Jean Montezuma, Salvador/BA.
Há 10
dias uma imagem circulou pelas redes sociais e chamou atenção. Um
policial segurava um cassetete quebrado e dizia na legenda: “
Foi mal fessor!”. A repulsa e indignação de milhares foi
imediata. A atitude desse PM carioca, além de demonstrar o sórdido
estado de uma instituição falida e degenerada serve também, como
uma infeliz metáfora do tratamento cotidiano concedido pelo Estado
brasileiro a educação.
Seja
no momento de greve como é o caso da heroica greve dos professores
cariocas ou a greve de 118 dias da educação baiana em 2012, seja no
cotidiano das escolas sucateadas onde falta material didático, falta
merenda, faltam professores... enfim, onde a falta de investimento é
gritante; o “modus operandi” dos governos municipais, estaduais,
e também o federal é o da violência contra a educação pública.
O
canto da Sereia.
Há
cada 2 anos, durante as eleições, os scrippts dos candidatos em
campanha são os mesmos. Todos anunciam uma fórmula que mudará “pra
valer” a vida de todos. Em todas essas receitas milagrosas a
educação aparece como um ingrediente importante e os candidatos em
campanha dizem: “ o caminho do Brasil passa pela educação!”.
Nos prometem: “ Mais escolas! Mais creches! Mais Universidades!”
e nos caberia apenas ter a dedicação para, aproveitando dessas
oportunidades, “melhorar” nossas vidas e, como gosta de dizer a
presidente Dilma, ajudar a “mudar o Brasil”.
Em
troca de tudo isso os políticos nos pedem muito pouco, “apenas”
o nosso voto na urna. A verdade é que inúmeras gerações de
cariocas, baianos, brasileiros e brasileiras foram vítimas desse
verdadeiro canto da sereia. A ideologia de que a educação sozinha
mudará o Brasil é tão falsa quanto os lobos em pele de cordeiro
que a vende. O Brasil é um país extremamente desigual. No DNA dessa
desigualdade, na cadeia de seus cromossomos, podemos identificar não
apenas os políticos e seus governos mas também a hipócrita
democracia dos ricos, o próprio Estado e o sistema capitalista.
Educação
no Rio, na Bahia e no Brasil: Um paciente em estado terminal.
Quando
professores decidem coletivamente ir a greve o fazem não por uma
decisão arbitrária mas sim por ver na greve a última saída para
defesa da sua profissão e da educação como um todo. Dentre todas
as profissões que exigem ensino superior a de educador é de longe a
mais desvalorizada. Enquanto cortam recursos da educação os
governos impõem que o professor assuma o papel missionário de
“salvador” da educação. Nas palavras da professora e vereadora
em Natal Amanda Gurgel “ estou nos colocando dentro da sala de aula com um giz na mão pra 'salvar' o Brasil!”
O
Brasil, dono da 6 maior economia do mundo, convive com indicadores
sociais típicos dos mais empobrecidos países do planeta. Segundo
dados do IBGE o analfabetismo voltou a crescer no ano passado e
atinge 13,2 milhões de brasileiros( 8,7% da população). Se
contarmos o analfabetismo funcional os números sobem para 33
milhões, ou seja, 18% da população brasileira não consegue nem ao
menos interpretar/compreender aquilo que lê!
No
ensino médio a taxa de evasão no país chega a 50% e quanto a
privatização, instalada em todos os níveis educacionais, no caso
do ensino superior nos deparamos com o cenário onde 75% das vagas
ofertadas estão na rede privada. Chama atenção o exemplo de São
Paulo, o mais rico estado da federação, onde do total de vagas
ofertadas no ensino superior apenas 13% são em instituições
públicas.
10
anos de governo do PT no Brasil: Um triste espetáculo de sonhos
despedaçados.
Que
governos como os de Paes e Cabral no Rio, Alckimim em São Paulo,
Rosalba no Rio Grande do Norte ou, o de ACM Neto em Salvador são
inimigos da educação pública todos nós já sabemos. Os partidos
da direita brasileira tradicional (PMDB-DEM-PSDB-PSB) representam os
interesses daqueles que mantém seus privilégios ás custas do
sacrifício da maioria da população. A burguesia brasileira em
parceria com o imperialismo não mede esforços para fazer todo tipo
de negócio que lhes rendam lucros, incluindo aí o desmonte da
educação pública.
Porém,
infelizmente o que se viu nos últimos 10 anos de governos petistas
foi a manutenção dessa mesma lógica. Lula e agora Dilma, Wagner na
Bahia, Haddad em São Paulo e Tarso no Rio Grande do Sul despedaçaram
os sonhos de milhões de trabalhadores. A educação sob esses
governos permanece como um paciente terminal abandonado nos
corredores do SUS sem receber nenhum tipo de tratamento digno. Em 10
anos o investimento em educação saiu de 3% do PIB na era FHC para
5,1% . Um aumento de 2% em 10 anos! Os 10% do PIB prometidos em 2002
foram novamente prometidos apenas para 2023!
Quem
luta por educação também diz não ao leilão.
Desgraçadamente
no Brasil, descaso, sucateamento e privatização não são
“privilégios” da educação e se reproduzem também na saúde,
no transportes e demais áreas sociais. Com a descoberta do Pré-sal
os trabalhadores e os movimentos sociais foram tomados por uma
esperança de que com esses recursos do petróleo os investimentos,
tão necessários, finalmente viriam.
Na
campanha de 2010 Dilma alimentou essa esperança. A então candidata
fez duras críticas as privatizações tucanas da era FHC, exaltou o
papel da Petrobras, prometeu que usaria os recursos do Pré-sal pra
acabar com a fome e promover uma profunda transformação na saúde e
na educação.
Passados
3 anos da campanha Dilma esta prestes a promover um dos maiores
ataques a soberania nacional de toda nossa história. O leilão dos
poços de petróleo da bacia de Libra marcado para o próximo dia 21
será a maior operação de entrega de recursos brasileiros para as
mãos da iniciativa privada nacional e estrangeira. No dia 21 de
outubro ao leiloar os poços da bacia de Libra, maior reserva de
petróleo pronto para exploração do mundo, Dilma e o PT estarão
leiloando também a educação, a saúde, e o futuro das próximas
gerações de brasileiros.
O 15
de outubro desse ano terá atos em diversas cidades brasileiras em
defesa da educação, em apoio a greve dos professores cariocas e
também contra o leilão de Libra. Nesse 15 de outubro educadores,
professoras e professores, que pouco ou nada tem há comemorar irão
as ruas junto com outros trabalhadores e estudantes dizer não ao
leilão de Libra. Vamos mais uma vez tomar conta das ruas e avenidas
brasileiras pra defender a educação, a saúde, pra lutar agora por
um futuro cada vez mais ameaçado.
0 comentários:
Postar um comentário