quinta-feira, 12 de julho de 2012

Em defesa da unidade da luta e contra toda forma de coação e covardia contra os companheiros e companheiras em estado probatório


Salvador, 09 de julho de 2012

Companheiros e companheiras trabalhadores em Educação, quero nesse texto denunciar a calúnia e o ataque moral praticados contra mim e contra outros companheiros da categoria. Ainda que tenha ocorrido apenas uma vez, esta situação exige um severo combate dentro do movimento grevista, a fim de manter a continuidade e a força da luta e preservar os quadros que a constroem, evitando perdas para o movimento e garantindo as reais possibilidades de vitória para a categoria.

            Há alguns dias, o governo publicou no Diário Oficial a convocação dos professores em estágio probatório, REDA e PST para assumirem as turmas do terceiro ano, uma medida que visa enfraquecer a greve e diminuir o desgaste do governo. Na ocasião dos acontecimentos, o comando de greve não havia esgotado o debate sobre a manobra do governo e, em função disso, não produziu uma orientação oficial sobre como os colegas deveriam proceder. O setor jurídico do sindicato apresentou, dentro de suas possibilidades, algumas orientações, porém não havendo nenhuma segurança aos professores em estágio probatório.

            Sem clareza sobre o que fazer, a opção generalizada dos colegas em estágio probatório foi de se dirigir ao IAT para pegar o Termo de Assunção e, na seqüência irem as escolas pólos para a entrega do termo, assumindo as turmas. Passados alguns dias, o governo aplicou então uma nova ofensiva: o resultado foi o encaminhando de dois companheiros que não assumiram as classes para processos administrativos; efetuou o corte de mais de 50 REDAS; por fim, convocou no Diário Oficial mais 58 professores em estado probatório para comparecimento na Corregedoria. No Comando de Greve foi encaminhado que as zonais visitassem as escolas-pólo para uma pacífica movimentação de apoio aos professores sobre o tema, com carro de som e panfletagem, garantindo espaço também aos estudantes. No entanto, os professores em estágio probatório ainda permaneciam sem uma clareza de como proceder, aumentando ainda mais sua insegurança com o fato da lista de probatórios encaminhados a Corregedoria já ter sido divulgada alguns dias após a entrega do balanço de freqüência.
            Eu, Eduardo Carvalho, professor da rede estadual em estágio probatório, componho o comando de greve e sou militante do PSTU, além de atuar pela CSP-Conlutas. Em todos os espaços de discussão da categoria sempre defendi a manutenção da greve até o cumprimento da Lei do Piso, a revogação da Lei que transforma salário em subsídio e estive acampado com outros colegas na ALBA durante a greve, que já alcança a marca dos 90 dias. Quando o Governo Wagner convocou os probatórios, propus no comando a construção de um fórum para debater essa situação com o setor jurídico do sindicato e o Comando de Greve. Como professor em estágio probatório, estive no IAT para articular os companheiros e companheiras convocados, na ocasião coletei e-mails e dados dos probatórios que estiveram por la. Assumi politicamente o ônus de não ir à escola dar aulas desde que iniciado o programa do governo para o terceiro ano.
            Passado duas semanas desse impasse e acumulando todos os fatos, especialmente as convocações para a corregedoria, fui pessoalmente orientado pelo jurídico a ir na escola, especialmente para entregar a assunção, o que ainda não tinha feito. Ao me dirigir a escola pólo em que deveria entregar a assunção encontrei duas companheiras em frente ao local, realizando a atividade de panfletagem com o carro de som do sindicato. Ao me aproximar das mesmas, comentei sobre a situação, pedi que me preservassem perante a direção da escola e que me aguardassem para eu as acompanhasse nas demais escolas para fazermos os outros piquetes, como era de nossos costumes, realizarmos essas ações juntos.
            As ativistas, desconhecendo o encaminhamento sugerido no jurídico e a minha situação de probatório, ao invés de colaborar com a preservação da minha estabilidade no local de trabalho, desferiram calúnias e acusações a meu respeito. Fui atacado e desmoralizado publicamente pelas companheiras na presença de alunos, funcionários, policiais, funcionários da Secretaria de Educação - SEC (que fiscalizavam as atividades dos probatórios) e transeuntes, sendo acusado de “pelego” e de “traidor do movimento”. Também o partido ao qual faço parte foi alvo de ataques da companheira do O Trabalho/PT, que disse que “o PSTU deveria rasgar sua legenda” por ser também uma organização traidora.
            O juízo popular se caracterizou como uma covardia na medida em que não me foi dado direito de resposta ou de explicações, pois me foi negado o microfone e a possibilidade de esclarecer a situação, uma vez que meu nome estava sendo diretamente citado. Fui politicamente exposto pelas companheiras aos funcionários da SEC, que me identificam como componente do comando de greve e militante partidário. Ainda, fui alvo de outras calúnias que não consegui escutar por optar no momento em me ausentar do espaço. Enquanto eu deixava o local, os ataques se seguiram, com falas das companheiras para que eu “saísse de cabeça baixa”.
            Após o ocorrido, as mesmas companheiras dirigiram-se à outra escola da mesma Zonal para atacar outro companheiro, também professor em estágio probatório que assim como eu reivindica a CSP-Conlutas e militou no PSTU, ele teve seu nome e organização partidária citadas no microfone, com ele o ataque ainda foi mais sério, haja vista que o mesmo estava na escola e durante as falas foi procurado pelos funcionários da SEC.
            As companheiras comportaram-se, portanto, como “pseudocompanheiras”, agindo de forma imoral ao difamar que eu estaria freqüentando a escola e dando as aulas, uma mentira facilmente espalhada pela base e que serviu de elemento para me desqualificar perante o movimento e a categoria. Quando questionadas por tal prática, negaram tudo, “esquecendo” as calúnias e ofensas que deferiram contra mim e contra o outro companheiro.
            A postura das companheiras representa uma posição sectária e oportunista, que não colabora com o movimento, mas pelo contrário, destrói as relações de confiança e solidariedade que devem compor o cotidiano das lutadoras e lutadores engajados em qualquer movimento. Esta foi uma ação consciente de ataque aos companheiros, pelo simples fato destes comporem organizações sindicais e políticas diferentes da sua.
            As “pseudcompanheiras” usam a calúnia como arma política ao invés do debate como ferramenta para o convencimento, e assumem a mesma função policialesca do Estado, de coação aplicada sobre os professores em estágio probatório. Esta postura aponta para uma moral do vale-tudo, estranha às e aos militantes do nosso partido, o PSTU. Para ganhar politicamente a base para si, passa por cima de todos e quaisquer princípios, valendo-se de mentiras que visam construir a desconfiança da categoria ao redor do companheiro, de mim e da minha organização – que, vale lembrar, sempre esteve lado a lado da categoria nos enfrentamentos contra esse governo, nessa e em outras ocasiões, respeitando a autonomia da categoria.
            As “pseudocompanheiras” através desta postura, direcionam o ataque a companheiros aguerridos na luta pela Educação (que desde o primeiro dia cumpriram papel significativo para o movimento) e não contra o governo Wagner/PT, que desrespeita e ataca de maneira brutal a categoria em seu conjunto. Por que não unir forçar neste momento? Por que não conclamar um esforço à unidade entre os lutadores, para juntos derrotarmos o governo Wagner/PT no seu plano de massacrar os docentes do estado? Por que, ao invés de difamar os companheiros, essas militantes não ajudaram com a formação de piquetes para politizar a base dos professores em probatório sobre a importância política de não assumir as turmas?
            Pois digo em alto e bom som a essas militantes que aqui traidor é Wagner/PT, e não nós que elas atacaram diretamente e os outros colegas em estágio probatório, que estão sendo acusados de “pelegos” e sofrem com esta postura denuncista, sendo julgados, submetidos a juízo popular, desmoralizados publicamente, tendo suas figuras políticas e profissionais expostas (além de coagidos pelo governo Wagner/PT a assumir as aulas), acarretando em significativas perdas em suas vidas pessoais – assim como aconteceu comigo, nesta situação.
            Exigimos respeito de ambas as militantes e de sua organização política (ainda mais porque o fato é reincidente). Nós do PSTU sempre respeitamos suas histórias de luta e suas importâncias para o movimento. Não podemos deixar que companheiras e companheiros, unidos por uma luta em comum, tenham esse tipo de trato com as e os camaradas de organizações políticas e sindicais diferentes. Substituir o debate político pelas calúnias e ataques pessoais e o espaço das assembléias por emboscadas que retratam balanços parciais e isolados sobre os companheiros, leva à degeneração e burocratização das entidades e organizações da classe trabalhadora, além da derrota de qualquer ação de luta que esta tente levar adiante.
            Enquanto parte da CSP-Conlutas e do PSTU, compartilho com estas organizações a visão de que “guerreiro bom é guerreiro vivo” e nesse sentido zelamos pela manutenção de nossos companheiros na categoria. Defendemos que qualquer medida tática, como ir a escola e entregar a Assunção por determinação do Estado, carece de um debate amplo e franco entre os camaradas. Defendemos que os companheiros em probatório que assumiram as aulas por falta de orientação não devem ser caluniados e desmoralizados publicamente de maneira covarde. O comando de greve e a categoria em conjunto deve pensar saída coletiva que visem dar resposta coletiva aos ataques sofridos pelos colegas de REDA e em estágio probatório a fim de fortalecer a greve dos professores.
            Devemos debater no comando estratégias para os mesmos, porém considerando os fatos e minha prática militante, também deixo aqui o desafio de provarem que estive algum dia na escola para dar aulas, faço isso em função da calúnia feita de maneira covarde e imoral contra o meu nome e o meu legado de luta na categoria. O PSTU repudia totalmente a postura das militantes, que desmoraliza grevistas e desunifica a categoria, e exigimos retratação pública já.

Pela defesa da democracia real no movimento e da moral daqueles que lutam contra as injustiças!


Eduardo Carvalho
Integrante do Comando de Greve, militante do PSTU e construindo a CSP-Conlutas.

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