sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Na Bahia, PT e o PCdoB não se sentem mais “excluídos” e abandonam o Grito

Matheus Quadros e Anderson Santos


Já é tradição em Salvador a participação dos diversos movimentos sociais e partidos nas festas e protestos populares. Um dos mais tradicionais, que ocorre simultaneamente em vários estados, é o Grito do Excluídos. Em paralelo às comemorações oficiais da Independência, o Grito em Salvador é um espaço dos setores oprimidos da sociedade, por uma verdadeira soberania do país.

A população geralmente aguarda pacientemente a passagem do Grito, após todo o cortejo oficial, encontrando palavras de ordem e bandeiras dos movimentos que refletem suas angústias cotidianas.

Neste ano, algo estranho chamava atenção dos ativistas: “porque o ato estava tão vazio?”. De acordo com a Polícia Militar, pouco mais de 5 mil pessoas acompanharam o Grito. Aos olhos mais atentos, porém, o vazio não era só quantitativo, mas principalmente uma ausência política, remetia imediatamente à ausência de partidos tradicionais, de grande influência entre os trabalhadores. Falamos aqui principalmente do PT e do PCdoB.

No ataque cotidiano aos trabalhadores, o PT e o PCdoB constroem a traição...
Dilma, usando a desculpa da crise internacional, em seus sete meses de governo já cortou no início do ano R$ 50 bilhões do Orçamento, vetou o aumento real dos aposentados e do salário mínimo, ampliou a meta do superávit primário em mais de R$ 10 bilhões para acalmar os banqueiros. Neste momento, com o apoio dos traidores da CUT e CTB, intensifica a política de ceder uma infinidade de incentivos às grandes empresas, através do Plano Brasil Maior.

Na Bahia, além do pacote das privatizações anunciadas (cartórios, aeroporto, Fonte Nova, metrô, pedágios), a série de nocautes que Wagner impõe para o servidor público não pára.

Agora, colocou as mãos no PLANSERV. O Projeto de Lei que restringe a utilização do PLANSERV pelos servidores foi aprovado no dia 31/08 pela Assembléia Legislativa, em mais um rolo-compressor do governo e de seus dedicados dirigentes sindicais. Com o sistema de co-participação, o servidor tem uma cota limitada para consultas e procedimentos e terá de pagar mais por um plano já precário.

Outros ataques chegam dos patrões, que forçam os trabalhadores a cargas horárias cada vez mais desgastantes. Os salários seguem baixos e recentemente o criminoso descaso com a segurança tirou a vida de nove operários da construção civil em Salvador.

Há muitos motivos para protestar, mas partidos de tanta influência nas categorias, como o PCdoB na construção civil, em professores estaduais, bancários e no judiciário, ou o PT, entre químicos e petroleiros, se escondem dos trabalhadores e não participam do Grito.

...nos “dias de festa”, o PT e o PCdoB se mostram cada vez mais adaptados ao regime
Os veículos da mídia baiana, ao reportar a corriqueira passagem do 7 de Setembro e do Grito, expuseram a ausência dos partidos de direita e de esquerda. De acordo com o jornal A Tarde, a “autoexclusão” dos partidos no Grito tem a ver com o fato de que, por não ser um ano de eleições. Por isso , seria “normal” que os partidos não se apresentassem no ato.

Nossa opinião é de que isso só é verdade para os partidos que tem no oportunismo eleitoral a sua razão de existir. O PT e o PCdoB adotam cada vez mais essa postura oportunista e se excluem do ato em anos não eleitorais. Vão tornando-se partidos da ordem, eleitorais, repetindo o método dos velhos partidos da direita tradicional (DEM, PMDB e PSDB).

Acabam por arrastar sindicatos, centrais e entidades estudantis, como CUT, CTB e UNE, para a mesma trajetória política de abandono das bandeiras dos trabalhadores, em troca de benesses cada vez mais pomposas, frutos de corrupção, burocratização da máquina pública e cooptação de seus quadros para cargos políticos.

Cada vez mais as máscaras do PT e do PCdoB vêm caindo. Ainda que reivindiquem estar ao lado dos trabalhadores, a ausência no ato desta quarta-feira apenas expõe uma realidade. PT e PCdoB estão perfeitamente adaptados ao regime dos patrões e utilizam sua influência junto aos trabalhadores para legitimar os ataques do governo Dilma. São eles os traidores que costuram na base das categorias, por meio de suas entidades burocratizadas, a aceitação aos ataques dos patrões e se fortalecem através das alianças com eles.

A conclusão  óbvia é que estas duas ferramentas em nada podem contribuir com a luta e emancipação dos trabalhadores. Hoje apenas servem à manutenção da exploração dos trabalhadores. Ou seja, não são mais excluídos, são parte fundamental da engrenagem capitalista e por isso não têm motivos para “perder” um feriado marchando pelas ruas junto aos trabalhadores.

“Apesar de você”, um partido pra lutar...
Para o PSTU, é fundamental a aproximação de um partido como o nosso da luta incessante dos trabalhadores. A participação no Grito dos Excluídos é parte do nosso calendário como forma de denunciar os ataques do governo e estar junto aos trabalhadores. Nesse ano foi o ataque ao PLANSERV, a denúncia às privatizações de Wagner e a campanha de 10% do PIB pela educação. Nos próximos, seguiremos dedicando nossa intervenção neste ato, construindo a luta dos trabalhadores.

Para nós, o Grito dos Excluídos não serve como espaço de autopromoção partidária, mas justamente para dialogar com a população que o país precisa de uma segunda independência, que faça com que o país deixe de enviar quase metade do orçamento para os banqueiros internacionais. E para discutir que suas mazelas cotidianas e a exploração só terão fim quando os trabalhadores forem para as ruas e construírem um novo sistema social: o socialismo.

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