No
último dia de 3 de outubro aconteceu mais uma reunião da Coordenação Estadual
do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado da Bahia. E, diante da
intensificação da crise econômica, política e social, com fortes desdobramentos
também em nosso Estado, foi definido o conteúdo dessa declaração política.
Ao
nível nacional, vimos um aprofundamento da recessão, com a previsão do próprio
governo federal já apontando para um recuo do PIB nacional superior a 2% no ano
de 2015, e analistas econômicos da burguesia já apontam, inclusive, uma queda
ainda maior. E, o que é pior, todos já indicam um recuo em nossa economia
também no ano que vem.
Em
nosso país ainda estamos vivendo uma combinação, ainda mais perversa, entre a
recessão e um sucessivo aumento da inflação, especialmente sobre as tarifas de
água e luz, a gasolina e os produtos da cesta básica.
Já
podemos assistir às consequências dessa crise sobre os trabalhadores, a
juventude e a maioria do povo. Por um lado, crescem o desemprego e a carestia.
Por outro, aumenta a violência policial contra a população pobre e negra das
periferias das grandes cidades brasileiras, como Salvador.
Esse
cenário terrível já revela que as promessas de Dilma e do seu “Ministro
banqueiro” Joaquim Levy de que o ajuste fiscal teria resultados rápidos e que o
país voltaria logo a crescer eram mera peça de propaganda enganosa.
Na
Bahia sentimos como nunca os efeitos da crise econômica. Nos últimos 12 meses,
a atividade econômica do Estado recuou 0,3% e da Capital Salvador recuou 2,9%.
Também nos últimos 12 meses houve uma queda expressiva de 4,7% na produção
industrial da Bahia, puxada principalmente pelo recuo na produção de petróleo
(-4,8%) e seus derivados (-10,4%) e no emplacamento de automóveis novos
(-9,6%). Somente em julho deste ano, a balança comercial apontou um déficit de
6 milhões de dólares, com uma queda de 11% no volume de exportações nos últimos
12 meses.
A
consequência mais imediata da grave retração econômica pode ser sentida no
salto significativo das demissões dos trabalhadores e trabalhadoras. Somente em
julho de 2015 foram demitidos 8.207 trabalhadores e trabalhadoras, e nos
últimos 12 meses esse número já atinge 44.744 empregos a menos na Bahia. Em
julho desse ano, o setor que mais demitiu foi a construção civil, mandando para
o desemprego 2.681 operários(as), pais e mães de família, mais de 30% do total
de demissões de demissões neste mês aqui no Estado.
Infelizmente,
esses números confirmam a triste posição a Bahia como “Estado campeão” do
desemprego nacional, com um índice que já atingiu 12,7% e, nada mais nada
menos, 18% na Região Metropolitana de Salvador. E esses números, que já são
altíssimos nos dados oficiais, são na verdade muito maiores, pois as fórmulas
de cálculos do desemprego são sempre rebaixadas e imprecisas.
Toda
essa situação se torna ainda pior com o crescimento da inflação oficial, que em
Salvador já se aproxima dos 10% nos últimos 12 meses (9,56%, segundo o IPCA; e
9,41%, segundo o IPC). E todo mundo sabe que a inflação real, na verdade, é
ainda maior.
Mas
nem todos estão perdendo com a crise econômica. Estamos assistindo, em meio à
recessão na nossa economia, a um lucro recorde dos Bancos. Por exemplo, houve
um aumento de 40% no lucro somente dos 4 maiores bancos instalados no Brasil,
durante o primeiro semestre deste ano. E, mesmo com todo esse lucro
“astronômico”, os bancos já demitiram mais de 7 mil trabalhadores somente este
ano.
E
o agronegócio também está batendo recordes de produção. Enquanto todos os
setores da economia baiana estão recuando, assistimos aqui no Estado a um
crescimento, em julho de 2015, de 17,3% na produção de grãos, puxado
principalmente pela produção de soja, que cresceu 40,5% só nesse mês*.
Olhando
esses números incríveis, não é surpresa nenhuma que os banqueiros e os
latifundiários estejam fechados com o apoio ao Governo Dilma (PT), com seus
representantes diretos (Levy e Kátia Abreu) cada vez mais fortalecidos no
governo do PT.
Se
no governo Dilma, os banqueiros e os latifundiários estão “rindo à toa “, a
situação é muito diferente para a classe trabalhadora, a juventude e a maioria
do povo. Para a maioria da população, o governo do PT tem significado cada vez
mais ataques aos seus direitos trabalhistas, cortes de verbas nas áreas sociais
(como educação e saúde) e aumentos exorbitantes nas tarifas.
As
grandes empresas e bancos pressionam o governo para ampliar o ajuste fiscal, o
que vai significar mais ataques aos trabalhadores. Já está sendo preparada pelo
governo, em negociação com os empresários e a direção das centrais sindicais
governistas, uma nova reforma da previdência e uma nova ofensiva sobre os
direitos trabalhistas, como a velha política de flexibilizar as conquistas
históricas dos trabalhadores.
Os
partidos da velha direita, como PSDB e DEM, de forma oportunista buscam se
aproveitar da justa revolta da população contra o governo petista, para tentar
se credenciar para ganhar as próximas eleições e voltar a controlar o governo
federal.
Tanto
o PT e seus aliados como os partidos da velha direita, como PSDB e DEM, brigam
sempre pelo poder, fingindo estarem em lados opostos, mas são aliados para
jogar “sobre os ombros” dos trabalhadores todo o peso da crise. Ou seja, estão
sempre juntos e ao lado dos interesses dos ricos e poderosos.
Portanto,
os trabalhadores não têm nenhum motivo para defender o governo Dilma e devem se
organizar e se mobilizar cada vez mais para derrubar sua política econômica e o
próprio governo. E, da mesma forma, não devem confiar em nenhum momento na
falsa oposição do DEM e do PSDB.
A
Bahia é mais uma demonstração de que, no fundamental, esses dois setores
governam voltados para os interesses do grande capital. O Governo do Estado é
controlado há três administrações pelo PT e a prefeitura de Salvador está agora
de volta às mãos do DEM. O governador Rui Costa e o prefeito ACM Neto também
sempre brigam na aparência, mas aplicam a mesma política de privatização e de
ataques aos setores mais pobres e negros da população.
A
saída é cada vez mais construir nas mobilizações uma nova alternativa,
realmente dos trabalhadores, socialista e de esquerda, que apresente um plano
alternativo para tirar nosso país da crise. Um plano que comece por apontar as
verdadeiras causas da grave situação que vive a nossa economia, que são os pagamentos
dos juros e amortizações da dívida pública, que já foi paga há muito tempo, e
que anualmente levam praticamente metade de todo o orçamento da União, para
enriquecer ainda mais os banqueiros nacionais e internacionais. Somente
acabando com essa verdadeira “sangria” anual do dinheiro público para os bolsos
dos banqueiros, poderemos garantir de fato, saúde, educação, empregos e moradia
para os trabalhadores e a maioria da população.
Portanto,
precisamos intensificar as nossas ações e mobilizações. Por isso, foi muito
importante a realização da Marcha dos Trabalhadores e Trabalhadoras, que levou
mais de 15 mil à cidade de SP e, no dia seguinte, a realização do Encontro dos
Lutadores e Lutadoras, que definiu um programa da classe trabalhadora contra a
crise e um calendário de mobilização. A realização desses dois importantes
acontecimentos se transformou em um ponto de apoio para a organização da
continuidade de nossas mobilizações no próximo período. Nesse sentido, aqui no
Estado, apoiamos a iniciativa da CSP Conlutas de construção de um calendário de
mobilização nos Estados/Regiões, durante o mês de outubro.
Não
nos interessa atrelar as nossas mobilizações nem ao governo Dilma, como fazem
as direções da CUT e da CTB, nem atrelá-las à falsa oposição da velha direita,
como faz a Força Sindical. Chamamos também a direção nacional do PSOL e de
importantes movimentos sociais, como o MTST, a abandonarem seu bloco com as
organizações que defendem o governo Dilma e unificarem as ações com a CSP
Conlutas e as entidades que organizaram a Marcha do dia 18 de setembro. Se
realmente defendem “uma saída pela esquerda para o Brasil”, devem construir uma
alternativa realmente independente e contra esse governo do PT, que tanto ataca
a nossa classe e a maioria do povo, e também contra a falsa oposição dos
partidos da velha direita (PSDB / DEM).
Nas
próximas semanas, a construção dessa alternativa passa centralmente por apoiar
ativamente a greve dos bancários em todo o país, e aqui na Bahia também,
defendendo que esse movimento seja construído no sentido de enfrentar de frente
a política econômica anti-trabalhador e o governo do PT. E, da mesma forma,
apoiar as mobilizações e paralisações dos petroleiros, organizados pela
Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), rumo a uma greve geral da categoria.
Vamos
colocar “o bloco dos trabalhadores” na ruas contra o Governo de Dilma e contra
os partidos da velha direita, apoiar a greve dos bancários e a luta dos
petroleiros e construir fortes mobilizações no mês de outubro. Esse é o nosso
desafio e o nosso compromisso!
Salvador, 3 de outubro
de 2015.
Coordenação Estadual
do PSTU / BA
*A
maioria dos dados foram encontrados no Boletim de Conjuntura Econômica da Bahia
de Agosto / 2015, produzido pela Superintendência de Estudos Econômicos e
Sociais da Bahia (SEI), órgão do próprio Governo do Estado
3 comentários:
encontra a saúde no país e o abandono total da educação desde os níveis básicos até o ensino superior.Não dá mais para aceitar isso calados. Que se faça valer a democracia e colocar esse tipo de político fora do poder.
encontra a saúde no país e o abandono total da educação desde os níveis básicos até o ensino superior.Não dá mais para aceitar isso calados. Que se faça valer a democracia e colocar esse tipo de político fora do poder.
encontra a saúde no país e o abandono total da educação desde os níveis básicos até o ensino superior.Não dá mais para aceitar isso calados. Que se faça valer a democracia e colocar esse tipo de político fora do poder.
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