segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A Justiça é cega? Breve comentário sobre a Reintegração de #pinheirinho

Texto de Jean Montezuma*
A justiça é cega. Com certeza todos já ouviram essa expressão em algum momento da vida A justiça é cega. Como assim? Perguntava-me quando mais novo. Parece contraditória tal expressão, mas é isso mesmo. A justiça é cega dizem com altivez os nobres juristas brasileiros, ela é cega porque interpreta a lei, julga e decide conforme o que rege a lei.

A justiça é cega dizem os respeitabilíssimos âncoras ético-moralistas dos mais assistidos telejornais da TV. Ela é cega porque não leva em consideração a cor da pele, a religião, ela enxerga todos como iguais perante a lei.Será mesmo?

Neste domingo 22 de janeiro de 2012 testemunhamos todo significado desta consagrada expressão. A justiça, que é cega, deveria arbitrar entre a permanência de 1.600 famílias que desde 2004 moravam no bairro do Pinheirinho na cidade de São José dos Campos e o pedido de reintegração de posse solicitado por Naji Nahas um renomado Bandido acusado por lavagem de dinheiro, desvio de verbas públicas, enriquecimento ilícito, e um longo etecetera de crimes.

De um lado trabalhadores e trabalhadoras lutando pelo básico direito a moradia, que, diga-se de passagem, deveria ser garantido por lei, do outro um bilionário criminoso exigindo a reintegração de um terreno que em 2004 estava abandonado. A justiça, que é cega, tomou sua decisão. O governador de São Paulo, o mesmo que está gastando bilhões para construir o Itaquerão para a Copa e ao mesmo tempo diz não ter dinheiro para resolver o déficit habitacional do estado mais rico do Brasil, agiu rápido. Eram 6 da manhã e 2 mil policiais do batalhão de choque escurraçaram como se fossem cachorros os moradores do Pinheirinho de dentro de suas casas.
Fico me perguntando, alguém nessa vida já viu a policia invadir a casa de algum empresário corrupto com cachorros, balas, bombas de gás lacrimogênio, batendo com o cacete em seus filhos? Pois é, isso ocorreu no Pinheirinho. O Brasil da 6ª maior economia do planeta, ainda é um país onde uma parte considerável da nação não tem onde morar, onde muitos ainda morrem por não ter o que comer. O novo Brasil que o governo diz estar construindo vê todos os anos bilhões serem perdidos através da corrupção enquanto o trabalhador “se vira nos 30” (nos trinta dias mesmo) para sobreviver com um salário mínimo de fome.

Mas este domingo 22 de janeiro não passou em vão. Neste domingo que passou, os homens, mulheres e crianças do Pinheirinho, viram que o problema da justiça não é a cegueira. O mal do qual sofre a justiça está no seu “DNA”. A justiça não é cega, a justiça é burguesa. E como burguesa que é sempre ficará ao lado dos Naji Nahas, dos Sarneys, dos Dantas, dos Pittas e por aí vai.

Neste domingo que passou as crianças e os jovens do Pinheirinho que tiveram suas vidas invadidas pela polícia, e foram jogadas na sarjeta pelo Governo; Jovens e crianças que em suas vidas desgraçadamente irão ouvir inúmeras vezes a maldita frase “ A justiça é cega” sabem agora que o melhor remédio para a “cegueira” da justiça é lutar pelo dia em que finalmente poderão colocá-la no lugar que ela merece, o banco dos réus. Neste dia não haverá liminares, não haverá Habeas Corpus, haverá justiça de classe executada através das mãos firmes da classe trabalhadora.


* militante do PSTU - BAHIA

1 comentários:

Hoje pela manhã, pensei também muito sobre a tal "justiça cega" e escrevi a postagem abaixo. Essa é realmente a triste constatação dos fatos.


O pesadelo mais leve desses sono ou apagão do corpo doente, foi com lagartas de fogo a queimarem as minhas costas.
Nunca em minha vida quero ser insensível às causas sociais. Hoje estou mal, mas muito mal mesmo, o corpo dói como se eu tivesse levado uma surra, mas o mais terrível é a depressão que me corrói a alma. Sou vítima da justiça, mas suporto meu infortúnio com esperança de solução, mas e os moradores de Pinheirinho -SJC brutalmente massacrados? A pior violência para a alma é a injustiça. Dizem que ela é cega, não ela não é cega, o julgador enxerga tudo e decide o que convém. O problema é quando seu convencimento não é por argumentos lícitos!

Leninha
Demitida Política da Petrobras no Governo Lula
Doente ocupacional grave, vítima da justiça burguesa

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