Cerca de 30 mil pessoas participam da
manifestação pacífica em Salvador, recebidos com grande repressão pela Polícia
Militar
Jéssica Souza, de Salvador.
Nesta
quinta-feira, dia 20, as ruas de Salvador foram tomadas pelos soteropolitanos
que se somaram à luta nacional iniciada há algumas semanas. Os atos aconteceram
em mais de cem cidades brasileiras com milhares de pessoas protestando em
solidariedade às lutas da população de São Paulo e do Rio de Janeiro contra o
aumento das passagens, contestando a precariedade do sistema de transportes da
cidade e cantando palavras de ordem como: “Da copa eu abro mão, eu quero
investimento pra saúde e educação”, contra os investimentos abusivos nos
grandes eventos esportivos sediados no Brasil.
Pouco
antes das 14 horas, o Campo Grande, local de concentração do ato, já estava
completamente tomada por milhares de pessoas, cerca de 30 mil, com seus
cartazes e palavras de ordem, chamando a todos que passavam nos ônibus e pelas
ruas a se somarem à “luta dos brasileiros” na manifestação pacífica. Com a presença de movimentos sociais, partidos políticos,
famílias, estudantes e trabalhadores, o ato se iniciou antes das 16 horas.
Próximo
do Forte São Pedro, a maior parte dos manifestantes seguiram o percurso
definido em última assembleia do movimento e se direcionaram à Arena Fonte Nova,
pelo Politeama. Contudo, uma parte dos manifestantes se direcionou à Avenida
Sete de Setembro, com o mesmo objetivo de chegar à Arena Fonte Nova.
Já
eram quase 17 horas quando o ato chegou ao Largo dos Barris, na entrada do
Dique do Tororó, que dá acesso à Arena Fonte Nova. Havia uma barreira
montada da Polícia Militar, Tropa de Choque e Cavalaria, com o intuito de
impedir o prosseguimento do ato e manter a normalidade em torno do estádio de
futebol, onde estava acontecendo o jogo entre Uruguai e Nigéria.
Em
menos de 5 minutos em que os manifestantes se aproximaram do bloqueio e tentaram
ultrapassá-lo, foram lançadas as primeiras bombas de gás lacrimogênio com o
objetivo de dispersar e desfazer o ato. Foram esses primeiros estouros das
bombas de efeito moral que deram inicio às cenas mais bárbaras dos últimos anos
em Salvador.
A
polícia militar, a serviço do governador Jaques Wagner (PT) e do
Prefeito ACM Neto (DEM) recebeu os soteropolitanos com bombas, spray de pimenta
e tiros. Uma prática truculenta já conhecida pela população pela era Carlista
que a Bahia viveu. Com menos de trinta minutos de conflitos, já eram vistas
centenas de pessoas passando mal, desacordadas, com falta de ar e muito sangue
nas ruas.
Em
poucos metros de distância, a PM já havia entrado em conflito com os
manifestantes que se direcionaram por outra via ao estádio, na Avenida Joana
Angélica. Lá os manifestantes encontraram também uma barreira policial que
impedia o prosseguimento da manifestação. Assim também, em menos de 10 minutos
se iniciou a repressão militar. A avenida que é tomada pelo comércio e tem
poucas vias de saída se tornou uma praça de guerra devido a ação truculenta da
PM.
A
partir desse momento, o conflito entre os manifestantes e a PM durou cerca de 8
horas. Por volta das 21 horas já existiam conflitos em mais de 7 lugares da
cidade com intensa repressão policial, com 4 ônibus incendiados e um estado de
“ Campo de Guerra”, segundo relatos de manifestantes. O conflito terminou pouco
depois das 00 horas com centenas de feridos e suspeita de mortes.
É
necessário localizar que, logo no início do ato, a coluna dos partidos de esquerda
já era atacada com palavras de ordem “Sem Partido”, e assim
prosseguiu no ato com a incessante tentativa de nos retirar da mobilização. Posicionamentos
ofensivos e posturas truculentas foram direcionados ao nosso partido e aos
nossos militantes, constantemente provocados ao longo da manifestação.
Já
iniciada a ação criminosa da PM, com centenas de feridos em diversos pontos da
cidade, o bloco do PSTU, que estava próximo ao Largo dos Barris, sofreu ainda
diversos ataques ofensivos e perseguições de grupos que propagavam o
ódio anti-partido, beirando ao confronto físico.
Nós
do PSTU consideramos criminosa a ação da PM na noite de ontem, ao mesmo tempo
em que consideramos absurdos os ataques ao nosso partido em Salvador e em
diversas outras cidades no Brasil.
Vitórias
já foram obtidas em diversas cidades do país. A luta não para e não recuaremos
diante das agressões sofridas. Já houveram os que derramaram seu sangue em
defesa das bandeiras vermelhas. Lutemos juntos: jovens e trabalhadores. Iremos
às ruas contra a direita e os governos.
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