terça-feira, 28 de abril de 2015

A ditadura militar que não desapareceu da periferia!Basta de genocídio do povo negro!


Pela punição de todos envolvidos no caso Geovane!


Secretaria Regional das Negras e Negros do PSTU Bahia

“Agiram os acusados de maneira a impedir qualquer ação defensiva da vítima, sendo ela surpreendida, presa e mantida sob a guarda dos denunciados quando então foi subjugada e morta, com a ressalva, de que, de acordo com a perícia, foi ela decapitada quando se encontrava em posição vertical perante o solo, portanto, ajoelhada e humilhada”, ainda "retirando-lhe as mãos, a genitália e a cabeça; e ainda extraíram de seu corpo partes tatuadas para evitar a identificação”.

Este trecho não se trata de nenhum dos relatórios emitidos pela Comissão Nacional da Verdade que apuram os crimes cometidos pelo Estado no período da Ditadura Militar no Brasil (1964-1985), ocorridos em uma das centenas de salas de torturas espalhadas pelo país. Trata-se de um trecho da denúncia, veiculada pela imprensa baiana, encaminhada pela promotora Isabel Moura ao 1o Tribunal do Juri da Bahia sobre a forma cruel que Geovane Mascarenhas, jovem negro da periferia de Salvador, foi cruelmente esquartejado na sede da RONDESP (Rondas Especiais) da Polícia Militar, no Lobato, periferia de Salvador, sob o governo do PT.

Primeiramente, nos solidarizamos à família do jovem e de todas as famílias da periferia desta cidade, em sua imensa maioria negras, que convivem com o terror do Estado no dia a dia de suas vidas. São milhares de mulheres  negras esterilizadas todos os dias com o assassinato de seus filhos pela PM e com a "lei do silêncio" que proíbe essas mulheres de chorar publicamente a morte de seus filhos e clamar por justiça. Mulheres e homens negros, trabalhadores, pais e avós de família, escravizados todos os dias pela ameaça constante de  vivenciar a repetição desse "filme" com seus outros filhos, netos, sobrinhos e amigos.

Sabemos que a PM é o braço armado do Estado, uma instituição hierarquizada e subordinada ao chefe do executivo, ou seja o governador. Portanto o sequestro, tortura, esquartejamento, carbonização e ocultação de cadáver de Geovane, e tantos outros assassinatos de negros,  que mata um pedaço de cada morador da periferia, pois é mais uma irmão negro que tomba pela política genocida do Estado, é  também de responsabilidade dos governos do PT que tem suas mãos sujas de sangue ao longo desses 9 anos, com Wagner e agora com Rui Costa.

As declarações dadas na imprensa, na última semana, do Secretario de Segurança sobre aperfeiçoamento da RONDESP, e do Comando Geral da PM sobre reciclagem de policiais como saídas para o evidente genocídio, demonstram que não existe a menor intenção do governo do PT em acabar com esta política de INsegurança pública que tem cor e endereço. Longe de ser uma fala isolada de membros do governo, o próprio governador Rui Costa há alguns meses comparava a decisão do policial militar em ação (e não é qualquer ação mas são as ações na periferia) a um "artilheiro diante do gol". Assim, não deixa nada a dever aos tempos do Carlismo (do primeiro cabeça branca), à política atual do PMDB no Rio de Janeiro e do PSDB em São Paulo. Atuam todos de maneira racista na eliminação física do povo negro e pobre, negando que haja algum componente racial nestas mortes, desvalorizando essas famílias ao associar as mortes com a criminalidade e desmobilizando, através da PM, os setores do movimento negro que se opõem a esta política na Bahia, através de perseguição e prisões infundadas como é o caso de militantes do Movimento REAJA.

 Casos como Geovane e os assassinados pela PM em Vilas Moisés, na Bahia, Amarildo, Cláudia e DG no Rio de Janeiro, Matheus Santos em São Paulo, e tantos outros negros  assassinados pelo Estado brasileiro não podem continuar sendo a regra, é preciso dar um basta no genocídio da população negra. O povo negro não quer mais o navio negreiro, não quer mais o açoite, não quer mais ter suas vidas no fio da navalha, não quer perder seus filhos assassinados pelo Estado, não quer ser mais escravizado! O povo negro precisa  ter o direito de seguir existindo, viver, para junto com os demais setores oprimidos da  classe trabalhadora inaugurar uma nova sociedade que abra espaço para o fim do racismo e de todas as formas de opressão que só beneficiam àqueles que querem os negros como "a carne mais barata do mercado", os que veem no genocídio da população negra benefícios de uma sociedade fundamentada no lucro e na exploração.

Chega de genocídio da juventude negra promovida pelos governos do PT, PMDB e PSDB no Brasil! Pelo fim da faxina étnica social!

Pela exoneração imediata e punição de todos os envolvidos direta e indiretamente no caso Geovane, Vila Moisés e demais casos que envolvem principalmente a população negra e pobre da periferia!

Pelo fim da perseguição e criminalização dos movimentos e ativistas dos movimentos sociais!

Pela desmilitarização da PM e criação de uma polícia unificada sob controle dos trabalhadores!

 

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