ACM Neto: o que as pesquisas não dizem, a realidade nos conta

No “reino” do prefeito “Netinho” Salvador é vendida como a cidade do turismo, como diz o ditado popular, pra “inglês vêr”

Governador Rui Costa (PT): caviar para a classe média e os turistas, lata de sardinha para os trabalhadores

O governador do PT declara que é preciso criar linhas especiais para atender um setor da classe média que não se sente atraída pelo transporte coletivo de Salvador.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

FEIRA DE SANTANA: R$3,10 é absurdo! Não ao aumento da tarifa!



|Nota da Comissão Municipal PSTU Feira de Santana

Após ter levado o sistema de transporte público da cidade ao caos, o prefeito José Ronaldo (DEM) teve a insensatez de propor um novo aumento da tarifa de ônibus, que passará de R$2,70 para R$3,10. O aumento de 14,81% está muito acima da inflação oficial e dos reajustes obtidos pelos trabalhadores no último período. A proposta inicial da Prefeitura foi um aumento ainda maior, de 18%, o que levaria a tarifa para R$3,18! O objetivo do prefeito é colocar na conta dos trabalhadores a falência do atual sistema de transporte, o Sistema Integrado de Transporte (SIT), e favorecer a lucratividade das empresas de ônibus, com o argumento da substituição da frota, que seguirá insuficiente.

Outro absurdo foi o conselho municipal de transporte ter sido convocado em pleno recesso escolar e universitário, com reunião às portas fechadas e acesso controlado pela guarda municipal e forte esquema de segurança da Polícia Militar, numa clara demonstração do caráter autoritário e antipopular da medida e o medo da revolta popular.

Motivos para a revolta não faltam. Há apenas cinco meses, Feira foi notícia nacional pela situação caótica a que chegou o sistema de transporte. A população ficou sem ônibus por 10 dias, revelando o colapso total do SIT e as relações escusas mantidas pela prefeitura com as empresas que formavam o Sincol. Essas empresas continuavam operando na cidade, ano após ano, descumprindo a legislação, com contratos vencidos, mantendo nas ruas sucatas ambulantes sem qualquer segurança e conforto, deixando de recolher o FGTS dos rodoviários e tantos outros absurdos, como os recorrentes adiantamentos de recursos do vale transporte feito pela prefeitura para a caixa sem fundos do Sincol.

Somos contra o aumento da passagem!
A população não agüenta mais aumento de tarifa e os péssimos serviços. Os maiores prejudicados são os trabalhadores, a juventude, a população pobre das áreas periféricas da cidade, majoritariamente negra, que vivem o sufoco diário de ônibus velhos, superlotados, que demoram a passar. Sem falar daqueles já excluídos do acesso por conta da tarifa muito cara.

Transporte coletivo não é mercadoria, é um direito e assim deve ser encarado. Sem mobilidade não podemos ir à escola, ao trabalho, aos centros de saúde ou aproveitar os espaços de cultura e lazer (por sinal, escassos na cidade). A privatização do sistema só serve ao lucro dos empresários, à corrupção e não garante um serviço de qualidade para aqueles que dependem do ônibus para ir e vir na cidade.

Por isso defendemos o passe livre para estudantes e desempregados, rumo à tarifa zero; que o serviço seja operado por uma empresa estatal, controlada pelos trabalhadores e usuários; prioridade para o transporte coletivo, com mais investimentos para ampliar a oferta e a qualidade de ônibus nos bairros populares e distritos.
Nesse sentido, o BRT, projeto concebido sem discussão com os trabalhadores e estudantes e sem o debate necessário sobre o planejamento da cidade (PDDU), vendido pelo prefeito como a solução para os problemas de mobilidade (já ouvimos essa conversa do mesmo José Ronaldo em relação ao SIT...), não resolverá nossas questões, pois foi pensado para atender aos interesses dos empresários da cidade e dar lucros às empresas de ônibus.

É preciso barrar esse aumento!
A tarefa agora é barrar esse aumento. Precisamos de toda a unidade da juventude e dos trabalhadores para lutar contra o arrocho de Zé Ronaldo, que se associa aos demais ataques aos trabalhadores para fazer o ajuste fiscal dos governos e das grandes empresas e bancos.

O PSTU propõe a formação de fóruns democráticos e de luta contra o aumento da passagem, por passe livre para estudantes e desempregados, contra o BRT de José Ronaldo e a retirada das árvores do centro da cidade. Defendemos a estatização do sistema de transporte coletivo, sob o controle dos trabalhadores e usuários.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Sobre o cartaz racista da prefeitura de Santo Amaro

|Por Jean Montezuma, de Salvador (BA)

A prefeitura de Santo Amaro, cidade do Recôncavo baiano, postou ontem, 12 de janeiro, no seu perfil oficial no facebook um cartaz de divulgação da Lavagem da Purificação, tradicional festa da cidade que mobiliza a população todos os anos. A postagem causou impacto imediato pois transformou-se instantaneamente em mais um triste exemplo de como o racismo está enraizado em nossa sociedade.

O cartaz chama atenção por representar na sua ilustração apenas pessoas brancas, maioria loiras, um convite direcionado centralmente para os turistas. Só tem um “pequeno” problema, Santo Amaro é uma cidade de maioria negra, que fica no Recôncavo baiano, onde no passado as fazendas que produziam cana e tabaco movidas a mão de obra negra escravizada tiveram um papel determinante para a própria formação da cidade e para a economia da Bahia.

A presença negra hoje e no passado de Santo Amaro é algo que não pode ser de modo algum negligenciado. Ou a prefeitura esqueceu o papel dos negros e negras de Santo Amaro e de todo Recôncavo na luta pela independência da Bahia e do Brasil? Ou a prefeitura também esqueceu da contribuição negra a cultura da cidade? Esqueceu do samba de roda, das irmandades e que, acima de tudo, a própria festa da Lavagem da Purificação tem uma profunda identidade com os negros e negras que com ela contribuíram ao longo de gerações?

Ao que nos parece toda essa contribuição dos negros não tem a menor importância para prefeitura. Em sua resposta as críticas feitas por diversos internautas a assessoria de comunicação da prefeitura conseguiu piorar ainda mais as coisas. Vejamos o que disseram: “Não existe racismo ou preconceito algum. Todo radicalismo e extremismo perde a razão no momento que você desrespeita a visão do outro. Pense ao contrário, se o cartaz fosse apenas com pessoas negras, as pessoas brancas poderiam se sentir ofendidas e fazer a mesma critica que você? Somos contra qualquer tipo de preconceito, racismo, estereótipo, ofensas, radicalismo e extremismo. Respeitamos sua opinião, entretanto, você deveria ter mais cuidado ao julgar pessoas, instituições e o governo municipal como preconceituoso. Em nosso município, Estado e país, somos uma linda mistura de raças e cores”.

Essa declaração absurda que não consegue reconhecer aquilo que parece óbvio, absoluta negação de representatividade e invisibilidade do povo negro da cidade, está amparada no perverso mito da democracia racial. Por isso, a assessoria se sente à vontade para dissimular dizendo que não há racismo pois vivemos numa cidade, estado e país onde há uma “linda mistura de raças e cores”. E vão além, acusando de racistas aqueles botam o dedo na ferida e denunciam o racismo. Tiveram a coragem de indagar aos internautas como os brancos se sentiriam vendo um cartaz apenas com negros, sugerindo que da parte de quem criticou o cartaz haveria uma espécie de “racismo reverso”.

Esses tipos de argumentos não são novos, são parte do “clássico arsenal” de quem sustenta que o racismo no Brasil só existe na cabeça dos negros e negras, que vivemos numa democracia racial, e que as diferenças entre brancos e negros no Brasil de hoje não tem nenhuma relação com a formação histórica do país. Nós pensamos o contrário, nos somamos aos negros e negras e aos setores do movimento que denunciaram esse absurdo. O racismo é um mal que se manifesta todos os dias com as mais variadas formas indo desde a violência policial - não nos faltam tristes exemplos desse verdadeiro genocídio praticado pelo Estado através da policia contra a juventude negra - até situações como esse cartaz que nega aos negros e negras o básico direito de se sentirem representados.

O que fez a prefeitura de Santo Amaro, que é dirigida pelo petista Ricardo Machado, é racismo sim, e a argumentação feita pela sua assessoria só reforça essa violência. Como uma vez disse a psicanalista, escritora e militante Neusa Santos, ser negro no Brasil é um “tornar-se negro”. Com ela concordamos porque num país onde o racismo é tão cruel que até o direito a identidade nos é negado, assumir, reivindicar e lutar pela valorização da nossa negritude é também um ato de resistência.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

A crise hídrica em Itabuna: quando a água deixa de ser um direito e passa a ser mercadoria

|Por Davidson Brito, militante da juventude do PSTU Itabuna
Foto: www.pimenta.com.br
A crise da água deixou de ser uma ameaça e já é uma dura realidade para a maioria da população em Itabuna. Durante algum tempo, acompanhamos pelos mais diversos meios de comunicação do sul da Bahia os rios Almada, Colônia e Cachoeira pouco a pouco secarem. O governo municipal, bem que tentou esconder a atual situação.

A crise já afeta toda a região sul baiana, causando uma situação de verdadeira emergência. Nas últimas semanas o prefeito Vane do Renascer declarou estado de emergência na cidade devido à seca. O decreto foi assinado no dia 02/12/15. Segundo a Defesa Civil municipal, quase 40.000 pessoas são afetadas diretamente pela estiagem no município.

O governo municipal de Vane (PRB) e Wenceslau (PCdoB), por sua vez, continua negando a verdadeira realidade. E quando fala sobre o colapso culpa a falta de chuva e o calor excessivo. Se por um lado é verdade que há uma estiagem, por outro, o governo de Itabuna e a Empresa Municipal de Águas e Saneamento, a EMASA, já sabiam a muito tempo dos perigos de uma seca que pudesse levar o sistema de abastecimento à falência. A falta de chuva não explica tudo.

Chuvas, secas ou outros fenômenos naturais, não dependem de nós, mas podem ser previstos, ter seus efeitos minimizados e até evitados. Se o consumo aumentou, acompanhando assim o crescimento populacional, o mesmo não aconteceu com os investimentos no setor. E isso se dar, porque a EMASA nos mais diversos governos se tornou na verdade uma grande manobra para acordos políticos, que diga-se de passagem, na maioria das vezes vão na contramão dos interesses da maioria da população.

Água não é mercadoria: NÃO a privatização da EMASA!
O acesso à água é direito humano fundamental, pois se trata de um patrimônio da humanidade e constitui o princípio da vida em nosso planeta. Transformar água em mercadoria é deixar na mão dos grandes empresários a decisão de dar ou não acesso à água tratada às pessoas. O governo deve garantir o abastecimento deste recurso.

As grandes empresas de saneamento foram criadas pelos governos, pois o investimento para construí-las é muito grande e o retorno lento. Por isso, nenhum grande empresário participaria deste negócio. No entanto, assim que as empresas começam a funcionar os empresários logo iniciam conversas com os governos para extrair o maior lucro possível delas, exigindo sua privatização.

O resultado da onda de privatizações das companhias públicas de saneamento é que hoje, segundo a própria Agência Nacional de Águas, 55% dos municípios brasileiros poderão ter déficit no abastecimento em 2015. Nada menos que 84 % precisam de investimento para adequar seus sistemas de abastecimento e 16% precisam de novos mananciais. Seriam necessários R$ 22,1 bilhões em investimento para reverter essa situação.

No meio de uma crise de água causada pelo governos municipal, que não ampliou a captação de água e que ainda perde 50% da água que é distribuída devido à falta de investimento nas redes. O governo Vane/Wenceslau apresentou recentemente um Plano Municipal de Saneamento Básico que embora não traga o termo “privatizar”, deixa bem nítida a intenção de trazer o setor privado para dentro da EMASA através das já conhecidas Parcerias Público-Privada.

A prioridade do governo nunca foi garantir um serviço de qualidade à população, mas sim proteger os interesses de uma minoria. Por isso, nunca investiu o quanto se deveria investir no setor. E essa mesma realidade se reproduz nos outros estados onde as companhias de água ou já foram privatizadas ou estão nesse mesmo caminho.

Economizar é a solução?
A verdadeira solução é colocar a EMASA em ordem e investir de fato no setor! Para o governo e a câmara de vereadores, a solução para a crise da água é a população economizar. Às vezes chegam ao absurdo de defender o aumento do preço da água. É fato que temos que usar a água com responsabilidade, mas o que eles escondem é que o consumo residencial de água representa um pequeno percentual da água consumida.

As indústrias, por exemplo, utilizam máquinas e técnicas ultrapassadas que consomem muito mais água. Em busca do lucro máximo não investem em técnicas mais eficientes. Uma medida simples a ser adotada seria o reuso da água, que poderia acarretar em uma redução de até 40% no volume de água captada. O governo deve pressioná-las a racionalizar a produção e dar um basta a todas as “regalias” concedidas.

A obra inacabada da barragem do rio Colônia é outro problema que prejudica o abastecimento de municípios da região cacaueira, entre eles, Itabuna. Já foram investidos mais de R$ 32 milhões na primeira etapa, que teve início em outubro de 2012, e há dois anos a construção está parada. Sem a barragem, mais de 220 mil habitantes de Itabuna sofrem com a falta de água, além de outras cidades da região.

Caso estivesse pronta, a barragem teria capacidade para armazenar 62 bilhões de litros d'água, só que desde setembro de 2013, a obra está parada. Revelando assim, o verdadeiro caráter do governo estadual no que se refere à busca por soluções do abastecimento hídrico no sul da Bahia.

Rui, Vane e Wenceslau e toda a câmara de vereadores, estão todos juntos para atacar o povo pobre de Itabuna! Ao invés de exigirem que a população pobre de nossa cidade economize em detrimento da venda de carros pipa para uma minoria da população que pode pagar pela água, deveriam investir de fato no setor e fazer com que, eles, os verdadeiros culpados paguem pela crise.

E como anda a qualidade da água?
Em outros países, o cloro foi sendo abandonado no tratamento da água desde 1980. Hoje ele já foi eliminado. O motivo é que o cloro reage com substâncias naturais, como a decomposição de plantas e materiais de origem animal, normalmente presentes na água para criar trihalometanos (THM). Estes THMs desencadeiam a produção de radicais livres no organismo, são altamente cancerígenos, e causam danos celulares.
Atualmente, usa-se o ozônio e o hidrogênio para o tratamento de água, pois são mais eficientes e não são cancerígenos. A EMASA continua usando o cloro simplesmente porque é mais barato. Quanto ao flúor trata-se de um elemento tóxico, lixo industrial das fábricas de fertilizantes, que há cinco anos também vem sendo eliminado dos sistemas da água tratada dos países desenvolvidos.

Segundo pesquisas, causam problemas ósseos, nas articulações, e em crianças no desenvolvimento do cérebro. A fluoretação é a medicação em massa da população sem a necessária pesquisa científica para medir as conseqüências. O governo deve oferecer é assistência odontológica gratuita à população e retirar o flúor da água.

Meio ambiente, desmatamento e falta de água
A poluição dos rios e o desmatamento são os piores de todos os desperdícios de água. Em Itabuna, o sistema sanitário é precário, fruto de uma falta adequada de planejamento urbano, além disso, o esgoto é jogado diretamente no rio Cachoeira sem receber o devido tratamento. Este esgoto é um dos principais causadores da morte de peixes no rio. Este tipo de poluição também causa o mau cheiro e o desenvolvimento de microrganismos nos rios, facilitando a proliferação de doenças em casos de enchentes.

Os produtos químicos que muitas indústrias despejam na rede de esgoto e nos rios também provocam a morte de peixes e de outros tipos de vida que costumam habitar as águas do rio. Embora esta prática seja crime ambiental no Brasil, ainda é muito comum, principalmente, em municípios onde a fiscalização do poder público não existe ou é ineficiente.

A poluição do rio também é provocada pelo lixo sólido, principalmente doméstico, que é descartado dentro do rio. Com o tempo este lixo vai se acumulando, provocando o assoreamento do rio. Quando ocorrem chuvas de grande intensidade, a vasão do rio diminui e provoca alagamento nas margens, causando enchentes e graves prejuízos para as pessoas que moram nas proximidades.

Além desses problemas, o rio Cachoeira tem na falta de preservação do seu manancial outro grande problema. As matas ciliares foram todas retiradas. É preciso que se faça um programa na região, junto ao Comitê de Bacias do Leste (que cuida da bacia do Cachoeira, do Almada e do Rio Una), para um projeto que seja capaz de discutir a segurança da água. Isso, para nos anteciparmos a qualquer crise hídrica que possa acontecer.

A EMASA deve investir no tratamento do esgoto doméstico, fiscalizar o tratamento dos resíduos industriais e construir campanhas de conscientização junto à população!

Um programa para enfrentar a crise
– Por uma EMASA 100% pública sobre controle dos trabalhadores! NÃO a privatização! 
– Formação de um comitê com movimentos sociais, sindicatos e comunidades atingidas pela falta de água;
– Por um Plano Municipal de Saneamento Básico construído com a participação popular;
– Convocação de concurso público para EMASA e exoneração de todos os cargos de confiança;
– Plano de expansão da captação de água para outros mananciais; 
– Investimento na eficiência do sistema para reduzir perdas, que hoje chegam a 50%;
– Pesquisa emergencial que viabilize captação de água: plano de perfuração de poços, redes de reuso, captação de água da chuva, etc;
– Fiscalização das indústrias e metas de diminuição do consumo;
– Criação de unidades de conservação para recuperação dos rios e mananciais.

sábado, 12 de dezembro de 2015

Cunha e Elinaldo, os amigos de ACM Neto


|Por Jean Montezuma, da direção estadual do PSTU/BA

É amplo entre os trabalhadores um sentimento de repulsa aos políticos tradicionais. Esse sentimento tem origem na constatação de que a “politicagem” é feita por pessoas que tem como único objetivo ter acesso ao poder e dele obter privilégios. A corrupção no Brasil promove todos os anos um desvio de dinheiro público que varia de 1 a 2% do PIB, ou seja, de 40 até 60 BILHÕES de reais.

Conscientes de toda a rejeição que os escândalos sucessivos de corrupção despertam na população, muitos políticos tentam forjar uma auto imagem de “paladinos da moral e dos bons costumes”. No âmbito nacional a direita do PSDB/DEM se esbaldou com o escândalo do mensalão e agora com a Lava-jato tenta descarregar toda fatura da corrupção no PT. Por sua vez o PT fala do mensalão tucano em São Paulo, das privatizações a preço de banana dos mandatos de FHC e vários outros exemplos. De ambos os lados a ficha a corrida é bem longa, no entanto cada lado alimenta contra o outro uma indignação seletiva com o intuito de capitalizar politicamente em proveito próprio.

Exemplo interessante é o do prefeito de Salvador, ACM Neto. Sempre que possível Neto da declarações políticas onde acusa hipocritamente o PT pela montanha de escândalos de corrupção. Porém, quando denúncias de corrupção surgiram na sua gestão tratou de fazer uma operação abafa, evitando uma apuração independente e empurrando a sujeira pra debaixo do tapete. Não satisfeito ACM Neto declarou semana passada que o foco dos parlamentares do DEM e do PSDB deve ser o impeachment da Dilma, e não o processo de cassação de Eduardo Cunha. Isso mesmo! Enquanto acompanhamos dia após dia Eduardo Cunha manobrar para evitar que o parecer que pede sua cassação seja votado, ACM Neto defende que o foco não deve ser caçar o mandato e colocar esse bandido na cadeia. ACM Neto é um #amigodeCunha.

Ontem, foi a vez de outro amigo do prefeito de Salvador protagonizar um escândalo de corrupção. O vereador de Camaçari Elinaldo Araújo, do mesmo partido de ACM Neto e pré-candidato a prefeitura de Camaçari, foi preso na câmara municipal da cidade. Após quebra de sigilo bancário e telefônico de Elinaldo o ministério público autorizou sua prisão com a acusação de formação de organização criminosa e enriquecimento ilícito da ordem de 5 milhões de reais. Sobre a prisão de Elinaldo, ACM Neto disse que se tratou de “ uma grande armação “ e que foi “uma grande injustiça contra ele”. Se voltarmos um pouco no tempo recordaremos que ACM, o avô, foi forçado a renunciar seu mandato de senador por causa de denuncias de corrupção que envolviam tráfico de influência e adulteração do painel de votação do senado.

Também não concordamos com ACM Neto quando o mesmo diz que “o PT é o partido da corrupção no Brasil”. Essa declaração é uma meia verdade, portanto também metade falsa. Sim, o PT buscou governar em aliança com a direita e se tornou também um reprodutor das suas velhas práticas, entre elas a corrupção. É uma vergonha ver a militância petista nos movimentos sociais tentando justificar o envolvimento do seu partido com o mensalão ou a lava-jato. Não há como defender o indefensável! Por outro lado os trabalhadores não podem se deixar comover nem por um segundo com a cínica indignação seletiva da direita. Não há um partido da corrupção no Brasil, nessa lama todos os grandes partidos estão envolvidos, em especial o PT, o PMDB, o DEM e o PSDB.

Isso é assim porque o próprio sistema político do Brasil favorece a perpetuação da corrupção. Políticos são eleitos após campanhas financiadas aos milhões pelas empresas. Depois nos seus mandatos beneficiam essas mesmas empresas com contratos que jogam nos seus cofres rios de dinheiro público. Evidentemente que no meio disso tudo tiram a sua parte, a famosa “comissão”, um dinheiro sujo que em geral vai parar em contas secretas em nome de laranjas, ou em paraísos fiscais como a Suíça.

Repudiemos a corrupção sem seletividade e segundas intenções! Que todos os corruptos e corruptores vão para a cadeia e seus bens sejam confiscados como forma de devolver aos cofres públicos o dinheiro desviado. Mais isso não basta, é preciso mudar o sistema político brasileiro pondo um fim no financiamento privado de campanha que alimenta a máquina da corrupção. Indo além, somente um governo dos trabalhadores independente dos patrões vai poder por um fim na corrupção. Um governo que não use do Estado como balcão de negócios dos empresários e da política como uma forma de “se dar bem”, mas sim comprometido em fazer da política um meio para mudar verdadeiramente pra melhor a vida das pessoas.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Ajuda do governador Rui Costa (PT) para os brigadista da Chapada Diamantina é insuficiente

|Por Jeferson Silva, de Ibicoara, Chapa Diamantina

Há mais de três semanas a região da Chapada Diamantina, no estado da Bahia, está enfrentada o pior incêndio desde 2008. É possível que se torne o pior de sua historia. As cidades de Lençóis, Palmeiras, Mucugê e, principalmente, Ibicoara, cidade onde está passando o momento mais critico das queimadas.

Em Ibicoara o incêndio começou desde dia 28, chegando a Mucugê e parte do distrito de Cascavel, município de Ibicoara. No dia 4 de novembro, o fogo se alastrou pelas serras do povoado de Vânia. No dia 8, chegou ao povoado de Campo Redondo, conhecida como “Serra de Águia”, que teve suas serras afetadas pelo fogo. Uma neblina ajudou os brigadistas no combate às chamas. Dia 16, o povoado de Baixa Dantas foi a vitimas das chamas.

Além do corpo de bombeiros de Feira de Santana, Vitória da Conquista e Salvador, também ajudam no combate ao fogo a brigada federal Previfogo Roseli Nuves, as brigadas municipais Bicho do Mato, ACVIB e Radical Chapada, e brigadistas voluntários de Barra de Estiva e Fazenda Igarashi de Cascavel.  O governo do estado da Bahia colaborou com um helicóptero e dois aviões de combate ao fogo, mas a ajuda é insuficiente, muitos brigadistas que têm poucas habilidades de sobrevivência é que estão sendo os grandes responsáveis na operação.

Municípios de Lençóis e Palmeiras também são atingidos pelos incontáveis focos de incêndio, sobretudo na região do “Mucugêzinho”, chegando ao famoso Morro do Pai Inácio e o Vale do Capão, no município de Palmeiras. Em Mucugê, apesar das chamas terem iniciado ainda na segunda-feira, dia 16, foi na terça que elas ganharam maiores proporções, segundo informou a Secretaria do Meio Ambiente do município.

Conforme a secretária do Meio Ambiente de Mucugê, Meirilan Aline Santos Machado, o incêndio é estimado em uma extensão de 30 km seguidos. "O vento aqui está muito forte, o sol quente e a vegetação bastante seca, o que facilita a expansão do fogo", explica a secretária. O fogo também está destruindo os Parques de Lençóis, Palmeiras e se alastrando em Cidades como Barra da Estiva, Boninal e Seabra.

O Governo da Bahia diz que está enviado ajuda. O secretário de Meio Ambiente da Bahia (Sema), Eugênio Spengler, e o comandante do Corpo de Bombeiros, Francisco Telles, embarcaram na tarde do sábado, dia 14, para a Chapada Diamantina, com o objetivo de acompanhar de perto a situação dos incêndios florestais. Segundo Spengler, o trabalho que vem sendo desenvolvido pela equipe do ‘Bahia sem Fogo’ ganhará reforços com a contratação de mais duas aeronaves modelos Air Tractor, que já foram enviadas para Lençóis e a contratação de mais três carros pipas.

 “Até o momento o governo já investiu mais de seis milhões em contratações de equipamentos como: aviões, helicópteros, vans, ônibus, pagamentos de diárias, e demais materiais necessários para o funcionamento de toda a operação”, afirmou. “Estamos dedicando o maior número de esforços para que possamos debelar os incêndios, o mais rápido possível, pois as queimadas trazem prejuízos, não só ambientais, mas também para a saúde pública e para a economia do Estado”, acrescentou Spengler.

Mas essa ajuda não é reconhecida pelos moradores que estão apagando o fogo dessas cidades. Muitos reclamam da falta dos aviões da Força Área Brasileira (FAB), afirmado pelo governador Rui Costa (PT), ainda os brigadista estão pedindo doações, principalmente em entidades da capital, em Salvador.

Ainda não temos informações de que esses incêndios podem ser criminosos, movidos por pequenos ou grandes fazendeiros ou efeitos naturais. Segue a lista dos locais para contribuir com ajuda aos nossos brigadistas:

Objetos:
Água potável; lanternas; pilhas (AA e AAA); botas (podem ser usadas); macacões de obra; ferramentas de corte (foices, facões, serra,...); alimentos não perecíveis; cordas.

PONTOS DE COLETA NA UFBA (em Salvador):

POLITÉCNICA
Horário: 09h30min às 12h; das 15h às 17h. Sala da SPE, 3º andar. Falar com Beatriz Medeiros.

BIBLIOTECA CENTRAL
Horário: 14h às 18h. Falar com Rebeca Vicente.

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
Horário: o dia inteiro. Sala do DAFONO, 5º andar. Falar
Marília Leite. Tel. (71) 98523-6532

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
Horário: o dia inteiro.

Além disso, pode realizar doações em dinheiro nas seguintes contas bancárias:

BANCO DO BRASIL
Brigada de Resgate Ambiental de Lençóis
CNPJ: 07.087.037/0001-48
Agência: 0251-8
C/C: 12619-5

BRADESCO
Associação de Condutores de Visitantes do Vale do Capão
Agência: 1087.
Conta Pouçança: 4078-9
CNPJ: 04131046/0001-09

Acompanhe nossa luta pelo Facebook:

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Domingo (15/11), mulheres vão às ruas contra Eduardo Cunha e o PL 5069 em Salvador

Manifestantes exigem “Fora Cunha” e denunciam retrocesso nos direitos das mulheres

Em várias partes do país, organizações, movimentos, coletivos, com as mulheres à frente, estão ocupando as ruas contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e seu Projeto de Lei 5069/2013 que dificulta ainda mais o atendimento às mulheres vítimas de estupro. Em Salvador, novo protesto pelo ‘Fora Cunha’ e contra o retrocesso nos direitos das mulheres está marcado para domingo, 15/11, às 15h, no Campo Grande.

“Estamos ocupando as ruas do País lutando pelo arquivamento do PL 5069/13 e pelo ´Fora Cunha’. O projeto apresentado pelo presidente da Câmara é mais um que ataca direitos dos trabalhadores e do povo pobre, especialmente as mulheres negras da periferia. O PL 5069 prevê nada menos do que a proibição da pílula do dia seguinte, exige o boletim de ocorrência para que o medicamento seja ministrado às mulheres vítimas de estupro, pune trabalhadores da saúde que orientam sobre o abortamento e dificulta o procedimento legal de aborto em vítimas de estupro. Ainda criminaliza todos os que defenderem a legalização do aborto como uma medida de saúde pública ou como um direito da mulher, por considerar tal ato uma incitação à violência. Isso é um absurdo”, afirma Gabriela Mota, da Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (ANEL).

Keila Fernanda, diretora do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos da Bahia (Sincotelba) e do Movimento Mulheres em Luta (MML), ressalta que no Brasil as mulheres jovens e negras são as principais vítimas da violência sexual. “Nós, as mulheres jovens e negras, somos as que mais sofremos com medidas que restringem o direito ao nosso corpo. Esse direito já é violentado cotidianamente pelo Estado que não garante nossa proteção e pelos inúmeros casos de assédio que acontecem nas ruas, nas escolas, nos centros de trabalho, no transporte público. Sem falar que, segundo o Mapa da Violência 2015, entre 2003 e 2013, o número de homicídios de mulheres negras subiu quase 20%, enquanto o de mulheres brancas caiu perto de 12%. O PL 5069 afeta mais a nós mulheres jovens e negras porque a violência já nos afeta mais no dia a dia”, disse.

Gabriela Mota destaca que a luta das mulheres é contra Cunha, mas também contra Dilma e a oposição de direita. “A presidente Dilma joga contra as mulheres. No meio da crise econômica e política atual, cortou o orçamento da Secretaria de Políticas para as Mulheres pela metade. E a fundiu com outros dois ministérios. Além disso, ampliou a presença do PMDB de Cunha no primeiro escalão. Isso significa que Dilma desprotegeu as mulheres e abriu espaço para os setores conservadores. Sem falar que o deputado Padre Ton (PT-TO) assina o PL 5069 junto com Cunha. Por isso, para nós da ANEL, a luta contra o PL 5069 exige uma luta contra o Cunha, o governo Dilma e a oposição de direita. Para que o arquivamento do projeto seja vitorioso, para que se punam os estupros e não as mulheres, é preciso ecoar nas manifestações pelo Fora Cunha, o Basta Dilma, Temer e Aécio. Nenhum está interessado em defender as mulheres trabalhadoras”, concluiu.

Esse será o segundo ato pelo ‘Fora Cunha’ e em defesa dos direitos das mulheres que acontecerá em Salvador. O primeiro ocorreu no dia 31 do mês passado e reuniu quase mil pessoas.