terça-feira, 25 de junho de 2013

Fortalecer e impulsionar as lutas! Contra a repressão do governo Wagner!



Jovens nas ruas, primeiro ao milhares, depois dezenas de milhares, logo chegando à impressionante marca de mais de 1 milhão na última quinta, quando 102 cidades brasileiras tornaram-se palco de manifestações. Nas últimas duas semanas, não foi a seleção e a Copa das Confederações, mas  a juventude brasileira que deu um verdadeiro espetáculo. O espetáculo das ruas tomadas que sacudiu o país, transformando indignação em ação, desafiando a dura repressão dos policiais militares e questionando os governos. Os dias que vivemos no Brasil são resultado de uma política econômica voltada para atender aos interesses de uma minoria formada por banqueiros, especuladores e latifundiários em detrimento da maioria da população. O Brasil dos modernos estádios da Copa investe menos de 5% do PIB em educação e menos de 3% na saúde. O Brasil que tem a sexta maior economia do mundo ocupa apenas o 85º lugar no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e, justamente por isso, a razão pela qual as ruas estão sendo ocupadas vai muito além  do agora revogado aumento das passagens. As injustiças sociais de um país tão rico e ao mesmo tempo tão desigual são o combustível que alimenta a luta.
Na Bahia não é diferente. Wagner aplica em nosso estado a mesma política econômica do governo federal e após 7 de anos de governo as contradições entre o crescimento econômico e os indicadores sociais impressiona. A Bahia é o 6º estado mais rico do país, porém somos campeões em analfabetismo, a região metropolitana de Salvador tem a maior taxa de desemprego (19,7%), o número de homicídios aumentou 300%, e o tratamento dado aos serviços públicos também vai de mal a pior. Como não lembrar dos 115 dias de greve dos professores ano passado? Também não dá pra esquecer o golpe dado no Planserv em 2011 e tantos outros ataques aos funcionários públicos. A Bahia também foi tomada por mobilizações durante a última semana. Atos ocorreram em várias cidades do interior e em Salvador ocorreram três grandes manifestações. Infelizmente a reação de Wagner nos fez lembrar os tempos do Carlismo. A policia militar reprimiu violentamente os atos, disparando balas de borracha e bombas contra os manifestantes. Foi o governo do PT, e não os jovens que estavam na manifestação, que transformou as ruas da capital numa zona de guerra, uma guerra contra o povo, uma violência a serviço da defesa dos interesses do empresariado.
Em todo o mundo, em especial na Europa e no Oriente Médio, jovens e trabalhadores tem ido às ruas protestar, enfrentar os governos, lutar por suas vidas. Acompanhamos a heroica luta do povo Sírio contra o Ditador Bashar Al Assad e também as greves gerais e os grandes atos no continente europeu, onde os governos e a burguesia estão jogando nos ombros da classe trabalhadora os ônus da crise econômica em forma de desemprego e retirada de direitos. Aqui no Brasil, a inflação crescente tem contribuído para minar a sensação de bem-estar que existia na população, desmontando a imagem do “Brasil Maravilha” que o governo Dilma tanto propagandeia. É possível ver, tanto no preço dos alimentos cada vez mais altos quanto na precarização dos serviços públicos, que as condições de vida para a classe trabalhadora brasileira caminham no sentido oposto do que aparece nas propagandas do governo. A saída para mudar essa situação é apenas uma: a política. Não a política dos engravatados de Brasília, mas a política da luta direta, do povo nas ruas, das manifestações. Essa política que nos últimos dias tomou conta das ruas, dos noticiários da TV, dos corações e mentes de mais e mais pessoas.
Assim como foi em 92 com os caras pintadas e o Fora Collor, a juventude mais uma vez tem cumprido um importante papel mostrando para todos que o caminho é a luta. Uma luta determinada que não se dobra à frente repressão policial e tampouco se deu por satisfeita com a vitória na revogação do aumento das tarifas. A força do movimento colocou contra a parede primeiro as prefeituras e governos estaduais, depois o próprio governo federal. O primeiro pronunciamento oficial de Dilma não ofereceu nenhuma medida concreta, e a resposta no dia seguinte foi a continuidade das mobilizações. O novo pronunciamento revela mais uma vez o caráter do governo que tem proposto medidas que favorecem o setor privado, como é o caso das isenções de impostos para as empresas de transporte e da continuidade dos leilões do petróleo com a desculpa de que uma pequena parte (royalties) vai ser destinada à educação.  O PT, outrora forjado nas lutas, foi de malas e bagagens para o time da burguesia, aplica a mesma política econômica que a sua oposição direita (PSDB-DEM) aplicava, e tem feito a alegria da burguesia brasileira e do imperialismo à custa de uma exploração cada vez maior da classe trabalhadora.
Por conta dessa traição, julgamos ser honesto o sentimento de descrença nos partidos, porém o caminho seguido pelo PT não deve justificar a negação dos partidos. Os gritos de “fora partido”, as agressões físicas aos militantes, são fruto da ação de grupos de direita infiltrados que não refletem a totalidade do movimento. Essas ações devem ser repudiadas e esses grupos não são os aliados que a juventude precisa. Uma aliança verdadeira deve ser firmada com a classe trabalhadora e suas organizações e métodos de luta. A esquerda que não mudou de lado como fez o PT, que se manteve fiel aos princípios do classismo e da estratégia revolucionária, deve continuar levantando as bandeiras vermelhas, engrossando as fileiras da luta. É esse o papel que tem assumido o PSTU. Nos inúmeros atos ocorridos não foram poucos os nossos militantes que foram agredidos pelos fascistas e  provocadores infiltrados nas mobilizações. Porém, nos mantivemos firmes participando dos atos, impulsionando a luta e focando sempre nos verdadeiros inimigos: os governos e os patrões.
Essa semana que se inicia será decisiva para o futuro do movimento. Faz-se necessária a entrada em cena da classe trabalhadora. É urgente combinar a vivacidade e o dinamismo da juventude ao papel estratégico dos trabalhadores. Precisamos que as ruas sejam tomadas também por operários, metalúrgicos, bancários, funcionários públicos, professores, todos os setores da classe e em especial aqueles que protagonizaram grandes lutas no período recente. Para isso, as centrais sindicais não podem fugir das suas responsabilidades. A CSP-Conlutas está convocando para o dia 27/06 um dia nacional de mobilização, com paralisações e atos unificados. Na Bahia, a CTB, que é a maior central do estado, precisa definir de qual lado pretende ficar. O governo Wagner tem sido um verdadeiro carrasco dos trabalhadores, em especial com o funcionalismo estadual. É hora de, através da FETRAB, convocar esses trabalhadores para irem às ruas contra esse governo. O mesmo vale para a construção civil onde as empreiteiras têm ganhado fortunas com a Copa e os operários seguem com salários arrochados e jornadas de trabalho extenuantes. Um governo que ataca os direitos dos trabalhadores, que direciona a riqueza do estado para o bolso dos empresários e não para melhoria dos serviços públicos; um governo que criminaliza as greves e usa da polícia para reprimir violentamente as manifestações não pode ser, de modo algum, aliado dos trabalhadores. Chamamos a CTB para que rompa com esse governo e aposte todas as suas fichas na força que a classe trabalhadora em luta possui. O 02 de Julho que se avizinha deve ser transformado num dia de luta contra as injustiças sociais e também contra o governo de Wagner, que traiu as expectativas dos trabalhadores e continuou, assim como fazia o Carlismo, governando a Bahia para os ricos.
Por fim, mais uma vez declaramos todo nosso apoio e compromisso com as lutas em curso. Os atos devem continuar e esse movimento precisa crescer. Chamamos os sindicatos, os movimentos sociais, as centrais sindicais, as entidades estudantis, as organizações e partidos de esquerda para engrossarem as mobilizações. Nenhuma confiança nos governos e menos ainda nos setores da direita, em especial aqueles que nos atos agridem fisicamente os militantes e mandam baixar as bandeiras vermelhas. Vamos colocar em prática a aliança operário-estudantil, organizar a luta, parar o país e retirar das mãos da burguesia e do governo o controle sobre o destino de nossas vidas.

-Todo apoio às mobilizações!

-27 de junho: dia nacional de luta com paralisações, greves e atos nas ruas!

- Pelo Fim do Setps! Municipalização do transporte coletivo!

- Aumento dos salários para compensar a inflação!

- Congelamento dos preços dos alimentos e das tarifas públicas!

- Contra a repressão, a violência policial, a criminalização das lutas e das organizações dos trabalhadores.

Salvador
24 de junho de 2013
Direção Estadual do PSTU - Bahia

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