Uma assembleia com mais de 1000 policiais militares, em Salvador, decidiu no início da noite desta quinta-feira pela continuidade da greve. A decisão foi tomada após mais uma tentativa de negociação com o governo.
O Governador manteve-se intransigente e não aceitou a proposta do movimento de pagamento das Gratificações de Atividade Policial (GAP) IV e V em março de 2012 e março de 2013, respectivamente, bem como a revogação das prisões políticas de lideranças da greve e reintegração de Marco Prisco à Polícia Militar, exonerado após a greve histórica de 2001.
A contraproposta do governo foi de escalonamento das gratificações a perder de vista, e sem garantia de liberdade aos presos políticos. Por unanimidade, os PMs rejeitaram a proposta do governo e mantiveram a greve por tempo indeterminado.
“A desocupação não nos derrotou. A PM parou e a culpa é do governador”
Na madrugada de hoje, os grevistas que ocupavam a Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), desde o dia 31 de janeiro, deixaram o prédio. Marco Prisco, líder do movimento, foi preso ao deixar a Assembleia.
A decisão de desocupação foi tomada, segundo os grevistas, para evitar um banho de sangue. As justificativas forjadas para o Exército invadir a ALBA e reprimir os manifestantes foram anunciadas pelo Jornal Nacional na noite de quarta-feira. No horário nobre, os grevistas foram chamados de vândalos, tiveram suas conversas telefônicas grampeadas e publicizadas, e ações de greve, como parar a BR e articular um movimento nacional, anunciadas como atividades criminosas.
Digna de um espetáculo que remonta a televisão brasileira na época da ditadura militar, a matéria da Globo foi o que o governo Dilma, à frente do exército, precisava para dar a ordem final. O banho de sangue na ALBA foi evitado, mas não pelo governo. A estratégia de enfraquecer a greve e criminalizar os grevistas, no entanto, continua.
A resposta do movimento foi rápida. “A desocupação não nos derrotou. A campanha da mídia contra a greve não irá nos vencer. A PM parou e a culpa é do governador”, declara um dos policiais durante a assembleia. Com a possível adesão de paralisações em outros estados, como Rio de Janeiro e Alagoas, o movimento pode se fortalecer ainda mais.
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