Ana Paula Medeiros e Isa Gonçalves, de
Salvador.
Na
última segunda-feira, 17 de junho, a juventude se levantou em um ato nacional
em solidariedade ao movimento contra o aumento das passagens em São Paulo, Rio
e outras capitais. Atos nas grandes capitais marcaram esta segunda e Salvador
não ficou de fora. Fomos às ruas reivindicar nossos direitos e solidarizar com
a juventude que tem lutado em todo o país.
Havia
cerca de 10 mil manifestantes nas ruas de Salvador. Uma linda multidão fez um
belo ato em um dos pontos centrais da cidade (Avenida Tancredo Neves), levando
seus cartazes, suas bandeiras e flores. Porém, nem tudo foram flores e
“pacifismo”... Nessa manifestação, tiveram alguns acontecimentos que devem ser
trazidos para que o movimento reflita sobre as práticas que vêm sendo
reproduzidas por alguns manifestantes. Acontecimentos esses que não diminuem o
significado de ver a juventude e a classe trabalhadora nas ruas lutando por melhores
condições de vida.
Ontem,
nossa militância foi obrigada a retirar suas bandeiras do ato e tivemos uma de
nossas bandeiras rasgada, após ter sido retirada violentamente das mãos de uma
das nossas militantes. Nossa companheira foi agredida por um soco e arranhão
por estar levantando a bandeira de um partido socialista e revolucionário, que
está presente em todas as lutas favoráveis aos trabalhadores e à juventude, o
PSTU.
Essa
atitude foi extremamente machista e autoritária e não devemos permitir que se
repita nas próximas manifestações. Nossas companheiras se sentiram acuadas e
vulneráveis a serem violentadas por alguém que, como nós, deveria concentrar
suas forças na luta por mudanças na sociedade, e não em agredir mulheres que
simplesmente possuem uma opinião diferente sobre organizar-se ou não em
um partido. Além disso, existiram no ato “palavras de ordem” de cunho
homofóbico, onde traziam elementos do tipo: “fulano de tal, vá tomar no...”,
“enfia a bandeira no...”. Esses camaradas podem até pensar que tais palavras de
ordem podem ofender a ordem ou o sistema, porém não os ofende, mas sim
companheiros e companheiras que estão se somando nas manifestações, que acabam se
enfraquecendo com a continuidade dessas práticas.
É
preciso ter claro que esses elementos de opressão e apartidarismo só interessam
àqueles que nos oprimem e exploram. Não dá para colocar todas as organizações
partidárias no mesmo bolo do PT, PMDB, PSDB e DEM e nem para reproduzir
práticas que são oriundas da ideologia burguesa como o machismo, racismo,
homofobia, que só existem para dividir a classe trabalhadora.
A
postura daqueles que são contra os partidos reflete dois aspectos. Por um lado
é fruto do desgaste com os grandes partidos tradicionais, oriundo de sua
atuação contrária aos interesses da maioria da população. Isso ocorre em
diversos lugares do mundo, mas peguemos o exemplo do Brasil: o PT foi capaz de
mover milhares, influenciar milhões, fazer sonhar e lutar toda uma geração, mas
à medida em que foi trocando de lado, começou a gerar uma profunda decepção com
o próprio PT, mas também com os partidos de uma maneira geral, pois este era o
que expressava o sentimento de mudança e foi construído no calor das maiores
mobilizações da história do nosso país, protagonizadas pela juventude, mas em
especial pela classe trabalhadora.
No
entanto, o outro lado da moeda dessa ideologia anti-partidária é a
incompreensão acerca das finalidades de cada organização. Percebemos que muitas
vezes é incentivado, pela própria mídia burguesa, o desgosto pela política! O
discurso do “eles são todos iguais” é comumente utilizado, amplamente
difundido. Acontece que as coisas não são exatamente assim. Existem partidos
que apostam na mobilização das massas como estratégia e no incentivo a sua
organização permanente como única forma de construir uma sociedade onde sejamos
socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres, ou seja, uma
sociedade socialista, parafraseando Rosa Luxemburgo.
A
nossa luta é todo dia contra qualquer tipo de exploração e opressão.
Devemos,
portanto, saber identificar os nossos inimigos que nesse caso é o sistema
capitalista, que divide a classe trabalhadora e a juventude, com ideologias de
machismo, racismo e homofobia e coloca nossa classe mais sujeita a exploração
dos capitalistas. Esses são os nossos inimigos, bem como o Estado que serve aos
interesses dessa classe. Estamos em um momento único e unificar as forças
torna-se imperativo.
É
preciso se organizar para fortalecer um projeto político de transformação social,
para que sejamos capazes de enfrentar os poderosíssimos adversários que o
presente e o futuro nos reserva. O
movimento deve rechaçar práticas de racismo, de machismo e homofobia e permitir
que a classe trabalhadora, formada também por mulheres, negros, negras,
lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, transgêneros e travestis possa se
sentir segura ao participar do ato e estar lado a lado lutando pelas
transformações que essa sociedade tanto necessita.
Sempre
estivemos nas ruas em manifestações diversas, contra os aumentos abusivos nos
preços das passagens, em ocupações populares, greves, ao lado de comunidades e
povos tradicionais. A luta em conjunto com os movimentos sociais, o
enfrentamento político e ideológico com a burguesia, essa é a nossa razão de
ser. Como jovens, herdamos de nossos pais o futuro da humanidade e
justamente por isso carregamos sobre nossos ombros a responsabilidade de
revolucionar o mundo!
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