quarta-feira, 7 de outubro de 2015

PSTU/BA emite declaração sobre a conjuntura política brasileira e seus desdobramentos na Bahia

No último dia de 3 de outubro aconteceu mais uma reunião da Coordenação Estadual do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado da Bahia. E, diante da intensificação da crise econômica, política e social, com fortes desdobramentos também em nosso Estado, foi definido o conteúdo dessa declaração política.

Ao nível nacional, vimos um aprofundamento da recessão, com a previsão do próprio governo federal já apontando para um recuo do PIB nacional superior a 2% no ano de 2015, e analistas econômicos da burguesia já apontam, inclusive, uma queda ainda maior. E, o que é pior, todos já indicam um recuo em nossa economia também no ano que vem.

Em nosso país ainda estamos vivendo uma combinação, ainda mais perversa, entre a recessão e um sucessivo aumento da inflação, especialmente sobre as tarifas de água e luz, a gasolina e os produtos da cesta básica.

Já podemos assistir às consequências dessa crise sobre os trabalhadores, a juventude e a maioria do povo. Por um lado, crescem o desemprego e a carestia. Por outro, aumenta a violência policial contra a população pobre e negra das periferias das grandes cidades brasileiras, como Salvador.

Esse cenário terrível já revela que as promessas de Dilma e do seu “Ministro banqueiro” Joaquim Levy de que o ajuste fiscal teria resultados rápidos e que o país voltaria logo a crescer eram mera peça de propaganda enganosa.

Na Bahia sentimos como nunca os efeitos da crise econômica. Nos últimos 12 meses, a atividade econômica do Estado recuou 0,3% e da Capital Salvador recuou 2,9%. Também nos últimos 12 meses houve uma queda expressiva de 4,7% na produção industrial da Bahia, puxada principalmente pelo recuo na produção de petróleo (-4,8%) e seus derivados (-10,4%) e no emplacamento de automóveis novos (-9,6%). Somente em julho deste ano, a balança comercial apontou um déficit de 6 milhões de dólares, com uma queda de 11% no volume de exportações nos últimos 12 meses.

A consequência mais imediata da grave retração econômica pode ser sentida no salto significativo das demissões dos trabalhadores e trabalhadoras. Somente em julho de 2015 foram demitidos 8.207 trabalhadores e trabalhadoras, e nos últimos 12 meses esse número já atinge 44.744 empregos a menos na Bahia. Em julho desse ano, o setor que mais demitiu foi a construção civil, mandando para o desemprego 2.681 operários(as), pais e mães de família, mais de 30% do total de demissões de demissões neste mês aqui no Estado.

Infelizmente, esses números confirmam a triste posição a Bahia como “Estado campeão” do desemprego nacional, com um índice que já atingiu 12,7% e, nada mais nada menos, 18% na Região Metropolitana de Salvador. E esses números, que já são altíssimos nos dados oficiais, são na verdade muito maiores, pois as fórmulas de cálculos do desemprego são sempre rebaixadas e imprecisas.
Toda essa situação se torna ainda pior com o crescimento da inflação oficial, que em Salvador já se aproxima dos 10% nos últimos 12 meses (9,56%, segundo o IPCA; e 9,41%, segundo o IPC). E todo mundo sabe que a inflação real, na verdade, é ainda maior.

Mas nem todos estão perdendo com a crise econômica. Estamos assistindo, em meio à recessão na nossa economia, a um lucro recorde dos Bancos. Por exemplo, houve um aumento de 40% no lucro somente dos 4 maiores bancos instalados no Brasil, durante o primeiro semestre deste ano. E, mesmo com todo esse lucro “astronômico”, os bancos já demitiram mais de 7 mil trabalhadores somente este ano. 

E o agronegócio também está batendo recordes de produção. Enquanto todos os setores da economia baiana estão recuando, assistimos aqui no Estado a um crescimento, em julho de 2015, de 17,3% na produção de grãos, puxado principalmente pela produção de soja, que cresceu 40,5% só nesse mês*.

Olhando esses números incríveis, não é surpresa nenhuma que os banqueiros e os latifundiários estejam fechados com o apoio ao Governo Dilma (PT), com seus representantes diretos (Levy e Kátia Abreu) cada vez mais fortalecidos no governo do PT.

Se no governo Dilma, os banqueiros e os latifundiários estão “rindo à toa “, a situação é muito diferente para a classe trabalhadora, a juventude e a maioria do povo. Para a maioria da população, o governo do PT tem significado cada vez mais ataques aos seus direitos trabalhistas, cortes de verbas nas áreas sociais (como educação e saúde) e aumentos exorbitantes nas tarifas.

As grandes empresas e bancos pressionam o governo para ampliar o ajuste fiscal, o que vai significar mais ataques aos trabalhadores. Já está sendo preparada pelo governo, em negociação com os empresários e a direção das centrais sindicais governistas, uma nova reforma da previdência e uma nova ofensiva sobre os direitos trabalhistas, como a velha política de flexibilizar as conquistas históricas dos trabalhadores.

Os partidos da velha direita, como PSDB e DEM, de forma oportunista buscam se aproveitar da justa revolta da população contra o governo petista, para tentar se credenciar para ganhar as próximas eleições e voltar a controlar o governo federal.

Tanto o PT e seus aliados como os partidos da velha direita, como PSDB e DEM, brigam sempre pelo poder, fingindo estarem em lados opostos, mas são aliados para jogar “sobre os ombros” dos trabalhadores todo o peso da crise. Ou seja, estão sempre juntos e ao lado dos interesses dos ricos e poderosos.

Portanto, os trabalhadores não têm nenhum motivo para defender o governo Dilma e devem se organizar e se mobilizar cada vez mais para derrubar sua política econômica e o próprio governo. E, da mesma forma, não devem confiar em nenhum momento na falsa oposição do DEM e do PSDB.
A Bahia é mais uma demonstração de que, no fundamental, esses dois setores governam voltados para os interesses do grande capital. O Governo do Estado é controlado há três administrações pelo PT e a prefeitura de Salvador está agora de volta às mãos do DEM. O governador Rui Costa e o prefeito ACM Neto também sempre brigam na aparência, mas aplicam a mesma política de privatização e de ataques aos setores mais pobres e negros da população.

A saída é cada vez mais construir nas mobilizações uma nova alternativa, realmente dos trabalhadores, socialista e de esquerda, que apresente um plano alternativo para tirar nosso país da crise. Um plano que comece por apontar as verdadeiras causas da grave situação que vive a nossa economia, que são os pagamentos dos juros e amortizações da dívida pública, que já foi paga há muito tempo, e que anualmente levam praticamente metade de todo o orçamento da União, para enriquecer ainda mais os banqueiros nacionais e internacionais. Somente acabando com essa verdadeira “sangria” anual do dinheiro público para os bolsos dos banqueiros, poderemos garantir de fato, saúde, educação, empregos e moradia para os trabalhadores e a maioria da população.

Portanto, precisamos intensificar as nossas ações e mobilizações. Por isso, foi muito importante a realização da Marcha dos Trabalhadores e Trabalhadoras, que levou mais de 15 mil à cidade de SP e, no dia seguinte, a realização do Encontro dos Lutadores e Lutadoras, que definiu um programa da classe trabalhadora contra a crise e um calendário de mobilização. A realização desses dois importantes acontecimentos se transformou em um ponto de apoio para a organização da continuidade de nossas mobilizações no próximo período. Nesse sentido, aqui no Estado, apoiamos a iniciativa da CSP Conlutas de construção de um calendário de mobilização nos Estados/Regiões, durante o mês de outubro.

Não nos interessa atrelar as nossas mobilizações nem ao governo Dilma, como fazem as direções da CUT e da CTB, nem atrelá-las à falsa oposição da velha direita, como faz a Força Sindical. Chamamos também a direção nacional do PSOL e de importantes movimentos sociais, como o MTST, a abandonarem seu bloco com as organizações que defendem o governo Dilma e unificarem as ações com a CSP Conlutas e as entidades que organizaram a Marcha do dia 18 de setembro. Se realmente defendem “uma saída pela esquerda para o Brasil”, devem construir uma alternativa realmente independente e contra esse governo do PT, que tanto ataca a nossa classe e a maioria do povo, e também contra a falsa oposição dos partidos da velha direita (PSDB / DEM).

Nas próximas semanas, a construção dessa alternativa passa centralmente por apoiar ativamente a greve dos bancários em todo o país, e aqui na Bahia também, defendendo que esse movimento seja construído no sentido de enfrentar de frente a política econômica anti-trabalhador e o governo do PT. E, da mesma forma, apoiar as mobilizações e paralisações dos petroleiros, organizados pela Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), rumo a uma greve geral da categoria.

Vamos colocar “o bloco dos trabalhadores” na ruas contra o Governo de Dilma e contra os partidos da velha direita, apoiar a greve dos bancários e a luta dos petroleiros e construir fortes mobilizações no mês de outubro. Esse é o nosso desafio e o nosso compromisso!

Salvador, 3 de outubro de 2015.
Coordenação Estadual do PSTU / BA

*A maioria dos dados foram encontrados no Boletim de Conjuntura Econômica da Bahia de Agosto / 2015, produzido pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), órgão do próprio Governo do Estado

3 comentários:

encontra a saúde no país e o abandono total da educação desde os níveis básicos até o ensino superior.Não dá mais para aceitar isso calados. Que se faça valer a democracia e colocar esse tipo de político fora do poder.

encontra a saúde no país e o abandono total da educação desde os níveis básicos até o ensino superior.Não dá mais para aceitar isso calados. Que se faça valer a democracia e colocar esse tipo de político fora do poder.

encontra a saúde no país e o abandono total da educação desde os níveis básicos até o ensino superior.Não dá mais para aceitar isso calados. Que se faça valer a democracia e colocar esse tipo de político fora do poder.

Postar um comentário