Juventude do PSTU-BA
Desde o dia 17 de maio, vivemos
um momento histórico no país. São mais de 55 institutos federais em greve,
tendo 30 destes declarado greve desde o primeiro dia. Professores, estudantes e
servidores que tem se colocado em luta no Brasil inteiro, são hoje
protagonistas de um dos maiores movimentos já vistos no país em defesa da
educação pública. E a força do movimento só cresce. A cada dia que passa mais
universidades e institutos paralisam suas atividades para lutarem por suas
pautas. E a greve só tem comprovado que os problemas enfrentados hoje pelas
universidades e institutos federais são reflexos da política do governo de
precarização e sucateamento da educação pública.
Num governo onde quase metade do
orçamento público vai para o pagamento de uma dívida ilegítima que só serve pra engordar os bolsos
dos banqueiros, além dos bilhões em investimentos na copa do mundo, a educação
está longe de ser prioridade. Não é surpresa então ver estádios luxuosos e de
última tecnologia sendo construídos enquanto as universidades caem aos pedaços.
Enquanto as empreiteiras e os grandes empresários lucram como nunca, os
trabalhadores da construção civil e os professores precisam ir pras ruas lutar
por melhorias salariais e condições dignas de trabalho. A greve que hoje toma o
país expressa essas contradições e só demonstra como seguimos vivendo num país
injusto e desigual. E a resposta que os trabalhadores e a juventude precisam
dar é uma só: luta!
Bahia, onde se encontram todas as lutas.
Na Bahia, desde o início do ano
vivemos um verdadeiro vendaval de mobilizações. Desde a greve da PM em
fevereiro, o estado tem sido palco de intensas lutas que se chocam diretamente
com os ataques do governo e patrões à classe trabalhadora. A greve dos
professores da rede estadual de ensino já resiste a quase 60 dias, com uma
força e disposição de luta que só demonstram o sentimento da categoria de
derrotar os planos de Wagner.
Nesse cenário, no dia 29 de maio,
em uma assembleia legítima, os docentes da UFBA deflagraram greve. É um momento
único para uma categoria que há mais de 10 anos está amordaçada por um
sindicato que em toda sua gestão tem jogado contra a mobilização dos
professores. Foi uma imensa vitória ter uma assembleia tão cheia frente a todo
jogo criado pela diretoria da APUB para desmobilizar qualquer movimentação dos professores
que responderam a altura dando peso à assembleia e decidindo aderir ao
movimento grevista nacional, incorporando suas pautas e fortalecendo a luta em
defesa da educação.
APUB, tão perto do governo e tão longe da luta.
Ao final da assembleia, a atual diretora da APUB, Silvia Lúcia Ferreira, afirmou à imprensa que a
greve tinha sido deflagrada e que para cumprir com o estatuto, seria realizado
um referendo popular via internet para “legitimar” a greve. Porém, ao longo
dessas semanas, o que temos visto é uma verdadeira ofensiva da APUB no sentido
de propagandear que a greve é ilegítima, fazendo chamados a professores a irem
dar aula e se posicionarem contra a mobilização. A atual diretoria tem buscado
ganhar o apoio acadêmico e da sociedade utilizando-se do argumento reacionário
de que a greve atrapalha estudantes que querem se formar, as férias de
professores e que a universidade vira um verdadeiro caos.
O que a APUB não diz é que a
educação pública se transformou num caos há muito tempo. E não por culpa dos
professores. O governo Dilma e o Ministério da Educação são os verdadeiros
responsáveis pela situação em que a educação se encontra. Implementando
políticas que agudizam os problemas das instituições federais, é o governo quem
não deixa os professores trabalharem e os estudantes se formarem.
O novo PNE,
aos sistematizar todos os planos do governo, todos contestados pelos movimentos
sociais, transformando-os em política de estado, só demonstra o total descaso
com que Dilma trata a educação. Não são os professores em luta que prejudicam a
universidade, pelo contrário. É só a luta dos professores, em unidade com os
servidores e estudantes que será capaz de derrotar esses ataques. A APUB, que
deveria ser uma aliada nisso, escolhe o lado do governo contra a categoria e a
defesa da educação pública.
UFBA, berço do REUNI.
Em cada reunião do comando de
greve dos professores, fica nítida a disposição de luta e vontade de movimentar
todos os segmentos da universidade a aderirem ao movimento. Aulas públicas tem se
realizado e junto com elas, assembleias de curso em que os estudantes têm
votado pela greve. Toda a universidade tem se mostrado a favor do movimento
grevista, e a adesão só cresce com o passar dos dias. Os problemas dos cursos
vão ganhando voz e se misturam aos problemas gerais da universidade. E a pauta
estudantil, já construída num processo anterior de mobilização do ME da UFBA,
juntamente com a pauta dos docentes, culminam numa ampla luta em defesa da
educação pública, gratuita e de qualidade.
Na UFBA, os problemas enfrentados
por docentes e estudantes andam de mãos dadas. A desvalorização da carreira
docente afeta diretamente o ensino. As péssimas condições de trabalho e falta
de estrutura impedem uma formação com qualidade. A falta de livros, laboratórios,
RU’s, salas de aula, ventiladores, etc., podem ser traduzidas numa palavra:
REUNI. Foi a UFBA carro-chefe da principal política do governo para a educação
e é nela que hoje se encontram os diversos problemas fruto de 5 anos de
expansão sem qualidade e sem verbas. Aliado a isso, o governo esse ano já
cortou quase R$ 5 bilhões em verbas para educação. Não é surpresa então que as
consequências dessas medidas sejam greves explodindo em todo país.
É preciso que o movimento
grevista faça uma ampla reflexão sobre o que significou os 5 anos de REUNI para
a educação pública. Esse debate torna-se ainda mais necessário ao passo em que
o governo tenta aprovar o novo PNE, que visa transformar o REUNI em política de
estado. É uma derrota para o movimento estudantil e docente que hoje se coloca
em luta a aprovação de um plano que sistematiza duros ataques à educação
pública, privilegia o deslocamento de verbas para o setor privado e prevê cada
vez mais expansões sem qualidade e sem recursos. A greve nacional precisa levar
a bandeira dos 10% do PIB para a educação pública já!, pois a expansão que
queremos precisa vir acompanhada de aumento de verbas e com qualidade.
Greve Geral em toda Federal!
Centenas de vozes euforicamente
não se cansavam de repetir “Greve geral em toda federal”. Foi assim que os
estudantes da UFBA decidiram em Assembleia geral a entrada na greve. A UFBA
segue o exemplo das mais de 30 universidades brasileiras que nos últimos 10
dias também decretaram greve estudantil.
Os jovens no mundo inteiro têm sido protagonistas de
importantes processos de luta. Aliada a classe trabalhadora a juventude
tem demonstrado toda sua força
derrubando ditaduras, ocupando as ruas e resistindo aos ataques cada vez mais
duros do imperialismo. É esse espírito que hoje contagia e inspira todos os
estudantes que tem colocado seu tempo e força para construir essa greve
nacionalmente. A adesão só cresce e com ela a força da mobilização, tornando a
greve uma verdadeira luta em prol de uma universidade democrática e acessível
aos setores excluídos e oprimidos da sociedade.
Nós do PSTU defendemos com unhas
e dentes todas as mobilizações da juventude e da classe trabalhadora em defesa
dos seus direitos. Acreditamos que a greve já é vitoriosa pela sua amplitude e
força, e para avançar precisa unificar suas pautas e demonstrar na unidade todo
potencial de luta desse movimento. É preciso que os estudantes componham o
comando de greve nacional de estudantes, que só fortalece a greve ao
nacionalizar a pauta e unir as forças contra o verdadeiro inimigo da educação:
o governo.
Porém, é preciso ir além. Devemos
lutar para construir uma sociedade em que a educação seja prioridade e esteja a
serviço dos trabalhadores. Que a educação seja transformadora e verdadeiramente
libertadora. Que os professores sejam valorizados e tenham condições dignas de
trabalho e salários dignos. Que não existam muros nem portões que separem o
povo do conhecimento. Nossa luta precisa ir de encontro à sociedade capitalista
que vive da exploração do homem e produz seu sofrimento. Para isso,
despenderemos todos os nossos esforços e juntos à classe trabalhadora, seremos
invencíveis.
1 comentários:
Até quando vamos viver, ouvir e calar diante nós. Precisamos restaurar a luta, repensamos onde erramos e onde podemos acertar só assim podemos defendemos um Socialismo Justo e Solidário.
Não basta lutamos contra as injustiças é devemos organizamos povo, como sociedade, não apenas nas eleições, mas também durante o ano inteiro, os que querem continuar na luta devem organizar o povo não como ovelha, mas como seres pesantes capaz de refletir,discordar até mesmo dos que os organizam e os defendem, quando eles forem capaz de fazer isso ai estão preparados para confrontar os Poderosos.
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