quinta-feira, 7 de junho de 2012

A educação está em luta! Frente aos ataques do governo o único caminho é a rebeldia.


Juventude do PSTU-BA

Desde o dia 17 de maio, vivemos um momento histórico no país. São mais de 55 institutos federais em greve, tendo 30 destes declarado greve desde o primeiro dia. Professores, estudantes e servidores que tem se colocado em luta no Brasil inteiro, são hoje protagonistas de um dos maiores movimentos já vistos no país em defesa da educação pública. E a força do movimento só cresce. A cada dia que passa mais universidades e institutos paralisam suas atividades para lutarem por suas pautas. E a greve só tem comprovado que os problemas enfrentados hoje pelas universidades e institutos federais são reflexos da política do governo de precarização e sucateamento da educação pública.

Num governo onde quase metade do orçamento público vai para o pagamento de uma dívida  ilegítima que só serve pra engordar os bolsos dos banqueiros, além dos bilhões em investimentos na copa do mundo, a educação está longe de ser prioridade. Não é surpresa então ver estádios luxuosos e de última tecnologia sendo construídos enquanto as universidades caem aos pedaços. Enquanto as empreiteiras e os grandes empresários lucram como nunca, os trabalhadores da construção civil e os professores precisam ir pras ruas lutar por melhorias salariais e condições dignas de trabalho. A greve que hoje toma o país expressa essas contradições e só demonstra como seguimos vivendo num país injusto e desigual. E a resposta que os trabalhadores e a juventude precisam dar é uma só: luta!

Bahia, onde se encontram todas as lutas.

Na Bahia, desde o início do ano vivemos um verdadeiro vendaval de mobilizações. Desde a greve da PM em fevereiro, o estado tem sido palco de intensas lutas que se chocam diretamente com os ataques do governo e patrões à classe trabalhadora. A greve dos professores da rede estadual de ensino já resiste a quase 60 dias, com uma força e disposição de luta que só demonstram o sentimento da categoria de derrotar os planos de Wagner.

Nesse cenário, no dia 29 de maio, em uma assembleia legítima, os docentes da UFBA deflagraram greve. É um momento único para uma categoria que há mais de 10 anos está amordaçada por um sindicato que em toda sua gestão tem jogado contra a mobilização dos professores. Foi uma imensa vitória ter uma assembleia tão cheia frente a todo jogo criado pela diretoria da APUB para desmobilizar qualquer movimentação dos professores que responderam a altura dando peso à assembleia e decidindo aderir ao movimento grevista nacional, incorporando suas pautas e fortalecendo a luta em defesa da educação.

APUB, tão perto do governo e tão longe da luta.
Ao final da assembleia, a atual diretora da APUB, Silvia Lúcia Ferreira, afirmou à imprensa que a greve tinha sido deflagrada e que para cumprir com o estatuto, seria realizado um referendo popular via internet para “legitimar” a greve. Porém, ao longo dessas semanas, o que temos visto é uma verdadeira ofensiva da APUB no sentido de propagandear que a greve é ilegítima, fazendo chamados a professores a irem dar aula e se posicionarem contra a mobilização. A atual diretoria tem buscado ganhar o apoio acadêmico e da sociedade utilizando-se do argumento reacionário de que a greve atrapalha estudantes que querem se formar, as férias de professores e que a universidade vira um verdadeiro caos.

O que a APUB não diz é que a educação pública se transformou num caos há muito tempo. E não por culpa dos professores. O governo Dilma e o Ministério da Educação são os verdadeiros responsáveis pela situação em que a educação se encontra. Implementando políticas que agudizam os problemas das instituições federais, é o governo quem não deixa os professores trabalharem e os estudantes se formarem. 

O novo PNE, aos sistematizar todos os planos do governo, todos contestados pelos movimentos sociais, transformando-os em política de estado, só demonstra o total descaso com que Dilma trata a educação. Não são os professores em luta que prejudicam a universidade, pelo contrário. É só a luta dos professores, em unidade com os servidores e estudantes que será capaz de derrotar esses ataques. A APUB, que deveria ser uma aliada nisso, escolhe o lado do governo contra a categoria e a defesa da educação pública.

UFBA, berço do REUNI.

Em cada reunião do comando de greve dos professores, fica nítida a disposição de luta e vontade de movimentar todos os segmentos da universidade a aderirem ao movimento. Aulas públicas tem se realizado e junto com elas, assembleias de curso em que os estudantes têm votado pela greve. Toda a universidade tem se mostrado a favor do movimento grevista, e a adesão só cresce com o passar dos dias. Os problemas dos cursos vão ganhando voz e se misturam aos problemas gerais da universidade. E a pauta estudantil, já construída num processo anterior de mobilização do ME da UFBA, juntamente com a pauta dos docentes, culminam numa ampla luta em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade.

Na UFBA, os problemas enfrentados por docentes e estudantes andam de mãos dadas. A desvalorização da carreira docente afeta diretamente o ensino. As péssimas condições de trabalho e falta de estrutura impedem uma formação com qualidade. A falta de livros, laboratórios, RU’s, salas de aula, ventiladores, etc., podem ser traduzidas numa palavra: REUNI. Foi a UFBA carro-chefe da principal política do governo para a educação e é nela que hoje se encontram os diversos problemas fruto de 5 anos de expansão sem qualidade e sem verbas. Aliado a isso, o governo esse ano já cortou quase R$ 5 bilhões em verbas para educação. Não é surpresa então que as consequências dessas medidas sejam greves explodindo em todo país.

É preciso que o movimento grevista faça uma ampla reflexão sobre o que significou os 5 anos de REUNI para a educação pública. Esse debate torna-se ainda mais necessário ao passo em que o governo tenta aprovar o novo PNE, que visa transformar o REUNI em política de estado. É uma derrota para o movimento estudantil e docente que hoje se coloca em luta a aprovação de um plano que sistematiza duros ataques à educação pública, privilegia o deslocamento de verbas para o setor privado e prevê cada vez mais expansões sem qualidade e sem recursos. A greve nacional precisa levar a bandeira dos 10% do PIB para a educação pública já!, pois a expansão que queremos precisa vir acompanhada de aumento de verbas e com qualidade.

Greve Geral em toda Federal!

Centenas de vozes euforicamente não se cansavam de repetir “Greve geral em toda federal”. Foi assim que os estudantes da UFBA decidiram em Assembleia geral a entrada na greve. A UFBA segue o exemplo das mais de 30 universidades brasileiras que nos últimos 10 dias também decretaram greve estudantil.          

Os jovens no mundo inteiro têm sido protagonistas de importantes processos de luta. Aliada a classe trabalhadora a juventude tem  demonstrado toda sua força derrubando ditaduras, ocupando as ruas e resistindo aos ataques cada vez mais duros do imperialismo. É esse espírito que hoje contagia e inspira todos os estudantes que tem colocado seu tempo e força para construir essa greve nacionalmente. A adesão só cresce e com ela a força da mobilização, tornando a greve uma verdadeira luta em prol de uma universidade democrática e acessível aos setores excluídos e oprimidos da sociedade.

Nós do PSTU defendemos com unhas e dentes todas as mobilizações da juventude e da classe trabalhadora em defesa dos seus direitos. Acreditamos que a greve já é vitoriosa pela sua amplitude e força, e para avançar precisa unificar suas pautas e demonstrar na unidade todo potencial de luta desse movimento. É preciso que os estudantes componham o comando de greve nacional de estudantes, que só fortalece a greve ao nacionalizar a pauta e unir as forças contra o verdadeiro inimigo da educação: o governo.

Porém, é preciso ir além. Devemos lutar para construir uma sociedade em que a educação seja prioridade e esteja a serviço dos trabalhadores. Que a educação seja transformadora e verdadeiramente libertadora. Que os professores sejam valorizados e tenham condições dignas de trabalho e salários dignos. Que não existam muros nem portões que separem o povo do conhecimento. Nossa luta precisa ir de encontro à sociedade capitalista que vive da exploração do homem e produz seu sofrimento. Para isso, despenderemos todos os nossos esforços e juntos à classe trabalhadora, seremos invencíveis.


1 comentários:

Até quando vamos viver, ouvir e calar diante nós. Precisamos restaurar a luta, repensamos onde erramos e onde podemos acertar só assim podemos defendemos um Socialismo Justo e Solidário.
Não basta lutamos contra as injustiças é devemos organizamos povo, como sociedade, não apenas nas eleições, mas também durante o ano inteiro, os que querem continuar na luta devem organizar o povo não como ovelha, mas como seres pesantes capaz de refletir,discordar até mesmo dos que os organizam e os defendem, quando eles forem capaz de fazer isso ai estão preparados para confrontar os Poderosos.

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