domingo, 18 de outubro de 2015

Analisando essa cadeia hereditária: o índice de desemprego entre jovens

|Por Priscila Costa, da Juventude do PSTU Bahia

Aquela máxima baiana do “não tá fácil pra ninguém” nunca foi tão verdade nesses tempos de crise. No início do mês passado recebi a notícia de que o grupo de pesquisa que fazia parte iria sofrer corte orçamentário e, por consequência, perderia a minha bolsa de estágio. Notícia dura e triste.

Outubro pra mim começa com uma ansiedade louca atrás de vagas de estágio e a angústia imensa que oscila num íntere de: por um lado, economizar e fazer milagre com o pouco dinheiro que se tem e, por outro, aquela preocupação de saber que no próximo mês não vai ter dinheiro na conta. Isso poderia ser um desabafo sobre minhas dificuldades pessoais, mas a situação ganha um outro patamar quando sei que esse drama não é só meu.

Tem o pai da vizinha que foi demitido, a amiga que também perdeu o estágio, o irmão que foi demitido e – com as reformas nos direitos trabalhistas – não teve acesso ao seguro desemprego, dezenas de colegas formados que não conseguiram entrar no mercado de trabalho. E o que não faltam são exemplos. É todo dia um que vem daqui e dali.

Nenhum desses casos são isolados. Nenhum deles é por incompetência, falta de vontade de trabalhar ou coisa do tipo. Todos esses casos ganham forma quando olhamos os números. E os dados são pesados. Segundo o relatório que a própria OIT (Organização Internacional do Trabalho) publicou nesse mês de outubro, o desemprego entre jovens no Brasil esse ano deve superar a média internacional. Estima-se que o aumento da taxa de desemprego para aqueles brasileiros entre 14 e 24 anos deve atingir um número superior a 15,5%, enquanto a previsão internacional é de 13,1%. [1]

Uma das últimas pesquisas do IBGE, no primeiro semestre desse ano, já mostrava como alta a taxa geral de desemprego em seis regiões metropolitanas do País (São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre) dando um salto negativo de 6,4%. [2] Alarmantemente, entre os jovens, essa taxa foi duas vezes e meia maior, ultrapassando os 16%. [3] Em linhas gerais, esses números ainda são superficiais e certamente escondem uma série de nuâncias. Mas, ainda assim, eles apontam uma situação muito nítida: quem tá pagando pela crise que estamos vivendo é a juventude, os trabalhadores e as trabalhadoras.

Em consonância com isso, os banqueiros e grandes empresários estão lucrando como nunca. Pra completar, uma série de ataques aos nossos direitos estão sendo implementadas todos os dias pelo governo e pelo congresso. Uma pior que a outra. Para o futuro dos jovens trabalhadores brasileiros a tendência é trabalho cada vez mais precarizado. Medidas como a PL da Terceirização, que vai acabar com o concurso público, e as reformas na previdência que deixará cada vez mais distante a aposentadoria, desenham essa expectativa.

Em diálogo com o futuro incerto, a precarização também já tem reflexos no presente. Com as reformas nos direitos trabalhistas apresentadas por Dilma no final do ano passado, o acesso ao seguro desemprego endureceu ainda mais. Jovens que estão nos trabalhos de maior rotatividade – como é o caso do call center e telemarketing – são um dos setores que mais sentem e se prejudicam. Na grande parte das vezes estão no grosso dessa fila mulheres negras e LGBTs.

A conjuntura sofrida nos empurra para um caminho: lutar pra reverter essa realidade perversa. A juventude e os trabalhadores não tem mais porque confiar em nenhum desses que estão aí. Não temos mais nenhum motivo para defender um governo nos ataca e nos dá golpes todos os dias.

Precisamos dizer basta! Precisamos construir nas lutas, nas mobilizações e numa greve geral as nossas próprias alternativas. Basta de desemprego! A juventude e os trabalhadores não vão pagar pela crise! Essa conta não é nossa! Abaixo o ajuste fiscal! Basta de Dilma, Aécio, Cunha e Temer!

Referências

[2] Folha de São Paulo. In:

[3] Bahia Notícias. In:
 http://www.bahianoticias.com.br/estadao/noticia/83645-desemprego-ja-atinge-jovens-de-maior-escolaridade.html, acesso em 16 de outubro de 2015.

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