33 milhões, ou seja, 18% da população brasileira não consegue nem ao menos interpretar/compreender aquilo que lê!

No ensino médio a taxa de evasão no país chega a 50% e quanto a privatização, instalada em todos os níveis educacionais, no caso do ensino superior nos deparamos com o cenário onde 75% das vagas ofertadas estão na rede privada. Chama atenção o exemplo de São Paulo, o mais rico estado da federação, onde do total de vagas ofertadas no ensino superior apenas 13% são em instituições públicas.
10 anos de governo do PT no Brasil: Um triste espetáculo de sonhos despedaçados.

Que governos como os de Paes e Cabral no Rio, Alckimim em São Paulo, Rosalba no Rio Grande do Norte ou, o de ACM Neto em Salvador são inimigos da educação pública todos nós já sabemos. Os partidos da direita brasileira tradicional (PMDB-DEM-PSDB-PSB) representam os interesses daqueles que mantém seus privilégios ás custas do sacrifício da maioria da população. A burguesia brasileira em parceria com o imperialismo não mede esforços para fazer todo tipo de negócio que lhes rendam lucros, incluindo aí o desmonte da educação pública.

Porém, infelizmente o que se viu nos últimos 10 anos de governos petistas foi a manutenção dessa mesma lógica. Lula e agora Dilma, Wagner na Bahia, Haddad em São Paulo e Tarso no Rio Grande do Sul despedaçaram os sonhos de milhões de trabalhadores. A educação sob esses governos permanece como um paciente terminal abandonado nos corredores do SUS sem receber nenhum tipo de tratamento digno. Em 10 anos o investimento em educação saiu de 3% do PIB na era FHC para 5,1% . Um aumento de 2% em 10 anos! Os 10% do PIB prometidos em 2002 foram novamente prometidos apenas para 2023!

Quem luta por educação também diz não ao leilão.

Desgraçadamente no Brasil, descaso, sucateamento e privatização não são “privilégios” da educação e se reproduzem também na saúde, no transportes e demais áreas sociais. Com a descoberta do Pré-sal os trabalhadores e os movimentos sociais foram tomados por uma esperança de que com esses recursos do petróleo os investimentos, tão necessários, finalmente viriam.

Na campanha de 2010 Dilma alimentou essa esperança. A então candidata fez duras críticas as privatizações tucanas da era FHC, exaltou o papel da Petrobras, prometeu que usaria os recursos do Pré-sal pra acabar com a fome e promover uma profunda transformação na saúde e na educação.

Passados 3 anos da campanha Dilma esta prestes a promover um dos maiores ataques a soberania nacional de toda nossa história. O leilão dos poços de petróleo da bacia de Libra marcado para o próximo dia 21 será a maior operação de entrega de recursos brasileiros para as mãos da iniciativa privada nacional e estrangeira. No dia 21 de outubro ao leiloar os poços da bacia de Libra, maior reserva de petróleo pronto para exploração do mundo, Dilma e o PT estarão leiloando também a educação, a saúde, e o futuro das próximas gerações de brasileiros.

O 15 de outubro desse ano terá atos em diversas cidades brasileiras em defesa da educação, em apoio a greve dos professores cariocas e também contra o leilão de Libra. Nesse 15 de outubro educadores, professoras e professores, que pouco ou nada tem há comemorar irão as ruas junto com outros trabalhadores e estudantes dizer não ao leilão de Libra. Vamos mais uma vez tomar conta das ruas e avenidas brasileiras pra defender a educação, a saúde, pra lutar agora por um futuro cada vez mais ameaçado.

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