|Por Priscila Costa, da Juventude do PSTU
Bahia
Aquela
máxima baiana do “não tá fácil pra ninguém” nunca foi tão verdade nesses tempos
de crise. No início do mês passado recebi a notícia de que o grupo de pesquisa
que fazia parte iria sofrer corte orçamentário e, por consequência, perderia a
minha bolsa de estágio. Notícia dura e triste.
Outubro
pra mim começa com uma ansiedade louca atrás de vagas de estágio e a angústia
imensa que oscila num íntere de: por um lado, economizar e fazer milagre com o
pouco dinheiro que se tem e, por outro, aquela preocupação de saber que no
próximo mês não vai ter dinheiro na conta. Isso poderia ser um desabafo sobre
minhas dificuldades pessoais, mas a situação ganha um outro patamar quando sei
que esse drama não é só meu.
Tem
o pai da vizinha que foi demitido, a amiga que também perdeu o estágio, o irmão
que foi demitido e – com as reformas nos direitos trabalhistas – não teve
acesso ao seguro desemprego, dezenas de colegas formados que não conseguiram
entrar no mercado de trabalho. E o que não faltam são exemplos. É todo dia um
que vem daqui e dali.
Nenhum
desses casos são isolados. Nenhum deles é por incompetência, falta de vontade
de trabalhar ou coisa do tipo. Todos esses casos ganham forma quando olhamos os
números. E os dados são pesados. Segundo o relatório que a própria OIT
(Organização Internacional do Trabalho) publicou nesse mês de outubro, o
desemprego entre jovens no Brasil esse ano deve superar a média internacional.
Estima-se que o aumento da taxa de desemprego para aqueles brasileiros entre 14
e 24 anos deve atingir um número superior a 15,5%, enquanto a previsão
internacional é de 13,1%. [1]
Uma
das últimas pesquisas do IBGE, no primeiro semestre desse ano, já mostrava como
alta a taxa geral de desemprego em seis regiões metropolitanas do País (São
Paulo, Rio, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre) dando um salto
negativo de 6,4%. [2] Alarmantemente, entre os jovens, essa taxa foi duas vezes
e meia maior, ultrapassando os 16%. [3] Em linhas gerais, esses números ainda
são superficiais e certamente escondem uma série de nuâncias. Mas, ainda assim,
eles apontam uma situação muito nítida: quem tá pagando pela crise que estamos
vivendo é a juventude, os trabalhadores e as trabalhadoras.
Em
consonância com isso, os banqueiros e grandes empresários estão lucrando como
nunca. Pra completar, uma série de ataques aos nossos direitos estão sendo
implementadas todos os dias pelo governo e pelo congresso. Uma pior que a
outra. Para o futuro dos jovens trabalhadores brasileiros a tendência é
trabalho cada vez mais precarizado. Medidas como a PL da Terceirização, que vai
acabar com o concurso público, e as reformas na previdência que deixará cada
vez mais distante a aposentadoria, desenham essa expectativa.
Em
diálogo com o futuro incerto, a precarização também já tem reflexos no
presente. Com as reformas nos direitos trabalhistas apresentadas por Dilma no
final do ano passado, o acesso ao seguro desemprego endureceu ainda mais. Jovens
que estão nos trabalhos de maior rotatividade – como é o caso do call center e
telemarketing – são um dos setores que mais sentem e se prejudicam. Na grande
parte das vezes estão no grosso dessa fila mulheres negras e LGBTs.
A
conjuntura sofrida nos empurra para um caminho: lutar pra reverter essa
realidade perversa. A juventude e os trabalhadores não tem mais porque confiar
em nenhum desses que estão aí. Não temos mais nenhum motivo para defender um
governo nos ataca e nos dá golpes todos os dias.
Precisamos
dizer basta! Precisamos construir nas lutas, nas mobilizações e numa greve
geral as nossas próprias alternativas. Basta de desemprego! A juventude e os
trabalhadores não vão pagar pela crise! Essa conta não é nossa! Abaixo o ajuste
fiscal! Basta de Dilma, Aécio, Cunha e Temer!
Referências
[1]
Estadão In: http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,desemprego-entre-jovens-no-brasil-tem-uma-das-maiores-altas-no-mundo--alerta-oit,1776709,
acesso em 16 de outubro de 2015.
[2]
Folha de São Paulo. In:
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/05/1631804-taxa-de-desemprego-de-64-em-abril-e-a-maior-desde-2011-aponta-ibge.shtml,
acesso em 16 de outubro de 2015.
[3]
Bahia Notícias. In:
http://www.bahianoticias.com.br/estadao/noticia/83645-desemprego-ja-atinge-jovens-de-maior-escolaridade.html,
acesso em 16 de outubro de 2015.
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