Caroline Sales e Jean Montezuma.
Secretaria de negras e negros Salvador.
13 de maio de 1888, há 126 anos a
princesa Isabel assinava a lei Áurea e entrava para história como
autora do gesto benevolente que libertou milhões de negros e negras
do tormento da escravidão. Essa história que nos é contada nos
livros, é a história que a elite branca forjou para tentar
invisibilizar a luta que os negros e negras travavam contra o julgo
da escravidão, uma luta que naquela altura, fins do século XIX, já
havia lançado o sistema escravocrata brasileiro numa profunda crise.
Foram os negros, e não a princesa
Isabel representante da elite monárquica, os protagonistas da luta
contra escravidão. Centenas de milhares que se aquilombaram, que
resistiram, que sofreram com os açoites dos capitães do mato. Por
isso até hoje o movimento negro celebra o 20 de novembro, não o 13
de maio, como verdadeira data símbolo da luta negra. Luta que segue
mais atual do que nunca contra o racismo que corrói como um câncer
a nossa sociedade vitimando diariamente negros e negras seja pelas
balas da policia e dos grupos de extermínio, seja pelo abandono por
parte do Estado e dos governantes.
Após 11 anos de governo do PT os dias
melhores tão prometidos não vieram. No governo federal o partido
dos trabalhadores manteve a mesma orientação política do PSDB/DEM
e outros partidos da direita tradicional. A política econômica
continua a serviço dos banqueiros e mega empresários, investimentos
em saúde, educação, transporte e moradia passam longe de ser
prioridade. A política de segurança pública privilegia a compra
de armas, blindados, construção de presídios, uma verdadeira
guerra que todos os dias deixa suas “baixas” nas periferias das
grandes cidades brasileiras.
Na Bahia não é diferente, segundo
dados do Ipea, em 2013 ocupamos o sétimo lugar entre os Estados com
mais homicídios de negros. Para cada 100 mortes por armas de fogo no
estado, 39 são negros e 10 são brancos. Na educação também somos
os que mais sofremos com a falta de investimento, em 2010, segundo o
IBGE, 16,6% da população baiana é analfabeta, dentre essas 17,8%
são negros, 17,1% são pardos e 14,3% são brancos.
Em 2013 fomos as ruas pedindo
mais investimento na educação, saúde, transporte publico ao invés
dos gastos excessivo com a copa. Infelizmente a resposta do governo
Wagner/PT é de que não tem dinheiro, em 4 anos, por exemplo, investiu
apenas 133 milhões no setor de ensino. Em contra partida os
investimentos público na copa seguem altíssimo, a arena Fonte Nova
recebeu 323 milhões em financiamento da união. Além dos altíssimos
gastos com a copa, em detrimento da saúde, educação e transporte,
o governo vem implementando de forma ainda mais dura a faxina étnica,
com a implementação das UPPs nas comunidades.
Diante dessa realidade o que era
esperança transformou-se em indignação. Essa indignação tem levado
a explosões de ódio contra a repressão. De vários cantos do país,
todos os dias, a cada novo jovem negro assassinado a periferia se
levanta e grita Basta!
A elite brasileira, sócia menor do
imperialismo, necessita do racismo para manutenção dos seus
privilégios e do seu modo de vida bancado as custas da super
exploração do povo. De forma hipócrita dissimulam seu racismo por
trás da cortina de fumaça do mito da democracia racial, gritam bem
alto “somos todos iguais” e logo após fecham os olhos para a
faxina étnica orquestrada pelos governos que tem como alvo os jovens
negros da periferia. Jovens como Douglas, trabalhadores como Amarildo
e Cláudia, símbolos de uma realidade que precisa ser revolucionada.
Nesse 13 de maio o PSTU reafirma que a
verdadeira liberdade não será concedida de bom grado por aqueles
que nos oprimem e exploram. A verdadeira liberdade só pode ser
conquistada através da luta. Esse é o grande exemplo que nos deram
Zumbi, Dandara, e tantos outros mártires da luta negra no Brasil.
Tão certo como o verso da canção que diz “ negro é a raiz da
liberdade” acreditamos que mais uma vez repousa sobre os ombros das
negras e negros o destino da revolução brasileira.
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