Adriana Oliveira e José Roberto da Silva– de Itabuna BA
Desde o começo da greve da PM no dia 31 de janeiro, o movimento grevista no sul do estado teve total adesão por parte dos policiais militares lotados na região. Os policiais do 15 º Batalhão de Itabuna do do 2º Batalhão de Ilhéus ficaram aquartelados, e organizaram importantes mobilizações nas duas principais cidades do sul do estado. Diversas organizações como a CSP-CONLUTAS BA, a OAB, a ADUSC, o Coletivo Mobiliza da UESC, o SIMPI – Sindicato do Magistério Público de Itabuna, os sindicatos dirigidos pela CTB (comerciários, bancários, SINTRATEC), partidos como PSTU e PCB, além de entidades religiosas e representantes de outras categorias do funcionalismo público, fizeram no último dia 08 de fevereiro, um Ato Público da Praça Adami, centro da cidade, que reuniu centenas de pessoas em apoio a greve dos policiais militares da Bahia e denunciaram a intransigência e o autoritarismo do governo Wagner – PT.
Em Ilhéus também ocorreu um relevante Ato Público em frente ao Palácio Paranaguá com a participação de diversas entidades sindicais e representantes de algumas categorias profissionais.
Na greve de 2001 não houve adesão do 15º Batalhão de Itabuna. Porém, dessa vez, diante de uma cenário de arrogância da parte dos oficiais e do governo que não aceitou negociar com os grevistas, os policiais decidiram pela completa paralisação.
No último dia 04 de fevereiro, no jogo entre Itabuna e Bahia pelo Campeonato Baiano, os policiais decidiram em Assembleia que não prestariam serviço de segurança para o jogo. Essa decisão fomentou a organização de uma passeata em direção ao Estádio Luís Viana Filho (Itabunão) para impedir que a Tropa de Choque – CIPE/Cacaueira pudesse ingressar no estádio para prestar serviço. Os policiais entoando palavras de ordem e o hino da corporação fizeram barreira com dezenas de grevistas no portão de acesso, impedindo a entrada da CIPE. Mesmo após intensa negociação com o comando da polícia, nenhum militar da CIPE teve acesso ao interior do estádio e somente com a chegada da Força Nacional o jogo pode começar com atraso de 15 minutos. Os poucos soldados da força Nacional ficaram apenas no gramado para garantir o jogo. A Federação Baiana de Futebol de forma irresponsável manteve o jogo sem nenhuma condição de segurança para os
milhares de torcedores assistiram o jogo na arquibancada.
O PSTU e a CSP- Conlutas estiveram presentes neste Ato com uma faixa com a consigna: “Todo apoio à greve dos policias militares e bombeiros da Bahia”. Ao chegarem ao local do Ato foram recebidos entusiasticamente com aplausos, gritos e palavras de ordem pelos policiais que se manifestavam. Um dos PM's que registravam o Ato, gritava emocionado: “Isso é lindo, isso é lindo demais”. Veja o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=k3-QRo041ko.
A professora da rede pública Adriana Oliveira, militante do PSTU e da CSP – Conlutas, enfaticamente destacou: “Boa tarde companheirada, trabalhadores fardados da Bahia! Nós, da CSP- Conlutas viemos aqui nessa tarde para manifestar nosso total apoio à greve da Policia Militar da Bahia. (…) se o caos está implantado na cidade e no estado a culpa não é da polícia é do governador que se recusa em negociar com os grevistas. (…) É preciso que o governador saia da televisão com o seu arsenal de mentiras, chamando os trabalhadores de 'vândalos' e sente para negociar (…). Eu sou professora, meus companheiros aqui são professores e estudantes, sabemos o que é sentir na pele o peso da intransigência e da arrogância dos governos em relação aos trabalhadores. Essa é uma mobilização histórica, vai servir de lição para o serviço público no Brasil inteiro”.
A fala da professora Adriana, foi seguida pelo discurso do professor da rede pública estadual José Roberto que denunciou a repressão do Governo Wagner e Dilma a todas as greves do funcionalismo público.
No sábado dia 11/02 após 12 dias de intensa repressão por parte do Governo e do comando da Pm os policiais deciram em assembleia pelo fim da greve em Itabuna. Após reunião de quatro representantes dos Policiais com o Comando da PM, os coronéis se comprometeram que não haveria nenhuma punição para qualquer policial grevista do 15º Batalhão.
Mentiras, Repressão e prisões arbitrárias
Apesar de não haver nenhum tipo de incidente durante a greve no sul do estado, o Governo de Jaques Wagner iniciou uma brutal perseguição contra os Pms de Itabuna e de Ilhéus, causando enorme revolta na tropa. No dia 14/02 (terça-feira) 3 dias após o fim da greve, 12 os policiais militares de Itabuna e Ilhéus foram presos sob a acusação de vandalismo. Eles foram detidos por determinação do juiz da Justiça Militar Paulo Roberto Santos de Oliveira. Os mandados foram expedidos um dia antes do fim da greve e cumpridos no dia 14. De Itabuna foram presos José Januário Neto, José Roberto dos Santos, Márcia Batista de Oliveira, Renata Tereza Brandão Meireles e Valéria Rodrigues Morais Silva e Wadson Andrade. Os detidos em Ilhéus foram Fábio Alves de Oliveira, Flávio Rogério de Souza, Fábio Dourado, Jaílson Eça Brito, Robson Francisco Santana e Valquer Cerqueira. O comando de Policiamento da Região Sul de forma mentirosa e truculenta
justificou a prisão dizendo que os Pms cometeram uma série de crimes, inclusive uso indevido de armas.
Os PMs de Ilhéus estão presos no Batalhão de Choque da Corporação, em Lauro de Freitas. A polícia ainda tenta prender uma das lideranças do movimento em Ilhéus, o soldado e estudante de direito da UESC Augusto Júnior, considerado foragido. Já os policiais de Itabuna estão detidos no 15º Batalhão da Polícia Militar.
Jaques Wagner disse que prisão dos seis policiais militares do 15º BPM (Itabuna) se deve ao fato de todos eles terem permanecido no quartel “sem uniforme” e impedido a saída de viaturas. Na verdade, praticamente todos os policiais permaneceram sem farda durante o movimento dentro do quartel, no bairro Jaçanã. A decisão de reter as viaturas foi tomada coletivamente durante assembleia na noite da quinta (2/02) e não por decisão isolada dos seis policiais.Desta forma sob esta alegação o governador teria de prender todo o efetivo do Batalhão (excluindo os oficiais e o comandante por motivos óbvios).
As prisões destes policiais assim como a prisão de Prisco e de todas as lideranças dos PMs na Bahia revelam uma face ditatorial do Governo de Jaques Wagner do PT contra o movimento grevista destes servidores públicos. O clima é de muita revolta entre os Pms que se sentem traídos e esmagados tanto pelo seu comando como pela própria promessa de Wagner de não punir os policiais que participaram “pacificamente” da greve. Hoje qualquer justificativa serve para prender os Pms de forma arbitrária, para intimidar os demais.
Está colocada para o conjunto dos movimentos e organizações sociais da Bahia e do Brasil, Partidos de esquerda a necessidade de uma campanha em defesa da libertação destes policiais baianos e dos companheiros Pms e bombeiros presos no Rio de Janeiro, pois esta ação brutal de repressão atinge o conjunto dos movimentos sociais e lutadores deste país. É necessário exigir anistia e fim a criminalização dos movimentos sociais.
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