Dirley Santos, do Rio de Janeiro
Na tarde deste dia 22 de março, os nove militantes do PSTU que fizeram parte do grupo de 13 presos políticos no protesto contra a vinda de Obama ao Brasil, concederam uma entrevista coletiva no auditório do Sindjustiça, no Rio. Estiveram presentes mais de 60 pessoas, entre ativistas e jornalistas. Além da imprensa sindical e alternativa, estiveram presentes veículos como O Globo, Globo Online, G1, O Dia, Estado de S. Paulo, O Povo, Futura Press, entre outros.
O presidente estadual do PSTU, Cyro Garcia, iniciou a coletiva fazendo uma declaração política em nome do partido. Ele denunciou veementemente a violenta repressão e a farsa montada pela Polícia Militar do Rio de Janeiro, assim como o papel nefasto de veículos de imprensa, como o jornal O Globo, que durante todo o caso repetiu irresponsavelmente a versão do governo e da polícia.
Solidariedade
Cyro aproveitou também para agradecer o apoio e a solidariedade prestados pelos mais diversos setores dos movimentos sociais, que se colocaram ao lado do partido na defesa dos companheiros presos, como a advogada Fernanda da OAB, o senador Lindberg Farias (PT), os deputados Chico Alencar, Jean Willis, Janira Rocha e Marcelo Freixo, do PSOL, e Stephan Nercessian (PPS); além do Grupo Tortura Nunca Mais, de dezenas de DCE’s e CA's e muitas outras entidades.
Foi, por exemplo, a decisiva atuação dos parlamentares, feita juntamente com os advogados, que garantiu da integridade física dos companheiros e posteriormente a soltura da idosa e dona de casa Maria de Lurdes, de 69 anos, e do estudante secundarista, João Pedro, que estava isolado em um centro de triagem para menores infratores da Ilha do Governador.
Depois quem falou foi o advogado Modesto da Silveira, histórico defensor de presos políticos no Brasil que afirmou que “os presos são na verdade vítimas de todo este processo. Pois diz a constituição do Brasil que só se pode prender um cidadão em flagrante delito comprovado ou por ordem escrita de autoridade competente, o que não aconteceu neste caso”. Modesto se colocou à disposição, juntamente com Marcelo Cerqueira, outro defensor histórico de presos políticos, e disse que vai acompanhar todo o trâmite na Justiça até o arquivamento definitivo do processo.
Arbitrariedades
Rafael Rossi, professor e dirigente do Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio), e o advogado e dirigente do PSTU, José Eduardo Braunschweiger, em nome do grupo explicaram que, no momento da prisão, todos já estavam se dispersando quando foram cercados por policiais militares e levados em viatura do Batalhão de Choque para a delegacia; e que foram presos porque portavam faixas, bandeiras e panfletos.
Rafael contou ainda que, mesmo sem nenhuma comprovação de flagrante, os presos foram separados e transferidos para presídios. As mulheres, incluindo a idosa de 69 anos, foram levadas para a penitenciária de segurança máxima de Bangu 8, na Zona Oeste. Já os homens foram encaminhados ao presídio Ary Franco, em Água Santa, no subúrbio, onde todos foram obrigados a raspar a cabeça e seguir a mesma severa disciplina aplicada aos presos comuns.
A coletiva encerrou-se com o depoimento emocionante da companheira Gabriela Costa, estudante da Uerj e ativista da Anel, onde relatou que as presas mulheres ficaram em uma cela isolada das presas comuns mas que “tudo foi muito difícil pois tinha a idosa, que passou muito mal, e nosso objetivo principal era mantê-la calma até ela sair”. A coletiva encerrou-se com um chamado à continuidade da campanha, agora pelo arquivamento definitivo do processo.
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