Por Arnaldo
Freitas, ex-petista e operário de Camaçari (BA)
Hoje,
um menino chamado Vitor, veio me pedir a minha bola de futebol emprestada. Ele
queria jogar com os amigos dele na outra rua, pois eles não tinham bola. Por um
momento hesitei, quis dizer não, mas não consegui. Automaticamente veio a minha
memória meus tempos de idade daquele menino, quando queríamos uma bola pra
jogar e não tínhamos. Às vezes, juntávamos dinheiro pra comprar uma. Mesmo não
tendo lembrança do garoto, emprestei a bola pra ele. Mesmo sabendo que, talvez
ele não me devolva. Mas, de que importa ele não me devolver. Certamente, o ser
imaterial “bola” será melhor aproveitada por todos eles. Quantas vezes, queria
apenas uma bola pra jogar?
Mas,
por quê esse fato me chamou a atenção? Foi que logo em seguida um companheiro
me enviou uma mensagem informando-me que a presidenta Dilma havia sancionado a
reforma política antidemocrática e, acrescento, antiética. Nessa reforma, que
além de vetar a obrigatoriedade do voto eletrônico (contribuindo assim para
fraudes e fraudes eleitoreiras, principalmente em interiores do Brasil, onde
impera o coronelismo), inclui a desigual distribuição do tempo de TV e Rádio
para os partidos políticos. Ou seja, 90% desse tempo, será dividido entre os
partidos com representação na Câmara Federal (apenas) e 10% será dividido entre
todos os partidos (o “balaio” todo). O que inclui os partidos de esquerda
“sufocados” e plagiados. Digo sufocados porque essa é a intenção dos
“poderosos” da nação (isso inclui o PT). Digo plagiados porque até a direita
resolveu copiar o slogan “oposição a favor do Brasil” (do PMDB). Se fossem a
favor do Brasil, não permitiriam tamanha “barbárie”.
O
que me chama a atenção, não é que o PMDB, PSDB, essa corja toda, aprove essa
medida. O que me chama atenção é que o PT, que foi “vítima” desse famigerado
“golpe”, concorde com isso. Golpe, esse é o nome que deveria ser dado a essa
medida. E, “golpe duplo” (como dizia meu professor de história Nilton
Amaral). Porque foi aprovado pela
presidenta do partido que um dia acreditei que “ia mudar o mundo” (Cazuza).
Falando nisso, não me esqueço dos tempos que alimentávamos esse sonho (mudar o
mundo). Não o “mudar o mundo” do banco Itaú, que a bem da verdade o mundo que
realmente mudou e pra melhor, na nova ideologia de direita do PT, foram o dos
banqueiros. Lembro-me de quantas vezes, fiquei na estação da Lapa, em Salvador,
pra pegar o último ônibus pra ir pra casa. Pois, precisava vender todos os
broches (não sei se hoje esse é o nome), camisas, adesivos e demais
“parafernálias” do partido, acreditando que um dia esse país seria “igual” para
todos...
Infelizmente,
vi meu sonho “desabar”, antes mesmo do Lula ser eleito. Pois, os broches,
camisas, adesivos deixaram de ser vendidos e passaram a ser entregues, de
graça. E, como o partido iria se manter? Até hoje, nunca me responderam. A
única coisa que ouvi, foi a moça que ficava no balcão da nova sede (a anterior
era na Carlos Gomes, onde era mais barato), passou a ser no Politeama (onde
paga até imposto para a Igreja Católica), me dizer: “não precisa se preocupar
em prestar contas, está tudo certo. Quanto aos broches, camisas, adesivos pode
ficar para você” (não entendi e não aceito isso até hoje). Por isso o slogan
“lulinha paz e amor” (“tentei te entender, você não soube explicar, eu fiz
questão de ir lá ver, não consegui enxergar” – Paralamas do Sucesso).
Lembro-me,
com certa angústia hoje, que as minhas bandas favoritas cantavam canções que
endossavam o “sonho”: “Luiz Inácio falou, Luiz Inácio avisou: são trezentos
picaretas com anel de doutor””. Pronto! Precisa exemplo melhor! Quantas músicas
não foram censuradas e numa época que já diziam não existir censura no país. O
PT também foi vítima disso. E agora, se posiciona contra o seu próprio passado
histórico de lutas e de força política que construiu.
Só
me resta dizer: “Parabéns coronéis, vocês venceram outra vez, o Congresso
continua a serviço de vocês. “Papai quando eu crescer quero ser anão pra
roubar, renunciar e voltar na próxima eleição” (Paralamas do Sucesso).
OBS.: O menino Vitor,
devolveu minha bola a poucos instantes. Seria ótimo se esse Congresso
"maldito" se espelhasse no exemplo dele.
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