André Freire.
de Salvador.
No último dia 20 de março, na Universidade Federal da
Bahia (UFBA), aconteceu um importante Debate sobre a Conjuntura Nacional
brasileira, reunindo na mesa os professores Jorge Almeida (Psol), Daniel Romero
(Ilaese e militante do PSTU), Armando Boito (Consuta Popular) e Luiz
Filgueiras.
O tema principal da mesa acabou sendo
a postura que a esquerda socialista deve ter diante da crise política aberta no
Brasil e, principalmente, sobre qual posicionamento devemos ter frente ao
Governo de Dilma e do PT.
A proposta de impeachment da atual presidente,
que vem ganhando força desde as manifestações capitaneadas pela direita no dia
15 de março, é parte de uma manobra, ainda que de um setor minoritário da
burguesia, para retirar Dilma e entregar o governo para um novo consórcio político,
ainda mais conservador, formado principalmente por PMDB-PSDB.
Embora não deveria haver dúvidas
entre nós que os governos de conciliação de classes do PT foram administrações
que no essencial mantiveram o modelo de governar de acordo com os interesses das
grandes empresas, os partidos que estiveram no poder durante os governos tucanos
de FHC não têm nenhuma condição para se colocarem como uma alternativa de
mudança em beneficio da maioria do povo.
Na verdade, quem pode (e deve) se
organizar e se mobilizar para questionar esse governo traidor são os
trabalhadores, a juventude e as entidades e movimentos sociais realmente
combativas, que não tem nenhum laço com o governo do PT e também com a direita mais
tradicional.
Por isso, ao contrário das direções
do MST e da Consulta Popular, que enxergam na posição contrária ao impeachment
uma forma de manter a sua defesa do projeto de governo do PT, nós temos que propor
um caminho diferente, e em muitos sentidos, inclusive oposto a este.
Ao estarmos contra o impeachment e as
manobras de Aécio, Eduardo Cunha, Renan e cia, reforçamos também a nossa posição
de oposição de esquerda ao Governo Dilma e ao seu sinistro ajuste fiscal. A única
forma de realmente lutarmos contra a possibilidade da direita captalizar a
crise do governo do PT é colocarmos a classe trabalhadora em ação, contra a
corrupção, o ajuste fiscal e demais ataques do Governo e dos patrões.
Usar a posição contrária ao
impeachment para, de fato, defender esse governo, só serve para ajudar o PT a
encobrir o fracasso de seu projeto de conciliação de classes e, ainda por cima,
facilita o trabalho da direita, que quer ocupar todo o espaço de oposição
deixado pelo esgotamento do governo do PT.
Portanto, mais do que nunca é necessária
uma ampla unidade ação entre todos que querem derrotar o ajuste fiscal do
governo. Uma boa oportunidade para desenvolver essa possibilidade será a
jornada nacional de mobilizações do funcionalismo público, nos dias 7, 8 e 9 de
abril.
Estas ações unificadas do movimento
são muito importantes, inclusive para ampliar ainda mais a nossa luta rumo à
possibilidade de convocação de uma verdadeira greve geral, que enterre de vez a
atual politica econômica de privatizações, tarifaços, inflação e garantia dos
lucros exorbitantes para os bancos, as empreiteiras, o agronegócio, enfim, os
grandes empresários.
É hora também de unir a CSP Conlutas,
o Espaço de Unidade de Ação, o MTST, a Feraesp, e também os partidos de
oposição de esquerda - PSTU, o PSOL e o PCB - em uma frente única pra lutar,
que fortaleça um terceiro campo, realmente dos trabalhadores e da esquerda
socialista, uma alternativa tanto ao fracasso do Governo Dilma e do PT como
também a direita tradicional.
Com a firmeza dessas ideias e muita
disposição para unificar todos que querem lutar em defesa dos interesses dos
trabalhadores vamos conseguir influenciar politicamente nos desfechos da enorme
crise politica que se abriu em nosso país em 2015.
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