sexta-feira, 25 de maio de 2012

Bahia de todas as lutas: onda de greves sacode o estado neste primeiro semestre



Repressão: Exército, a mando de Wagner e Dilma ,
cerca a Assembleia Legislativa ocupada
pelos policiais grevistas
Aqueles que acreditavam que a postura autoritária, intolerante e prepotente do governo Wagner frente à greve da PM, em fevereiro deste ano, significaria a abertura de uma situação adversa para os sindicatos e os trabalhadores na Bahia se enganaram. A greve da PM polarizou a sociedade e desmascarou o discurso do governo. Além de não atender às reivindicações dos policiais e se recusar a negociar, o governo utilizou a repressão no melhor estilo “carlista” para derrotar o movimento. Centenas de policiais estão sofrendo com os processos administrativos e até pouco tempo o principal líder da greve encontrava-se preso.

A greve da PM provocou a maior crise política do governo Wagner e desnudou a crise da segurança pública no estado. A repressão e criminalização da greve, apoiada na campanha midiática contra os policiais, e a falta de uma solidariedade ativa dos sindicatos dirigidos pela CUT e pela CTB resultaram em uma derrota parcial dos policiais. Ao mesmo tempo, a forte greve da PM fortaleceu o sentimento nos diferentes setores de que é possível enfrentar a arrogância do governo e dos patrões.

Assembleia  da Construção Civil em abril de 2012

O exemplo dado pelos policiais foi seguido pelos operários da construção pesada que pararam as principais obras de infra-estrutura da Bahia durante 15 dias do mês de abril e pelos professores do estado em greve há 44 dias. Nesta semana, os professores da Univasf e da UFRB se somaram à greve nacional das Universidades Federais. Também neste mês de maio, os rodoviários cruzaram os braços e pararam 100% do transporte coletivo em Salvador com a campanha “Quem carrega vidas merece respeito”. Os professores da rede privada, por sua vez, paralisaram suas atividades com indicativo de greve para próxima terça-feira (29).

A Bahia está frente a um ciclo de greves e mobilizações da classe trabalhadora em defesa de melhores salários e direitos. Essas lutas são a maior demonstração de que seguimos vivendo em um país injusto e desigual. Os frutos do crescimento econômico no Brasil e na Bahia não são distribuídos para o conjunto da população e só uma pequena minoria da sociedade se beneficia com o crescimento econômico: os políticos corruptos e os patrões. Os trabalhadores rodoviários, da construção civil e os professores seguem recebendo salários miseráveis e as péssimas condições de trabalho vêm gerando um aumento das doenças e acidentes de trabalho. Essa é a realidade diária de milhões de trabalhadores em nosso Estado.

Mesmo sendo a sexta economia do mundo, os serviços públicos no Brasil estão longe de atender as necessidades da população, basta ver o sucateamento da educação, da saúde e do transporte “publico”. A Bahia, por sua vez, é o estado mais rico do nordeste, mas isso não tem significado uma melhoria na vida dos trabalhadores. O problema não é a falta de dinheiro, mas a política econômica do governo Dilma e Wagner que seguem aplicando uma política de privatização para atender os interesses dos empresários. Milhões de reais que poderiam ser utilizados para melhorar os serviços públicos são destinados para as grandes obras da copa e das olimpíadas, o pagamento da divida externa e uma parte importante desse dinheiro vai parar no bolso de políticos e partidos corruptos, como demonstra o atual escândalo de corrupção envolvendo parlamentares governistas e da oposiçao de direita.

A situação do transporte coletivo em Salvador é a maior demonstração de que os governos e os empresários não estão nenhum pouco preocupados com a população. Enquanto os empresários de ônibus ganham milhões, os motoristas e cobradores vivem com salários de fome e os usuários do transporte coletivo têm que suportar, diariamente, os ônibus superlotados, tarifas absurdas, estações completamente sucateadas e o trânsito infernal para chegar ao seu trabalho.

Por tudo isso, afirmamos que as greves são justas e os verdadeiros responsáveis são os patrões e os governos que se recusam a atender as mínimas reivindicações dos trabalhadores. Lamentavelmente, a postura do PT e do PC do B, que antes estiveram nas lutas, é criminalizar os grevistas para preservar o governo e os lucros dos patrões. Esses partidos mudaram de lado.

Ato dos Professores em greve
Para poupar o governo Wagner e manter seus cargos, o presidente do PC do B no Estado, Daniel Almeida chegou ao absurdo de advertir o presidente da APLB, Rui Oliveira (também militante do PC do B) por transformar a greve dos professores em uma “mobilização política contra o governo”. A mesma postura foi adotada pelo PCdoB para eliminar a possibilidade de apoio da CTB (central que o partido dirige) à greve da PM. Agora, o governo Wagner do PT e do PC do B vem utilizando os métodos mais duros para derrotar o movimento dos professores no melhor estilo da direita nesse país.

Mesmo com os salários cortados e resistindo há quase dois meses de greve, os professores demonstram a força da categoria. A greve já é a mais forte e radicalizada dos últimos anos. A disposição dos professores em cada assembleia é de seguir a greve e manter a ocupação da Assembleia Legislativa, inciada desde o dia 18 de abril.

Unificar as lutas para arrancar vitórias!

Nós do PSTU acreditamos que é possível vencer e por isso colocamos todo o nosso esforço militante a serviço das greves e das lutas que acontecem no nosso estado. Mas, para isso é necessário unificar as lutas do serviço publico estadual, chamando uma paralisação de 24 horas.

A FETRAB, a APLB e a CTB, à frente do funcionalismo público, são os maiores responsáveis por construir essa paralisação, transformando-a em um grande dia de luta. Infelizmente, o partido que dirige essas organizações é o PC do B, um fiel aliado do PT e de Wagner. Por isso fazemos um chamado que os dirigentes sindicais desse partido não se submetam à orientação da direção política do PC do B. A força da nossa luta está na independência do governo, como vem demonstrando os heroicos professores. Nenhuma ilusão e subordinação a Wagner, ao PT e ao PC do B.

Frente à traição desses partidos, nós do PSTU nos orgulhamos de ser o partido das lutas e do socialismo e por está lado a lado com os professores e rodoviários. Nestas lutas defendemos a unidade da classe trabalhadora e a mais ampla solidariedade aos setores em greve.

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