Salvador,
09 de julho de 2012
Companheiros
e companheiras trabalhadores em Educação, quero nesse texto denunciar a calúnia
e o ataque moral praticados contra mim e contra outros companheiros da
categoria. Ainda que tenha ocorrido apenas uma vez, esta situação exige um
severo combate dentro do movimento grevista, a fim de manter a continuidade e a
força da luta e preservar os quadros que a constroem, evitando perdas para o
movimento e garantindo as reais possibilidades de vitória para a categoria.
Há alguns dias, o governo publicou no Diário Oficial a convocação dos professores em estágio probatório, REDA e PST para assumirem as turmas do terceiro ano, uma medida que visa enfraquecer a greve e diminuir o desgaste do governo. Na ocasião dos acontecimentos, o comando de greve não havia esgotado o debate sobre a manobra do governo e, em função disso, não produziu uma orientação oficial sobre como os colegas deveriam proceder. O setor jurídico do sindicato apresentou, dentro de suas possibilidades, algumas orientações, porém não havendo nenhuma segurança aos professores em estágio probatório.
Sem clareza sobre o que fazer, a opção generalizada dos colegas em estágio probatório foi de se dirigir ao IAT para pegar o Termo de Assunção e, na seqüência irem as escolas pólos para a entrega do termo, assumindo as turmas. Passados alguns dias, o governo aplicou então uma nova ofensiva: o resultado foi o encaminhando de dois companheiros que não assumiram as classes para processos administrativos; efetuou o corte de mais de 50 REDAS; por fim, convocou no Diário Oficial mais 58 professores em estado probatório para comparecimento na Corregedoria. No Comando de Greve foi encaminhado que as zonais visitassem as escolas-pólo para uma pacífica movimentação de apoio aos professores sobre o tema, com carro de som e panfletagem, garantindo espaço também aos estudantes. No entanto, os professores em estágio probatório ainda permaneciam sem uma clareza de como proceder, aumentando ainda mais sua insegurança com o fato da lista de probatórios encaminhados a Corregedoria já ter sido divulgada alguns dias após a entrega do balanço de freqüência.
Eu,
Eduardo Carvalho, professor da rede estadual em estágio probatório, componho o
comando de greve e sou militante do PSTU, além de atuar pela CSP-Conlutas. Em
todos os espaços de discussão da categoria sempre defendi a manutenção da greve
até o cumprimento da Lei do Piso, a revogação da Lei que transforma salário em
subsídio e estive acampado com outros colegas na ALBA durante a greve, que já
alcança a marca dos 90 dias. Quando o Governo Wagner convocou os probatórios,
propus no comando a construção de um fórum para debater essa situação com o
setor jurídico do sindicato e o Comando de Greve. Como professor em estágio
probatório, estive no IAT para articular os companheiros e companheiras
convocados, na ocasião coletei e-mails e dados dos probatórios que estiveram
por la. Assumi politicamente o ônus de não ir à escola dar aulas desde que
iniciado o programa do governo para o terceiro ano.
Passado
duas semanas desse impasse e acumulando todos os fatos, especialmente as
convocações para a corregedoria, fui pessoalmente orientado pelo jurídico a ir
na escola, especialmente para entregar a assunção, o que ainda não tinha feito.
Ao me dirigir a escola pólo em que deveria entregar a assunção encontrei duas
companheiras em frente ao local, realizando a atividade de panfletagem com o
carro de som do sindicato. Ao me aproximar das mesmas, comentei sobre a
situação, pedi que me preservassem perante a direção da escola e que me
aguardassem para eu as acompanhasse nas demais escolas para fazermos os outros
piquetes, como era de nossos costumes, realizarmos essas ações juntos.
As
ativistas, desconhecendo o encaminhamento sugerido no jurídico e a minha
situação de probatório, ao invés de colaborar com a preservação da minha
estabilidade no local de trabalho, desferiram calúnias e acusações a meu
respeito. Fui atacado e desmoralizado publicamente pelas companheiras na
presença de alunos, funcionários, policiais, funcionários da Secretaria de
Educação - SEC (que fiscalizavam as atividades dos probatórios) e transeuntes,
sendo acusado de “pelego” e de “traidor do movimento”. Também o partido ao qual
faço parte foi alvo de ataques da companheira do O Trabalho/PT, que disse que
“o PSTU deveria rasgar sua legenda” por ser também uma organização traidora.
O
juízo popular se caracterizou como uma covardia na medida em que não me foi
dado direito de resposta ou de explicações, pois me foi negado o microfone e a
possibilidade de esclarecer a situação, uma vez que meu nome estava sendo
diretamente citado. Fui politicamente exposto pelas companheiras aos
funcionários da SEC, que me identificam como componente do comando de greve e
militante partidário. Ainda, fui alvo de outras calúnias que não consegui
escutar por optar no momento em me ausentar do espaço. Enquanto eu deixava o
local, os ataques se seguiram, com falas das companheiras para que eu “saísse
de cabeça baixa”.
Após
o ocorrido, as mesmas companheiras dirigiram-se à outra escola da mesma Zonal
para atacar outro companheiro, também professor em estágio probatório que assim
como eu reivindica a CSP-Conlutas e militou no PSTU, ele teve seu nome e
organização partidária citadas no microfone, com ele o ataque ainda foi mais
sério, haja vista que o mesmo estava na escola e durante as falas foi procurado
pelos funcionários da SEC.
As
companheiras comportaram-se, portanto, como “pseudocompanheiras”, agindo de
forma imoral ao difamar que eu estaria freqüentando a escola e dando as aulas,
uma mentira facilmente espalhada pela base e que serviu de elemento para me
desqualificar perante o movimento e a categoria. Quando questionadas por tal
prática, negaram tudo, “esquecendo” as calúnias e ofensas que deferiram contra
mim e contra o outro companheiro.
A postura das companheiras representa uma posição sectária e oportunista, que não colabora com o movimento, mas pelo contrário, destrói as relações de confiança e solidariedade que devem compor o cotidiano das lutadoras e lutadores engajados em qualquer movimento. Esta foi uma ação consciente de ataque aos companheiros, pelo simples fato destes comporem organizações sindicais e políticas diferentes da sua.
A postura das companheiras representa uma posição sectária e oportunista, que não colabora com o movimento, mas pelo contrário, destrói as relações de confiança e solidariedade que devem compor o cotidiano das lutadoras e lutadores engajados em qualquer movimento. Esta foi uma ação consciente de ataque aos companheiros, pelo simples fato destes comporem organizações sindicais e políticas diferentes da sua.
As
“pseudcompanheiras” usam a calúnia como arma política ao invés do debate como
ferramenta para o convencimento, e assumem a mesma função policialesca do
Estado, de coação aplicada sobre os professores em estágio probatório. Esta
postura aponta para uma moral do vale-tudo, estranha às e aos militantes do
nosso partido, o PSTU. Para ganhar politicamente a base para si, passa por cima
de todos e quaisquer princípios, valendo-se de mentiras que visam construir a
desconfiança da categoria ao redor do companheiro, de mim e da minha
organização – que, vale lembrar, sempre esteve lado a lado da categoria nos
enfrentamentos contra esse governo, nessa e em outras ocasiões, respeitando a
autonomia da categoria.
As
“pseudocompanheiras” através desta postura, direcionam o ataque a companheiros
aguerridos na luta pela Educação (que desde o primeiro dia cumpriram papel
significativo para o movimento) e não contra o governo Wagner/PT, que
desrespeita e ataca de maneira brutal a categoria em seu conjunto. Por que não
unir forçar neste momento? Por que não conclamar um esforço à unidade entre os
lutadores, para juntos derrotarmos o governo Wagner/PT no seu plano de
massacrar os docentes do estado? Por que, ao invés de difamar os companheiros,
essas militantes não ajudaram com a formação de piquetes para politizar a base
dos professores em probatório sobre a importância política de não assumir as
turmas?
Pois
digo em alto e bom som a essas militantes que aqui traidor é Wagner/PT, e não
nós que elas atacaram diretamente e os outros colegas em estágio probatório,
que estão sendo acusados de “pelegos” e sofrem com esta postura denuncista,
sendo julgados, submetidos a juízo popular, desmoralizados publicamente, tendo
suas figuras políticas e profissionais expostas (além de coagidos pelo governo
Wagner/PT a assumir as aulas), acarretando em significativas perdas em suas
vidas pessoais – assim como aconteceu comigo, nesta situação.
Exigimos
respeito de ambas as militantes e de sua organização política (ainda mais
porque o fato é reincidente). Nós do PSTU sempre respeitamos suas histórias de
luta e suas importâncias para o movimento. Não podemos deixar que companheiras
e companheiros, unidos por uma luta em comum, tenham esse tipo de trato com as
e os camaradas de organizações políticas e sindicais diferentes. Substituir o
debate político pelas calúnias e ataques pessoais e o espaço das assembléias
por emboscadas que retratam balanços parciais e isolados sobre os companheiros,
leva à degeneração e burocratização das entidades e organizações da classe
trabalhadora, além da derrota de qualquer ação de luta que esta tente levar
adiante.
Enquanto
parte da CSP-Conlutas e do PSTU, compartilho com estas organizações a visão de
que “guerreiro bom é guerreiro vivo” e nesse sentido zelamos pela manutenção de
nossos companheiros na categoria. Defendemos que qualquer medida tática, como
ir a escola e entregar a Assunção por determinação do Estado, carece de um
debate amplo e franco entre os camaradas. Defendemos que os companheiros em
probatório que assumiram as aulas por falta de orientação não devem ser caluniados
e desmoralizados publicamente de maneira covarde. O comando de greve e a
categoria em conjunto deve pensar saída coletiva que visem dar resposta
coletiva aos ataques sofridos pelos colegas de REDA e em estágio probatório a
fim de fortalecer a greve dos professores.
Devemos
debater no comando estratégias para os mesmos, porém considerando os fatos e
minha prática militante, também deixo aqui o desafio de provarem que estive
algum dia na escola para dar aulas, faço isso em função da calúnia feita de
maneira covarde e imoral contra o meu nome e o meu legado de luta na categoria.
O PSTU repudia totalmente a postura das militantes, que desmoraliza grevistas e
desunifica a categoria, e exigimos retratação pública já.
Pela defesa da democracia real no movimento e da moral daqueles que lutam contra as injustiças!
Eduardo Carvalho
Integrante
do Comando de Greve, militante do PSTU e construindo a CSP-Conlutas.
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